APOCALIPSE DA MORTE
É engraçado como as novelas nos trazem lembranças, sejam elas boas ou más. Foi exatamente num dia desses que a gente chega mais cedo em casa e tem o prazer, ou desprazer, de assistir a programação da dona Globo no horário nobre da televisão brasileira. Na novela Páginas da Vida vi uma cena que me arremeteu a um acontecimento sombrio e triste na porta de um hospital em Rio Branco.
Estava eu, minha mulher e meu filho que tinha menos de um ano de idade (vítima de paralisia cerebral), num certo dia, em 1996, na porta do hospital Santa Juliana, que pelo nome católico deveria ser mais sensível à situação humana, nos demonstrou a história ao contrário, desumana. Lá ficou claro que se o paciente não tiver plano de saúde, ou acesso às mínimas vagas oferecidas pelo SUS, vai morrer à míngua sem dó nem piedade.
Escrevo isso porque quando vi cenas desumanas de uma atriz atuando como freira na novela, meu coração se revoltou com as lembranças de um passado não muito distante, que até hoje carrego no peito, atos de extrema insensibilidade das “noivas de Jesus” para com o seu semelhante. A Escritura Sagrada, para elas, não passa de um balcão de negócios. Isso quer dizer: ou paga para receber atendimento médico ou morre. Era a lei do cão e não adiantava reclamar. Aliás, reclamar para quem naquele momento?
Nunca esqueço os momentos de aflição a que fui submetido. Meu garotinho nos meus braços tendo fortes convulsões me suplicava socorro da medicina para viver. Eu, na porta do “hospital das freiras”, tentava a todo custo explicar a atendente que o caso era de urgência e emergência, que meu filho estava morrendo a cada segundo que passava. Tolice minha. Os atendimentos do SUS estavam lotados, isto queria dizer: meu filho não seria atendido no Santa Juliana, no “hospital das freiras”. O problema, ou a solução, é que o único médico que poderia salvar o meu garotinho trabalhava lá.
O “hospital das freiras” não teve piedade como pregou Jesus Cristo. Se não paga morre na porta. Corri desesperadamente em busca da ajuda de amigos, para, pelo menos, fazer um cheque caução para salvar meu menino que estava, naquele momento, sob as asas do apocalipse do capitalismo.
O dinheiro fez entrar meu filho no “hospital das freiras do Acre”. Se não fosse esse “papel” adorado pelas “noivas de Jesus”, meu rebento teria morrido como um cão sarnento e sem dono. Na modéstia forma de ser, ainda tenho amigos. E pergunto: quantas pessoas morreram na porta do Santa Juliana por não terem condições de apresentar um cheque caução? Quando, pelo amor de Deus, aquela direção sentirá o dom divido do processo da humanização?
O mundo está cheio de mercenários. São católicos, evangélicos, petistas, esquerdistas, direitistas, centristas e o diabo que os carregue. De uma coisa tenho certeza: nascer não é fácil, viver é uma arte e morrer é caminhar para a felicidade. Só não pode ficar doente e procurar atendimento médico sem plano de saúde no “hospital das freiras”, no Acre.
Estava eu, minha mulher e meu filho que tinha menos de um ano de idade (vítima de paralisia cerebral), num certo dia, em 1996, na porta do hospital Santa Juliana, que pelo nome católico deveria ser mais sensível à situação humana, nos demonstrou a história ao contrário, desumana. Lá ficou claro que se o paciente não tiver plano de saúde, ou acesso às mínimas vagas oferecidas pelo SUS, vai morrer à míngua sem dó nem piedade.
Escrevo isso porque quando vi cenas desumanas de uma atriz atuando como freira na novela, meu coração se revoltou com as lembranças de um passado não muito distante, que até hoje carrego no peito, atos de extrema insensibilidade das “noivas de Jesus” para com o seu semelhante. A Escritura Sagrada, para elas, não passa de um balcão de negócios. Isso quer dizer: ou paga para receber atendimento médico ou morre. Era a lei do cão e não adiantava reclamar. Aliás, reclamar para quem naquele momento?
Nunca esqueço os momentos de aflição a que fui submetido. Meu garotinho nos meus braços tendo fortes convulsões me suplicava socorro da medicina para viver. Eu, na porta do “hospital das freiras”, tentava a todo custo explicar a atendente que o caso era de urgência e emergência, que meu filho estava morrendo a cada segundo que passava. Tolice minha. Os atendimentos do SUS estavam lotados, isto queria dizer: meu filho não seria atendido no Santa Juliana, no “hospital das freiras”. O problema, ou a solução, é que o único médico que poderia salvar o meu garotinho trabalhava lá.
O “hospital das freiras” não teve piedade como pregou Jesus Cristo. Se não paga morre na porta. Corri desesperadamente em busca da ajuda de amigos, para, pelo menos, fazer um cheque caução para salvar meu menino que estava, naquele momento, sob as asas do apocalipse do capitalismo.
O dinheiro fez entrar meu filho no “hospital das freiras do Acre”. Se não fosse esse “papel” adorado pelas “noivas de Jesus”, meu rebento teria morrido como um cão sarnento e sem dono. Na modéstia forma de ser, ainda tenho amigos. E pergunto: quantas pessoas morreram na porta do Santa Juliana por não terem condições de apresentar um cheque caução? Quando, pelo amor de Deus, aquela direção sentirá o dom divido do processo da humanização?
O mundo está cheio de mercenários. São católicos, evangélicos, petistas, esquerdistas, direitistas, centristas e o diabo que os carregue. De uma coisa tenho certeza: nascer não é fácil, viver é uma arte e morrer é caminhar para a felicidade. Só não pode ficar doente e procurar atendimento médico sem plano de saúde no “hospital das freiras”, no Acre.
1 Comments:
Ontem estava em casa quando assistia ao jornal local e vi que uma moça de apenas vinte anos havia morrido no Hospital Santa Juliana e a familia desconfiava de negligência médica. Se foi ou não, apenas a necropsia poderá dizer, mas o que me deixou perplexa foi a entrevista de uma médica que ápatica aparentava falar com desdém...é lamentável que casos como o seu e o desta moça aconteçam em um hospital "cristão" e tão quanto lamentável que lá hajam "profissionais" como a que vi no noticiário.
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