PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil
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terça-feira, agosto 22, 2006

PADRES JOSÉ E PELEGRINO: OS CONTADORES DE CAUSOS

Igreja São José, onde os padres José e Pelegrino celebraram suas últimas missas

Os padres José Maria Carneiro de Lima, e seu irmão Pelegrino, foram daquelas figuras que jamais serão esquecidas no Acre. Suas estórias e, principalmente seus sermões nas missas de domingo, lotaram a pequena igreja do município de Plácido de Castro, durante mais de 40 anos.

Padre José era irmão mais novo e mais extrovertido. Pelegrino, mais sério, sisudo, tinha como doutrina o conservadorismo da igreja católica. José e Pelegrino, da Ordem Servos de Maria, morreram na década de 90, suas estórias, entretanto, continuam vivas nas mentes e corações de milhares de acreanos que conviveram com eles por mais de quatro décadas.

Nascidos no interior do Ceará, José e Pelegrino, ainda adolescentes, decidiram pela vida religiosa e os ensinamentos de Jesus em ajudar os mais necessitados. Depois de concluir o curso de Teologia na capital cearense, seguiram para a Itália terminar os estudos de formação em padre. Durante a Segunda Guerra Mundial, retornaram ao Brasil optando pela cidade de Plácido de Castro, um pequeno povoado no interior do Acre, para viverem a vida sacerdotal.

Os dois irmãos não eram difíceis de serem identificados em meio a uma multidão. Desde quando foram ordenados padres no Vaticano, nunca mais deixaram de usar a batina preta. Não usavam outra vestimenta, fosse para rezar uma missa, casamento, batizar, cultivar a terra, caçar ou pescar. A mesma roupa vestiam para uma simples reunião com agricultores, como para encontros com o Papa em Roma. Os amigos mais próximos dos sacerdotes afirmavam que José e Pelegrino dormiam com a roupa de trabalho.

José e Pelegrino se gabavam de serem excelentes caçadores. Não só de fiéis, mas, de animais da mata também. Caçavam por prazer, diversão. À época não havia o Ibama para pegar no pé de ninguém. Durante as desobrigas nos seringais, algumas duravam meses, os sacerdotes não deixavam escapar uma boa caçada. Os animais abatidos serviam de alimento na casa onde estavam hospedados. O clima por onde passavam era sempre de muita alegria. A missão deles era levar a palavra de Deus aos seringueiros, casar e batizar seus filhos, enfim, ensinar a mensagem da paz e amor ao próximo, mesmo quando esse próximo estivesse o mais distante possível.

Aos domingos a igreja estava sempre lotada de fiéis para ouvir o sermão da semana. Em vez do sermão de praxe, contavam em detalhes as caçadas que haviam feitos durante o período das desobrigas. Nos detalhes, eles aumentavam um pouco de tudo. Se um veado pesava 20 quilos, faziam questão em afirmar que ultrapassava aos 80 ou 100 quilos. Chegaram a contar certa vez que com apenas um tiro de espingarda mataram dois animais ferozes. Essas estórias ninguém discutia. Imagine discutir a caçada dos padres.

Histórias de caçadores
Além de caçadores, José e Pelegrino tinham a fama de grandes contadores de estórias. Numa dessas caçadas, conta padre Pelegrino, passava pelo meio da mata quando escutou uma marchinha de carnaval: “o jardineira porque estás tão triste mas o que foi que aconteceu”, após alguns segundos a música repetia a mesma frase. O padre, curioso como de costume, se aproximou e desfez o mistério: um pedaço de disco com músicas de carnaval embalado pelo vento, fazia contato com um espinho e fazia a música tocar.

Numa outra caçada, padre José afirmava que seus dois cães de caça não conseguiam encurralar uma paca para ser abatida. Depois de uma hora de muita correria, o caçador avistou rapidamente que a paca tinha oito pernas, isto mesmo, oito patas. Desse jeito, os cães com apenas quatro patas, nunca iriam pegar aquele animal estranho. José pensou, pensou e pimba: encontrou a solução. Chamou os dois cães e amarrou um de costas no outro. Assim, quando um cachorro estivesse cansado dava um pulinho, se virava no ar, e o outro continuava a perseguição. Dito e feito. Em menos de meia hora a paca estava no jamaxi do padre.

Em outra oportunidade, José e Pelegrino foram chamados às pressas para uma reunião com o bispo em Rio Branco. Os dois tinham um jipe velho que utilizavam nos trabalhos religiosos na zona rural. Apressados entraram no jipe e saíram quase voando pela a estrada que à época não tinha asfalto. Contam eles que, numa curva muito fechada quase cometem um grave acidente. Por conta da alta velocidade do jipe, ao fazer a curva, tiverem muita sorte de não bater na placa traseira do próprio jipe que dirigiam. Escaparam do acidente por milagre.

Mestres da comunicação
Causos a parte, José e Pelegrino foram os maiores comunicadores na vida sacerdotal e no serviço de evangelização da Amazônia e do Acre. Nos seringais, nas colônias, onde estivessem, incorporaram o espírito da humildade para se comunicar. Com muita sapiência souberam se aproximar e evangelizar um povo falando das coisas da floresta, dos problemas do dia-a-dia. Trouxeram para junto de si a cultura do homem amazônico e, através dessa cultura, geraram mitos na construção do caminho entre o homem e Deus.

Esses dois sacerdotes dedicados e atenciosos com os mais necessitados, devem estar alegrando o céu com essas e outras estórias dos seringais da Amazônia. Uma Amazônia que conheceram como ninguém, desde os mistérios da mata, os rios como o Abunã, seringueiros e ribeirinhos. Levaram consigo para o céu, os segredos de sua gente e os encantos da floresta que tanto amaram. Eles foram e deixaram saudades, muitas saudades.

sexta-feira, agosto 18, 2006

SAMAIPATA: MUSEU VIVO DOS ANDES

Em 1992 tive o prazer de fazer uma viagem pela Bolívia e conhecer o Museu Arqueológico de Samaipata, distante 120 quilômetros de Santa Cruz de La Sierra, rumo a Cochabamba. Um museu a céu aberto de rara beleza, e como tudo que é belo, de muito mistério, encravado nos pés da Cordilheira dos Andes.

Na localidade onde nasce a Cordilheira dos Andes, a paisagem cruceña, normalmente plana, torna-se pitoresca com colunas verdes cobertas de diferentes árvores floridas, de acordo com a estação do ano. O povoado de Samaipata se encontra cerca de dois mil metros acima do nível do mar. O museu mais ainda.

Na cidadezinha há uma igreja cujo altar, talhado em pedra, data de 200 anos d.C., ou seja, mais de 1.800 anos de construção. As ruínas arqueológicas de Samaipata estão há dois quilômetros antes do povoado e são chamadas de “El Fuerte”, com data de 500 anos d.C., sendo um dos complexos arqueológicos mais importantes da Bolívia e da América Latina.

Quem desejar visitar as ruínas tem que sentir afeição ao esporte, para poder escalar o cume das montanhas por um caminho um tanto difícil, mas prazeroso ao final da subida. A caminhada começa num pequeno salto de água chamado de “El Chorro” sobre a estrada, cerca de 13 quilômetros antes do povoado.

Uma vez chegado ao cume, a vista não tropeça mais em nenhum obstáculo abarcando um vasto panorama de picos, ladeiras e montanhas, formando uma paisagem difícil de descrever em papel.

Baleia gigante
Descendo em direção ao sol nascente, a cobertura da terra vegetal de repente se rasga, revelando o dorso nu de uma rocha acinzentada como o lombo de uma gigantesca baleia, esculpida numa superfície de uns 200 metros de comprimento por 60 de largura. A beleza da escultura revela uma infinidade de talhas perfeitas, parecendo feitas por mãos divinas.

Do cume tem-se a ligeira impressão de que o monumento foi feito para contemplar das alturas os astros e o universo. Parece que os picos e as montanhas não se atreveram a desafiar o vertical para tirar a beleza do mistério divino do nascimento da Cordilheira.

Descrever com precisão as figuras e talhados desta colossal arquitetura transbordaria a intenção deste breve artigo, de forma que enfocarei apenas o superficial de seus elementos mais significativos.

Seguindo em direção Oeste há uma rocha que tem a figura mais espetacular de todo o complexo. Lembra uma serpente cascavel cortada em três fileiras intercaladas com mais de 30 metros de comprimento aproximadamente. Sem dúvidas, aquela rocha está relacionada com o ancestral costume do culto à mãe natureza.

Traços da cultura Inca
Os administradores de Samaipata afirmam que a construção do “El Fuerte” tem participação do povo Inca. As similares estruturas foram encontradas próximo à cidade peruana de Cuzco e em outras comunidades andinas. Assim se confirma a orientação da cobra cuja cabeça aponta 22 graus Sul do ponto cardinal Oeste, o que coincide com a saída do sol no dia 21 de dezembro, correspondente ao dia mais longo do ano.

Outra estrutura de muita relevância, mais adiante, é o “Oráculo dos Sacerdotes”. Trata-se de duas fossas talhadas na Rocha-Mãe. O círculo externo tem 18 bancadas alternando-se simetricamente triangulares e quadrangulares. No entanto, no círculo interior existem somente nove pequenos bancos retangulares em sentido oposto.

Esta misteriosa “mesa redonda” era destinada à mais alta hierarquia. Um lugar de reunião reservado aos máximos dignitários políticos ou sacerdotes da época. É impossível descrever com detalhes a incrível confusão de bancos, lugares, figuras, fossas, orifícios, escadarias, canais, relevos etc., que existem na rocha, parecendo feitos obedecendo a um plano mestre.

Pelo lado Norte da rocha, se destaca a construção de cinco grandes sepulturas primorosamente esculpidas e cobertas devido sua importância. Ao Sul, talhados na mesma base da principal, se encontra uma longa fileira de sepulturas duplas de feitura similar às do Norte, possivelmente lugares destinados a assentos de ídolos ou objetos de culto. A fila de sepulturas termina com algumas portas fechadas, de maior tamanho, que parecem terem formado parte das antigas câmaras habitacionais, conhecidas como “Casa dos Sacerdotes”.

O forte de Samaipata, como produto natural do passado, é um triunfo da inteligência humana sobre a caprichosa natureza. Para mim, conhecer as ruínas arqueológicas deixadas pelos Incas na Bolívia, foi mais que um prazer: foi sentir o encontro do homem atual com os mistérios do ontem, de um ontem, que já vai longe.

terça-feira, agosto 15, 2006

ROCK DE FRONTEIRA

Texto: Carlos Eduardo Oliveira
Foto: Edison Caetano

Rock no Acre? À primeira vista, é algo que parece tão surreal quanto surfistas esperando por um bom swell nas praias do Piauí. Vitimado por um injusto apartheid sociocultural em relação ao resto da nação, o simpático estado que um dia já foi território boliviano acaba de ganhar sua chancela roqueira. Que o digam as recentes e elogiadas apresentações do quarteto Los Porongas, da capital Rio Branco, em festivais indies como o último MADA (Natal/RN) – no qual entraram desconhecidos e saíram como revelação do evento –, e também o Bananada (Goiânia/GO).

“O Los Porongas é a banda mais pronta da atual cena independente do país”, elogia Terence Machado, apresentador do programa Alto-Falante (Rede Minas), que viu os dois shows. “Eles têm um pé nos anos 90, mas ao mesmo tempo são ointentistas, têm poesias e ótimas letras. Mas são puro rock’n’roll, a guitarra lembra Radiohead, o show é muito redondo e a impressão é que já são profissionais”.

Para quem não esteve lá, a audição do EP Enquanto Uns Dormem, lançado meses atrás pelo selo Catraia Records (catraiarecords@gmail.com), conduz à (para usar a terminologia acreana do santo-daime) “miração”: estamos mesmo diante de uma das mais promissoras banda da atual safra. “Temos uma coisa a nosso favor: a baixa expectativa. Ninguém bota fé numa banda do Acre e isso é bom”, ri Diogo Soares, 24 anos, vocalista e principal compositor.

Com três anos de estrada, o quarteto (João Eduardo, guitarra; Márcio Magrão, baixo; e Jorge Anzol, bateria) filtra com excelência um leque de influências que resulta em rock, digamos, autoral, com letras acima da média, mas sem “cabecismos”; com “pegada”, mas sem abrir mão da melodia (artigo em falta na praça, aliás).

“Temos todas as influências que um cara que monta uma banda em Londres ou São Paulo tem: punk, pós-punk, Beatles, flower power, acid rock, trip hop, Muse, Radiohead, MPB. Mas o jeito que a gente lê isso é completamente diferente. Afinal, estamos numa cidade que cresceu em cima da floresta, de seringais e de rios amazônicos”, analisa o batera Anzol.

O próprio nome reforça a identidade: poronga é uma espécie de luminária à base de querosene que o seringueiro ainda hoje usa adaptada à cabeça para ter as mãos livres e ao mesmo tempo iluminar seus trabalhos nas primeiras horas do dia. E o “Los” remete aos eflúvios andinos das fronteiras com o Peru e a Bolívia.

Que ninguém espere, entretanto, pop com sotaque regional – caso do mangue beat nos anos 90, por exemplo. “A influência das raízes acreanas é conceitual, não musical. O que não podemos esquecer é que pode até ter cara de rock inglês, mas está sendo feito na Amazônia”, enfatiza Diogo, dono de registro musical vocal seguro e letras inspiradas.

“Antes de formar a banda, já escrevia poesia, influência da minha mãe. Ela lia (Pablo) Neruda e Clarice Lispector para mim e meus irmãos quando éramos crianças. Hoje, gosto de Thiago de Melo e da força lírica do Manuel Bandeira”, revela. “Mas uma vez um fotógrafo me disse que suas principais influências ‘fotográficas’ eram Jimi Hendrix e Dostoievski. Nunca entendi disso”.

Caso tipificado dos novos tempos virtuais em que o acesso à informação aniquila a exclusão, o Los Porongas produziu Enquanto Uns Dormem por conta própria – e ai reside outra virtude, já que a sonoridade do trabalho não passa despercebida. “Aqui no Acre faltam produtores e técnicos, então entramos no estúdio e gravamos intuitivamente, do jeito que achávamos que devia ser. Mas sabemos que podemos render bem mais nas mãos de um produtor”, diz Anzol.

Agora, em busca da devida “iluminação” para sua carreira, os Porongas vão morar em São Paulo. Antes, porém, finalizam em Brasília a gravação do primeiro álbum, pelo selo Senhor F, cuja produção é de Philippe “Plebe Rude” Seabra, que não economiza afagos ao quarteto. “Estou encantado com eles. Não adianta o disco ser bom se o show não pegar, se a banda não tiver faísca. O Los Porongas tem”.

Reportagem da revista Bizz, edição 204, agosto de 2006

segunda-feira, agosto 14, 2006

PRÊMIO PINÓCHIO

Começou a sessão baixaria na televisão. De Norte a Sul do País a televisão será invadida por seres estranhos chamados de candidatos. Não se assuste caro leitor, muitos aparecem de quatro em quatro anos, outros de dois em dois. O linguajar utilizado para pedir o voto do eleitor é bastante diversificado. Alguns tentam se mostrar inteligentes. Soltam uma verborragia tão complicada que nem ele sabe o que fala. Outros não conseguem lembrar o próprio nome na hora da gravação, preferem dizer apenas: MEU NÚMURO É...

Não só de baixaria vive o horário do TRE. Há também o lado cômico. São candidatos que aparecem na TV como múmias, não falam nada, às vezes nem piscam os olhos. Os outros falam por ele. Mas estão lá, acreditam piamente que serão eleitos pela contagem que faz dos amigos, familiares e admiradores. Chegam até a comentar a quantidade de votos que terá nas urnas. Depois da eleição vem a sessão do choro. Os candidatos derrotados não entendem por que as urnas lhe traíram.

O horário político tem seu lado positivo. Menino danado fica de cabelo em pé, caso seja punido por alguma traquinagem, de ser obrigado a assistir os candidatos pedindo voto ou explicando seu programa de trabalho na televisão. É uma verdadeira tortura, mas funciona. Muito engraçado também é ver o candidato relatando sua história de vida e porque deve ser eleito. Choram lágrimas de crocodilos quando lamentam as desgraças que a vida lhe pregou. MEU NÚMURO É...

Tem ainda os candidatos que querem levar vantagem em tudo. Chegam a fazer discurso em velório de desconhecido afirmando que era seu melhor amigo. Tendo crise de choro, conforta a família do defunto com palavras da Bíblia, dando certeza que o morto já está ao lado de Deus e, que a morte foi o chamado do Pai Eterno para uma vida melhor. Não perdendo a oportunidade distribui santinhos, pede voto e promete passagem para o céu depois de eleito.

Certa vez um candidato ia passando por uma rua quando percebeu um aglomerado de pessoas. Era um acidente de trânsito. Pensando rápido, correu em direção ao amontoado de gente na tentativa de ganhar alguns votos com seu ato de solidariedade. Chegou gritando: “parente da vítima, parente da vítima”. Com a gritaria as pessoas abriram espaço para o candidato solidário. Para o espanto do candidato, o acidentado não era uma pessoa, era um burro que fora atropelado por um carro. O “parente da vítima” saiu de fininho sob gargalhadas das pessoas que estavam no local.

Candidato é tudo igual, só muda de endereço. As mentiras, por outro lado, evoluíram muito. Certa vez Monteiro Lobato disse que uma nação se faz com homens e livros, mas no período eleitoral, pode-se afirmar que um país se faz também com caras-de-pau e mentirosos. Nunca se mente tanto nessa época, até parece que vivemos num eterno primeiro de abril.

São mentiras para aumentar a credibilidade em torno de personalidades que não merecem mais o mínimo respeito por já terem mentido tanto ao povo e ao país. São as mentiras deslavadas, deletérias, com segundas e terceiras intenções para ludibriar a opinião pública. Mentiras com desfaçatez para obter dividendos políticos, ganhar eleições, se manter no poder e ironicamente se fazer parecer que é correto, honesto e leal, quando quem o diz é exatamente o contrário.

Como institucionalizaram a mentira, só falta criar o decreto da mentira, já que quem mente neste país não é punido, pelo contrário, é premiado. Devia ser criada a medalha de honra ao mérito Pinóchio, para agraciar os maiores caras-de-pau do ano. A entrega do troféu deveria durar um mês diante de tanta gente agraciada.

sábado, agosto 12, 2006

A FORÇA DO RÁDIO NO SERINGAL

"Atenção, atenção senhor Antônio, conhecido por Antônio Canela Fina, que mora no seringal Sovaco da Onça, colocação Oco do Mundo. Sua mulher avisa que chegou na cidade hoje pela manhã. Avisa ainda que seu pai que veio se curar da malária foi atropelado. Quebrou as duas pernas, os braços, furou um olho, teve caganeira no hospital, continua com três cruzes de malária, mas passa bem. Por motivo de força maior ela pede que mande numerário pois não sabe quando vai voltar para o seringal. Ela pede que não esqueça de dar comida para as galinhas, o papagaio e os cachorros. Por favor, quem ouvir esta mensagem retransmitir ao destinatário. Abraços da esposa Hermelina".

A mensagem, um tanto trágica e cômica, faz parte do cotidiano dos funcionários da Rádio Difusora Acreana, carinhosamente chamada de Voz das Selvas, a mais antiga do Acre. O rádio para seringueiros e ribeirinhos funciona como internet na selva amazônica. É através dele que as pessoas se mantêm atualizadas sobre o mundo, mandam mensagens para parentes e amigos e ouvem música. No seringal pode faltar tudo, menos as pilhas que alimentam a caixinha de barulho.

Em 2002, o professor Francisco de Moura Pinheiro, o Dandão, fez um excelente trabalho sobre os impactos da comunicação de massa na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, no Acre. Ouviu depoimentos sobre a importância do rádio na região e colheu mensagens que expressam a cultura no nosso povo caboclo. Veja algumas:

“Atenção Manoel Ribeiro da Silva e Artemisa, no seringal Cachoeira, colocação Chora Menino. Jurandir Dionísio avisa que sua mãe foi operada e passa bem, graças a Deus. Aguarde novos avisos, amanhã, nesse mesmo horário. Abraços do pai amigo”.

“Atenção Neusa, na Estrada de Boca do Acre, ramal 75. Seu irmão, Antônio Gomes pede mandar os meninos apanhá-lo amanhã. O mesmo viaja no ônibus das seis horas. Vai com a Gercina. Abraços”.

“Atenção Tonico, na colocação Paxiubal. Sua irmã Mundoca pede para vir hoje ou amanhã, a fim de pegar umas encomendas, pois não quer mandar por outras pessoas. Caso não tenha o dinheiro da passagem, peça emprestado. Não é pra faltar. Abraços”.

As mensagens vão ao ar todos os dias no início da tarde. Sem medo de errar, o programa que tem o nome de Correspondente Difusora, é o mais ouvido na selva amazônica. Para mandar uma mensagem o usuário paga uma pequena quantia por cada vez que for lido o seu recado.

O seringueiro não vive sem o rádio. Quando se levanta para o trabalho por volta das três horas da manhã, a primeira ação é ligar o radinho para lhe fazer companhia durante a preparação do café e da comida que irá levar para a mata. Enquanto quebra o jejum, geralmente uma refeição com carne de caça, ele escuta solitariamente, uma música alegre que lhe conforte o coração. Depois de sair de casa só retorna no final da tarde para dar continuidade ao fabrico da borracha. O homem da floresta leva uma vida solitária na labuta diária. O rádio funciona como um grande companheiro nas horas de dor e alegria.

Na pesquisa, Dandão pincelou que apesar desses fatos reais e, provavelmente, irreversíveis, entretanto, ainda há muita utopia no que se pensa e no que se diz sobre inúmeros aspectos do conhecimento humano. Da Amazônia, por exemplo, não são poucos os que ainda a vêem com olhos semelhantes aos dos povos do século XVI, quando se pensava que na região se escondiam deslumbramentos, exotismos e maravilhas irreais. A Amazônia, sob esse prisma, se transformou no signo de uma fantasia sediada na natureza. E, como tal, muitos dos discursos sobre a região, até hoje, expressam a ilusão de um outro mundo.

quinta-feira, agosto 10, 2006

DA SERINGA À COCA-COLA

GISELLE LUCENA

Conheça a história do aposentado que saiu dos seringais de Sena Madureira às salas da diretoria de uma empresa multinacional.

Ele passou 12 anos trabalhando pelos seringais de Sena Madureira. Começou aos 20, quando deixou o Ceará e veio para o Acre. Era 1943, quando muitos fizeram esse percurso em busca de melhores condições de vida. Guanabara, Sacado, Santa Clara e Arial foram os seringais por onde Milton Lucena, hoje com 80 anos, passou. Nesse último, foi onde ele conheceu Dona Odete, com quem casou e teve cinco filhos. “Foi o melhor presente que Deus poderia me dar”, disse.

Logo depois de casado, Lucena fez uma viagem ao Rio de Janeiro, em visita à tia de Dona Odete. Lá, ele avistou uma promoção de meias de nylon - novidade na época, principalmente no Acre. Foi então que ele trouxe vários pares. “Vendi todas, e com essa venda, consegui custear as despesas da viagem”, conta.

A partir daí que ele começou a gostar da vida de comerciante e resolveu montar uma padaria. “Em pouco tempo ganhei mais dinheiro do que no seringal, não tem comparação”, afirma. Logo, ele resolveu levar a família para Manaus, onde comprava as mercadorias para vender em Sena Madureira. “Por quatro anos trabalhei em uma padaria, comprava produtos em geral, na época chamada de estiva, e as vendia aqui”, explica.

Em Manaus, Milton Lucena comprava os produtos de uma panificadora de Antonio de Andrade Simões, presidente da Coca-Cola. “Eu comprava produtos dele, e trazia para cá, até que ele me deu importância e me convidou para ser sócio da Coca-Cola. Primeira vez que teve Coca-Cola aqui fui eu que a trouxe”, afirma.

Em 1977 foi construída uma fábrica de Coca-Cola em Rio Branco e Milton Lucena recebeu o convite para ser diretor. Trouxe a família de volta, construiu um estabelecimento no centro de Rio Branco e se estabilizou. Apesar de trabalhar na empresa de refrigerantes, continuou investido em seu comércio e construiu um “armazém de secos e molhados”.

Após 30 anos trabalhando na Coca-Cola, resolveu abandonar a diretoria da fábrica. “Queria investir no meu armazém, mas tinha que cumprir expediente na fábrica, não dava, preferi sair”, revelou. Vendeu as ações que tinha, construiu um prédio de apartamentos e, hoje, apesar de ser aposentado pelo INSS, continua trabalhando em seu próprio comércio: um conhecido estacionamento, também armazém, localizado no centro de Rio Branco.

Boas lembranças
Milton Lucena, que começou a trabalhar com 20 anos, passou por cinco profissões e continua a trabalhar aos 80, educou seus filhos com muita rigidez e perseverança.

Avaliando o mercado de trabalho atualmente, Lucena aponta tristes mudanças. “Hoje é tudo muito diferente. No seringal não tinha desemprego, não tinha quem ficasse em casa, não havia esta onda de drogas, bebedeiras. Nesses 12 anos de seringal, só me lembro de duas mortes por violência, hoje isso acontece todos os dias”, disse.

Além disso, Milton revela que fez tudo com grande satisfação, se dedicou para trabalhar da maneira que podia e queria. “Agora, só quero continuar com boa saúde para trabalhar por mais tempo”.

quarta-feira, agosto 09, 2006

ECOLOGIA NO LIXO

O que era para ser o mais importante parque ecológico do Acre, com 34 hectares e mais de 100 espécies da flora tropical, hoje não passa de um projeto abandonado e destruído pela ação do homem, sem compromisso com o meio ambiente. Criado no início da década de 90, o Parque Ecológico Plácido de Castro recebia dezenas de turistas diariamente em busca do contato direto com a natureza. Infelizmente, o pequeno santuário ambiental acreano não sobreviveu a má administração do prefeito Luiz Pereira e sucumbiu com a incompetência do poder público. Na memória fotográfica do parque, uma mensagem era clara: “Daqui nada se tira, apenas fotografias. Nada se deixa, apenas pegadas. Nada se leva, apenas boas lembranças”.

Além de ponto turístico, o parque era destinado para fins científicos, culturais e recreativos, possuindo inúmeras espécies da fauna e da flora regional. Entre as árvores, muitas de porte majestoso, destacavam-se: castanheiras, seringueiras, angelim, catuabas, bacabas, mogno, cacau silvestres e patoás. Animais silvestres passeavam entre os visitantes, assim como pássaros brincavam de sinfonia musical durante todo o dia. A satisfação dos turistas era percorrer as trilhas ecológicas em companhia da mãe natureza.

No parque havia floresta de capoeira alta e floresta tropical aberta com palmeiras. O ecossistema aquático é formado pelos igarapés Alvoredo e Visionário que cortam e delimitam parte da área. Uma das atrações que chamava atenção era uma réplica da Casa do Seringueiro, com defumador e todos os apetrechos usados na extração do látex e sua transformação em borracha. Ao redor, pequenos chapéus de palha, proporcionavam melhor conforto ao turista.

O município de Plácido de Castro, distante 97 quilômetros da capital Rio Branco, era para ser uma importante opção de turismo ecológico na Amazônia. Primeiro, por ser vizinho da zona de livre comércio boliviana denominada Montevidéo. Segundo, por estar situado às margens do rio Abunã, um dos mais belos e piscosos daquela região. Um passeio de canoa pelo Abunã para observar os botos cor-de-rosa, que fazem do rio seu paraíso, é uma das atrações que deixam os turistas extasiados com a dança dos golfinhos de água doce.

Revitalização do parque
O prefeito Paulinho Almeida bem que poderia revitalizar o parque, assumindo a responsabilidade de desenvolver uma política ambiental voltada para a atividade do turismo ecológico. O projeto, bem planejado, pode trazer à população local benefícios amplos, como oportunidade de diversificação e consolidação econômica, geração de empregos, conservação ambiental, valorização da cultura, conservação e recuperação do patrimônio histórico.

Dados da Organização Mundial do Turismo (OMT) estimam que 10% das pessoas que viajam pelo mundo são ecoturistas. No Brasil, pressupõe-se que o ecoturismo alcance meio milhão de turistas, por ano.

Isto é o que diferencia o ecoturismo de outras formas de se fazer turismo. Pode-se dizer que o ecoturismo é mais um conceito de viagem do que um produto de turismo, pois traz consigo uma filosofia de vida que tem como princípio orientador de sua prática a preservação do patrimônio histórico, cultural, natural e humano. É um turismo diferenciado, de pessoas cujo objetivo é interagir com o ambiente e com as comunidades envolvidas em tal ambiente. Quando se fala em ecoturismo, refere-se à sustentabilidade, autenticidade e originalidade dos meios visitados. Pense nisso, prefeito Paulinho Almeida.

terça-feira, agosto 08, 2006

O SERINGUEIRO E O PANEMA

Os mistérios da floresta vêm sendo estudados há centenas de anos por pesquisadores, estudiosos, mas de longe, muito longe, estão difíceis de serem decifrados seus enigmas. Entre eles está o panema, cujo sintoma está mais para uma maldição na vida de seringueiros que caçam e pescam para alimentar as famílias. Panema é uma palavra de origem tupi para coisa ruim. Os sintomas são falta de ânimo, azar, má pontaria, cansaço, preguiça. Para evitar o panema o seringueiro deve tomar uma série de cuidados.

Para evitar que um caçador pegue o terrível panema, as mulheres não podem pegar nas armas de caça nem varrer a casa, quando o caçador vai sair para caçar. Quando estão grávidas ou menstruadas são tidas também como panema. Todos os preconceitos se originam do mito de que a caça é uma atividade masculina. Mulher pescar menstruada nem pensar. Dizem que quando pescam menstruadas atraem o boto que fica rodeando o barco e algumas vezes chegando a alagá-lo.

Muitos caçadores entram na mata imitando o animal que querem caçar e para tanto usam técnicas especiais para que não sejam percebidos por suas presas. Eles sabem que estão sujeitos a vários ataques de animais ferozes na forma de acidentes naturais e também na forma de ataques mágicos. Quando o caçador retorna para casa com o animal que matou para alimentar a família, é preciso todo um tratamento especial na transformação da carne em comida. Caso o animal seja tratado por uma mulher grávida ou menstruada, o caçador pega o panema. O tratamento desse problema é mais difícil do que se imagina.

Muitos seringueiros com panema colocam o sumo de uma folha chamada churrô nos olhos para enxergar melhor na mata e acertar a caça. O cipó do churrô também pode ser usado para fazer defumação, usando o tipi (planta) e pêlos de porco, veado, anta e outras caças. Misturam tudo, colocam pimenta e fazem uma fogueira. O caçador, seus instrumentos e o cão de caça permanecem por longo tempo na fumaça. Além da defumação, para tirar panema, usam o pião roxo. Com ele a mulher bate no homem, proporcionando-lhe mais sorte na caçada.

O homem da mata também usa a urtiga (folha) e a formiga tucandeira para acabar com o panema. A urtiga é aplicada nos braços dos homens antes de sair para a caçada. No caso da tucandeira, a formiga serve para um teste. Se o caçador que for picado não sonhar com o sucesso na caçada seguinte está com panema.

Existe ainda o tratamento do panema com tiros. O caçador ao encontrar na mata uma espécie de palmeira chamada paxiúba, deve observar se ela está barriguda, isto é, esteticamente ela apresenta uma saliência muito parecida com uma mulher grávida. Ele deve dar um tiro na barriga da palmeira. Esse método, entretanto, tem conseqüência: se o responsável pelo panema do caçador for uma mulher grávida, com certeza ela sofrerá aborto. É preciso muito cuidado.

Índios da Amazônia também reconhecem o panema. Para acabar com o problema os indígenas usam a secreção de uma rã conhecida por eles como sapo Kambô, considerado um animal mágico da floresta. Além do panema, a secreção do Kambô é utilizada também no combate à preguiça, mal-estar, úlceras, tuberculose e outras doenças.

Pelo sim, pelo não, panema não existe somente na floresta, está presente também nas selvas de pedra. Só que o tratamento, no considerado mundo civilizado, é outro, bem diferente.

segunda-feira, agosto 07, 2006

É CANTANDO QUE A GENTE SE ENTENDE

Mesmo morando longe do Acre não consigo ficar em paz se não souber o que está acontecendo diariamente naquele pedaço de chão abençoado por Deus e bonito por natureza. Todos os dias, como se fosse um ritual, entro nos jornais diários e fuço a comunidade blogueira acreana para saber as novidades. Numa dessas fuçadas soube notícias do velho amigo Sérgio Souto, um dos maiores compositores do Brasil e acreano do pé rachado, lá de Sena Madureira, a cidade do mandim. Morando no outro extremo do Brasil, (Rio de Janeiro) Sérgio, o Souto, nunca abandonou suas origens seringueiras.

Sérgio é daqueles camaradas que, como cantou Milton Nascimento, “a gente guarda do lado esquerdo do peito” com muito orgulho e prazer. Foi nesses encontros que tivemos em Rio Branco, na década de 90, que proseamos sobre um pouco de tudo: música, poesia, Amazônia, nossa aldeia...

Como bons discípulos de Baco, nossos papos noturnos sempre foram regados de uma boa “loira gelada” e companhia de grandes amigos. Não esqueço, certa vez depois de um show no Teatrão, saímos para a noite jogar conversa fora e admirar as belezas do nosso lugar. Aquela noite, literalmente, foi uma criança para os amantes da boemia que tinham tanto para falar de amor e poesia.

Lembro que naquela noite tínhamos a companhia do poeta e compositor, Paulo César Pinheiro e, do violonista Maurício Carrilho, que vieram do Rio de Janeiro fazer o show “É cantando que a gente se entende”, título do novo CD que Sérgio Souto havia acabado de lançar no Acre. Ainda fazendo parte da mesa estava Luis Celso, carioca de boa cepa, que à época era delegado executivo do Sesc. A noite não poderia ter sido melhor.

Tempos depois Sérgio Souto me procurou para fazer as fotos que iriam ilustrar seu novo CD que estava sendo produzido no Rio de Janeiro. De pronto aceitei a tarefa marcando o dia para captar imagens que interagissem o artista e seu lugar. Com duas câmeras fotográficas, trabalhando com diapositivo e negativo, passamos um dia inteiro passeando pela nossa aldeia, tendo como barulho mais comum o disparo de mais uma imagem congelada do homem, seu violão e a natureza, nossa fonte principal de inspiração.

Após mais de oito horas de cliks fomos bebericar umas e outras na casa de Ilzamar Mendes, viúva do ecologista Chico Mendes, sua amiga particular desde a década de 80. Depois de um bom papo com Ilzamar e as crianças Sandino e Elenira, fomos terminar a cerveja na varanda da minha casa.

Passados vários meses Sérgio Souto me telefona avisando que o CD estava pronto e o lançaria no Acre o mais breve possível. Fiquei alegre com a notícia, mais ainda porque meu trabalho fotográfico estaria naquela nova obra musical.

Quando encontrei Sérgio, um mês depois, tive uma grande surpresa. A foto que ilustrava a contra-capa do CD era dele sim, mas segurando uma garrafa de cerveja Antártica. Perguntei o que havia ocorrido com as fotos que fizemos. Ele me disse: “as fotos ficaram boas mas não pagavam os custos finais do CD”. Está certo, disse a ele, e saímos para papear e tomar algumas no Casarão.

Minha aldeia
Sérgio Souto e Amaral Maia

Terra da graça. Sol da Amazônia
Seio da vida, hossana
Mística flor cristalina
Índia menina.
Pele de mel transparente
Alma, calor, corpo quente
Raça de muita fé e paixão
Minha aldeia.

Rasgando a noite o luar prateia
As águas turvas do rio
Mágica luz dançarina
Planta latina
Prima do verde selvagem
Irmã de todas as estrelas
Filha de paiquerê todo ser
Minha aldeia.

Ponta da Pátria que Tupã clareia
Ave nativa verdade
Da fruta doce que invade
Os teus quintais.
Serena mata brilhante
Berço de pura semente
Sangue no coração, muito amor
Minha aldeia.

Ipurinã chamou Aquiri
E viu o céu beijar Juruá
Chama da liberdade
Nunca vai se acabar
Em Xapuri cantou Jaçanã
Iara ouviu em Tarauacá
Santa mãe natureza
Nunca vai se acabar.

sexta-feira, agosto 04, 2006

APOCALIPSE DA MORTE

É engraçado como as novelas nos trazem lembranças, sejam elas boas ou más. Foi exatamente num dia desses que a gente chega mais cedo em casa e tem o prazer, ou desprazer, de assistir a programação da dona Globo no horário nobre da televisão brasileira. Na novela Páginas da Vida vi uma cena que me arremeteu a um acontecimento sombrio e triste na porta de um hospital em Rio Branco.

Estava eu, minha mulher e meu filho que tinha menos de um ano de idade (vítima de paralisia cerebral), num certo dia, em 1996, na porta do hospital Santa Juliana, que pelo nome católico deveria ser mais sensível à situação humana, nos demonstrou a história ao contrário, desumana. Lá ficou claro que se o paciente não tiver plano de saúde, ou acesso às mínimas vagas oferecidas pelo SUS, vai morrer à míngua sem dó nem piedade.

Escrevo isso porque quando vi cenas desumanas de uma atriz atuando como freira na novela, meu coração se revoltou com as lembranças de um passado não muito distante, que até hoje carrego no peito, atos de extrema insensibilidade das “noivas de Jesus” para com o seu semelhante. A Escritura Sagrada, para elas, não passa de um balcão de negócios. Isso quer dizer: ou paga para receber atendimento médico ou morre. Era a lei do cão e não adiantava reclamar. Aliás, reclamar para quem naquele momento?

Nunca esqueço os momentos de aflição a que fui submetido. Meu garotinho nos meus braços tendo fortes convulsões me suplicava socorro da medicina para viver. Eu, na porta do “hospital das freiras”, tentava a todo custo explicar a atendente que o caso era de urgência e emergência, que meu filho estava morrendo a cada segundo que passava. Tolice minha. Os atendimentos do SUS estavam lotados, isto queria dizer: meu filho não seria atendido no Santa Juliana, no “hospital das freiras”. O problema, ou a solução, é que o único médico que poderia salvar o meu garotinho trabalhava lá.

O “hospital das freiras” não teve piedade como pregou Jesus Cristo. Se não paga morre na porta. Corri desesperadamente em busca da ajuda de amigos, para, pelo menos, fazer um cheque caução para salvar meu menino que estava, naquele momento, sob as asas do apocalipse do capitalismo.

O dinheiro fez entrar meu filho no “hospital das freiras do Acre”. Se não fosse esse “papel” adorado pelas “noivas de Jesus”, meu rebento teria morrido como um cão sarnento e sem dono. Na modéstia forma de ser, ainda tenho amigos. E pergunto: quantas pessoas morreram na porta do Santa Juliana por não terem condições de apresentar um cheque caução? Quando, pelo amor de Deus, aquela direção sentirá o dom divido do processo da humanização?

O mundo está cheio de mercenários. São católicos, evangélicos, petistas, esquerdistas, direitistas, centristas e o diabo que os carregue. De uma coisa tenho certeza: nascer não é fácil, viver é uma arte e morrer é caminhar para a felicidade. Só não pode ficar doente e procurar atendimento médico sem plano de saúde no “hospital das freiras”, no Acre.

quinta-feira, agosto 03, 2006

HÉLIO MELO: O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Lendo a reportagem do jornalista Carlos Eduardo Oliveira, da revista Raiz – Cultura do Brasil, edição número 5, confesso que cresceu meu orgulho de ser acreano. Ele esmiuçou com maestria o movimento cultural que está em efervescência nos últimos 30 anos naquela região do extremo Norte do país, onde o vento faz a curva e o diabo perdeu as botas. O Acre, que no passado era chamado de “enjeitado”, agora terá sua história de sangue, suor e paixão, contada pela Rede Globo de Televisão. O Acre, na minha opinião, é o único estado legitimamente brasileiro, porque fez uma revolução armada para ser Brasil.

Em falar do Acre, não posso esquecer de Hélio Melo, um dos maiores artistas plásticos que passou por aquela região. Trabalhamos muito tempo juntos. Ele com pintura e música e, eu, apoiando sua arte dentro do setor artístico do Sesc. Uma das lembranças que me faz ri até hoje é exatamente quando Hélio foi fazer uma exposição de suas obras na Itália e tirou um foto fumando um porronca (cigarro de tabaco feito a mão) encostado no Coliseu de Roma. Fantástica a expressão de alegria do homem simples que saiu do seringal para a cidade aos 41 anos de vida.

Conheci Hélio Melo em 1987 durante uma viagem de ônibus para Belo Horizonte. Hélio e seu conjunto musical “Sempre Serve” estava indo fazer uma apresentação no Rio de Janeiro e nossa viagem terminou em Cuiabá, para o fim da minha alegria. Hélio fez festa de Rio Branco ao Mato Grosso com sua inseparável “rebeca”, um violino surrado que tocava forró, xote, baião e valsa, descontraindo a cansativa viagem dos mais de 40 passageiros. Hélio não cansava. Sentia prazer em fazer os outros felizes.

Quando não estava tocando sua “rebeca”, o velho Hélio contava seus causos do seringal. Ele jurava de pés juntos que as estórias que contava eram verdadeiras. Na verdade, Hélio mentia tanto que “caía de costas”. Era um cidadão das artes que amava a Amazônia, o cheiro da mata, o canto dos passarinhos, o barulho da chuva e uma boa prosa sobre a vida seringueira. Estava sempre sorrindo para o mundo.

Quando saiu do seringal onde morava em 1959, Hélio Melo veio para Rio Branco com a intenção de melhoria de vida para a família. Sem trabalho e instrução, foi trabalhar como catraieiro levando e trazendo pessoas de uma margem à outra do rio Acre até o início dos anos 70. Nessa época foi construída a primeira ponte que ligou os dois distritos da Capital e o movimento de passageiros caiu e ele desistiu do emprego. Nos anos seguintes trabalhou ainda como barbeiro e vigia noturno.

Hélio Melo começou a pintar aos oito anos de idade ainda no seringal. Não podia ver papel e lápis que começava a rabiscar desenhos, sendo sempre incentivado pelos pais que perceberam que ele tinha dom para o mundo das artes. Ainda no seringal, quando viu pela primeira vez um violino apaixonou-se pelo o instrumento. Depois de muito cortar seringa, ainda jovem, comprou por cerca de 20 mil réis o tão sonhado violino que apelidou carinhosamente de “rebeca”.

Com menos de um ano de muita persistência ele começou a entender o que estava tocando na “rebeca”, sendo acompanhado pelos amigos que fizeram uma orquestra com um ralo, um tamborim feito de lata de querosene, um cavaquinho e um violão. Mas, foi na cidade que Hélio montou o primeiro conjunto musical batizado carinhosamente de “Sempre Serve”, composto de ex-seringueiros que, assim como ele, fugiram da mata para a cidade. Depois que aprendeu a tocar a “rebeca”, Hélio começou a compor suas próprias letras musicais, entre elas “Lembranças do Seringal”, onde conta o sofrimento da lida do homem da floresta.

Hélio Melo também foi escritor. Publicou dezenas deles revelando as estórias dos seringais e os mistérios da floresta. Mas, o velho artista não viveu da venda de livros. Perseguiu o caminho das artes plásticas, desenhando e pintado centenas de telas retratando o mundo amazônico e sua gente. A tinta que utilizava, ele mesmo fabricava retirando das plantas e árvores, a seiva que dava a vida ao seu brilhante trabalho. Foi um dos poucos artistas acreanos que expôs suas obras na Itália e nos Estados Unidos.

O bom Hélio Melo era um homem de um só rosto e várias caras. De tanto pintar o sete tinha uma legião de amigos e admiradores. Conversar meia hora com ele era o suficiente para ficar o resto do dia de bem com a vida. Era um grande contador de história. Histórias de troncoso, do Mapinguari, de assombração, entre tantas outras estava sempre a história de vida.

O contador de histórias morreu feliz e virou história. Seu nome ganhou nome de rua e de teatro em sua homenagem. Mas, a melhor homenagem que posso lhe oferecer, é sempre lembrar dele com muito carinho, respeito e admiração.

CHEIRO DE TERRA MOLHADA

Quando o avião pousou em Rio Branco, por volta das 23h30min de sexta-feira (23), meu coração disparou de alegria por dois motivos: primeiro por está vivo e, segundo, por voltar à minha terra natal onde se respira política 24 horas por dia e todo mundo sabe da vida dos outros. Como acreano do pé rachado que sou, o tempo que estou fora aumenta a saudade dos amigos que conquistamos no decorrer dos últimos 30 anos.

Logo no aeroporto em Brasília, quando se olha para os lados, sempre damos de cara com alguém que conhecemos. Começa nesse momento uma jornada de conversas amigáveis e infindáveis que, como de costume, acaba na maioria das vezes, em qualquer mesa de bar.

Ao desembarcar em Rio Branco, via de regra, vaguei pelos bares da vida em busca dos amigos de velhas datas e das estórias que só uma cidade de muro baixo tem para contar. Ao passear pelas ruas da minha cidade notei que muita coisa havia mudado. Mudado para melhor, pelo menos esteticamente.

Naveguei pela noite sem rumo, sem bússola, apenas seguindo os passos do sentimento e do vento que embalava a madrugada. Não queria perder tempo. Como uma criança sai brincando com quem encontrava pela frente. Cumprimentei policiais, prostitutas, taxistas, boêmios e até para um sinaleiro vermelho desejei boa noite. Mesmo sem ter chovido, minha alma sentiu o cheiro de terra molhada.

Viajei pela madrugada como um sonho. Um sonho de alma limpa e de coração puro recheado de luzes e músicas. Estava eu vivendo e sonhando no meu mundo particular. O mundo que somente eu sei a importância que tem. Esgotei a saudade que sentia pelas cores, luzes e cheiro das pessoas e das curvas da minha cidade. Perambulei e vadiei noite afora, pela vida adentro.

Como bom acreano e boêmio, logo que os primeiros raios de sol levantam, estava eu no Mercado do Bosque procurando com olhos amiúdes a “baixaria” da Toinha. Toinha é uma velha amiga que sabe como ninguém o preparo especial da minha “baixaria”. “Baixaria” para quem não sabe é um prato composto de carne moída, cuscuz, ovos fritos e cheiro verde. Isso tudo acompanhado de mingau de banana ou tapioca.

Os freqüentadores do Mercado do Bosque são as dezenas de pessoas que saem das festas e vão recarregar a bateria comendo a tradicional “baixaria”. Aliás, essa é a única baixaria que tolero. Servida nas primeiras horas da manhã e sem confusão.

É no Mercado do Bosque onde se encontra velhos amigos da boêmia. Alguns ainda entornando a água que passarinho não bebe acreditando que a noite não acabou. Outros tentando melhorar o juízo depois da carraspana ingerida nas horas passada. Tem ainda os que transformaram o ambiente em ponto de encontro.

Os homens por sua vez, como sempre, estão contando lorotas e vantagem sobre alguma coisa ou alguém. Estão sempre em primeiro lugar, sabendo de tudo e controlando mais ainda. As mulheres, por outro lado, aparecem com cabelos molhados ou desalinhados. Algumas com amplo sorriso no rosto, talvez resultado de uma noite de amor, outras emburradas com possibilidades de efeito contrário.

Mas, ao final tudo é alegria e confraternização de uma noitada. Foi exatamente lá que no amanhecer do dia, ouvir Lupicínio Rodrigues, Ary Barroso, Cartola, Noel Rosa, Pixinguinha e tanto outros boêmios, na voz rouca de apaixonados que choravam nas cordas de um surrado violão.

Literalmente, o Mercado do Bosque é o local onde se reúnem, respeitosamente, gente de todas as raças, cores, credos e classes sociais.

Um amigo conheceu Rio Branco e, após beber da água barrenta do rio Acre se apaixonou pelo que viu que, por pouco, muito pouco, não retorna à Brasília. Está certo ele, o Acre realmente é apaixonante tanto por suas histórias como por sua gente. Esse meu amigo resumiu o que sentiu: “Rio Branco é tudo, menos aquilo que imaginamos que ela seja”.

PROFISSÃO QUE MATA

"A maior parte das mortes dos profissionais de imprensa é provocada por moléstias típicas decorrentes de estados emocionais, como distúrbios neurovegetativos, embolias e derrames cerebrais. Depois, em plano bem próximo, estão situados os casos de acidentes fatais em conseqüência do constante risco que corre o jornalista para exercer a profissão. Há, ainda, os problemas coronários, que também são muitos. O jornalista, aos 10 anos de profissão ininterrupta, já necessita de cuidados no sistema circulatório. O desgaste visual, cerebral e físico praticamente consome o jornalista logo aos 15 primeiros anos de atividade. Aos 20 anos de profissão, o jornalista começa a apresentar debilidade orgânica espantosa. Finalmente, aos 25 anos de atividade, ele profissionalmente `está acabado´, porque tomado por depressões das mais variadas. Assim, é o jornalista um homem que falece muito cedo, profissionalmente falando."

A afirmação é do clínico-geral do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo, Pedro Vargas, que faz parte do livro O jornalista brasileiro (pág. 531), da jornalista Adísia Sá, Edições Fundação Demócrito Rocha, 1999.

Em artigo publicado no Diário da Noite, em 10 de outubro de 1969, sob o título "Profissão assassina", Chico Ribeiro afirma que "pesquisa feita nos Estados Unidos, sobre o desgaste profissional, revela que os jornalistas vivem cerca de 30% menos que os titulares de outras profissões. É impressionante o número de jornalistas mortos por efeito de distúrbios neurovegetativos, embolias e derrames cerebrais, enfartes do miocárdio e outras moléstias típicas dos estados emocionais". Mais adiante afirma que o verdadeiro jornalista não é apenas um espectador da vida, que registra, observa e comenta os fatos: o verdadeiro jornalista que exerce a profissão "sente os acontecimentos e é profundamente afetado por estes". O jornalista passa do cansaço ao esgotamento, do esgotamento à neurose, da neurose a um estado crônico de insuficiência psicossomática. Para Chico Ribeiro, exercer o jornalismo é a maneira mais agressiva de viver ou de morrer.

Indiscutivelmente, ser jornalista é a forma mais fácil e mais rápida de encontrar a morte. Não é à toa que jornalistas, no cumprimento do dever, da profissão que escolheram, são mortos em todas as partes do mundo. No Iraque, o abate de companheiros bate recorde mundial todos os anos. Desde o início da guerra 76 foram assassinados. Nas Filipinas, 12 profissionais foram mortos este ano, 21 em 2001 e 61 em 1986.

Na América Latina a situação não é muito diferente. Segundo a Federação Latino-americana de Periodistas, nos primeiros seis meses deste ano foram assassinados nove profissionais, advertindo que a violência contra jornalistas na região está atingindo níveis alarmantes. A lista de crimes é liderada pelo México, onde foram assassinados três jornalistas, seguindo-se Equador, com dois casos, e Colômbia, Guiana e Venezuela, com uma morte cada.

O relatório Targeting and Tragedy, da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), afirma que 150 jornalistas e profissionais da mídia foram mortos no ano de 2005, o número mais elevado dos últimos tempos. Das 150 mortes registradas pela FIJ, 89 jornalistas foram assassinados "no cumprimento do dever" e 61 foram vítimas de desastres enquanto trabalhavam.

O primeiro memorial
O Relatório Anual da Liberdade de Imprensa, elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), revela que 53 jornalistas foram mortos enquanto exerciam a missão de informar ou por delito de opinião, em 2004. Um ano de luto para todos os que trabalham na comunicação social. Em 1995, o islamismo radical argelino tirou a vida de 50 profissionais da informação em menos de dois anos. No Iraque, o país mais perigoso do mundo para os jornalistas, 19 repórteres morreram em 2004 e mais de uma quinzena foi seqüestrada.

Na Ásia, classificada como uma das piores regiões do planeta para os jornalistas, juntamente com o Médio Oriente, morreram 16 repórteres, a maioria por delito de opinião. Denunciar a corrupção ou investigar grandes crimes revelou-se fatal para jornalistas de Bangladesh, Filipinas e Sri Lanka. As questões relacionadas ao narcotráfico e à corrupção das elites políticas estão na base da morte de repórteres em países como Brasil, Colômbia, Nicarágua e México. Segundo o RSF, ainda em 2004, outros 907 jornalistas foram presos e 1.146 sofreram ataques ou ameaças.

A cidade francesa de Bayeux, na Normandia, decidiu construir o primeiro memorial europeu em honra de todos os jornalistas mortos no desempenho de suas funções. A inauguração está prevista para 7 de outubro de 2006. O memorial será composto por um passeio com pedras brancas, onde vão figurar os nomes dos jornalistas que, desde 1944, foram mortos em todo o mundo. O projeto está sendo desenvolvido pela organização Repórteres Sem Fronteiras.

PRAIA DAS LAGES


Obra de rara beleza pintada pela natureza

Para fugir do estresse urbano, do corre-corre cotidiano e da poluição das grandes cidades, nada melhor do que refugiar-se, nos finais de semana, em ambientes dominados pela mãe natureza, onde o tempo parece não ter importância e, acima de tudo, num ambiente onde a visão encontra um retrato pintado por Deus.

Praia das Lajes, distante cerca de 130 km de Brasília, é um desses cartões postais naturais, situada na cidade de Cristalina (GO), um espaço de lazer onde se percebe que o homem aprendeu a respeitar e valorizar o meio ambiente.

Conhecer vários recantos naturais em apenas um dia é um programa viável para quem for a Cristalina, cidade de 35 mil habitantes, cerca de uma hora de carro ou duas de ônibus. Além dos cristais, que deram nome à cidade e são vendidos em toda parte, o visitante pode fazer um roteiro que inclui cachoeiras exuberantes e pedras de formatos diferentes.

Saindo do centro de Cristalina, o visitante percorre aproximadamente 10 km para chegar ao balneário natural Praia das Lajes. Para quem gosta de ter um contato maior com a natureza recomenda-se acampar no local ao preço de R$ 10 por pessoa nos finais de semana. Isto é, de segunda a sexta-feira, não é cobrado nada aos banhistas.

Como o balneário é propício para acampamentos não existem hotéis, apenas locais para armação de barracas à margem do rio de águas cristalinas e mornas que corre sobre enormes pedras de variadas cores que dão o nome de lajes. Para quem gosta de mais conforto a cidade oferece dezenas de hotéis e pousadas preparadas para receber os turistas.

O balneário Praia das Lajes é de responsabilidade da prefeitura de Cristalina. Para receber o visitante com segurança a prefeitura disponibilizou postos policial e de saúde para qualquer eventualidade necessária de atendimento. Todos os dias as piscinas naturais são limpas logo cedo da manhã para que o banhista se sinta a vontade para se deliciar nas águas mornas do local.

Na Praia das Lajes há um restaurante aberto diariamente com comidas regionais, além de bebidas vários tipos de diversão para o lazer do visitante. Mesmo tendo um restaurante, o banhista não é obrigado a consumir comidas e bebidas existentes no local. Quem quiser pode levar sua comida feita ou por fazer, assim também como em relação às bebidas.

Entrar logo cedo da manhã nas piscinas naturais do Praia das Lajes é uma verdadeira delícia. É como estar numa grande banheira com peixinhos coloridos brincando ao seu redor. Mas, o que mais impressiona e chama a atenção de quem chega ao balneário, é a grande quantidade de cachoeiras que se formam nas proximidades do local. Estão formadas em vários pontos. Cada uma mais exuberante que as outras.

É difícil descrever com precisão a beleza e o clima de paz e tranqüilidade que predominam durante todo o dia. Para onde o visitante dirige a visão tem sempre uma beleza a ser apreciada ou admirada com emoção. A música constante é sempre o doce barulho do cair da água sobre as pedras durante 24 horas por dia.

Entre tantos cartões postais está a Cachoeira do Arrojado, com formato de semi-círculo, com dez metros de altura e 50 de comprimento. O turista pode se divertir também com outras pequenas corredeiras que formam piscinas naturais.Vale a pena conhecer esse pequeno paraíso natural que Deus presenteou o povo de Goiás e, em especial, o povo de Brasília.

FOTOS PITTER LUCENA