PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil
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terça-feira, maio 19, 2009

INSTANTE

O átimo que o tempo
Permite de vida.
Todo resto é consideração.

O meu instante é uma nota
A navegar rios e cantorias
Partituras e letras.

Meu instante, uma frase
Um pingo, uma chuva.
Nesse instante
Tudo é apenas um instante.
O próximo instante
Virá no amanhecer ou não.

Nem clave, nem som
Só Dó talvez um Sol Fá.
Uma semi-cheia me leva a negar Ré
Só Mi dirás se eu estiver Lá.

A semifusa abusa da liberdade e coxeia.
Feito o beijo dá início a ceia do amor.

No claro do amor
O Sol do Lá
Minha sina, menina.
Na regência da vida
A morte vencida
A alma ilumina
Num instante divino.

O divino não se encontra no amor
Uma vez que amar é o deleite da alma
Amar quem pode amar
Se o amor depende de quem ama.

Que tal falarmos do tempo
Do real fictício
Dos airbargs da Ofélia
Do nosso vão sacrifício.

No instante tudo é passageiro
Por assim ser
Viajo no pensamento
E vou embora pra passárgada.

Cícero Fernandes, Sérgio Souto e Pitter Lucena.
06/05/09

sexta-feira, maio 15, 2009

O DESEJO DE UMA CRIANÇA

Quando Gustavo nasceu, seu avô paterno presenteou sua mãe com um pequeno pássaro em uma gaiola. Acostumado a ter pássaros confinados em casa, ele não viu mal algum no presente.

Pelo contrário, ele disse à mãe do pequeno bebê que mantivesse o pássaro sempre em um lugar no qual fosse possível escutar seu canto, pois isso acalmaria a criança quando ela estivesse agitada.

O avô estava certo. A mãe costumava deixar a gaiola no corredor próximo ao quarto do bebê, algumas horas por dia, e percebia que, desde cedo, a criança fixava os olhos naquela direção sempre que o pássaro cantava.

Com o tempo, passou a sorrir ao escutar o canto da ave, e gostava de olhar para ela quando a mãe o segurava próximo. O avô e a mãe sentiam-se orgulhosos.

Gustavo cresceu acostumado ao canto do pássaro. Gostava de conversar com o passarinho. Conversas de criança.

Quando a ave morreu foi rapidamente substituída por outra, para que sua falta não fosse sentida.

Quando Gustavo contava quase quatro anos, tentou abrir a gaiola colocada em cima da mesa. Repreendido pela mãe, respondeu, em sua inocência, que o passarinho queria sair.

Pouco tempo depois, fez nova tentativa, e chegou a abrir a portinhola, sendo repreendido agora pelo pai. Entristeceu-se.

Em seu aniversário de seis anos, no momento em que apagava a vela do bolo, o desejo do garoto, dito em voz alta foi: Eu quero ver o passarinho voando.

Os convidados da família riram. Parecia apenas um capricho.

Mas a criança não desistiu. Resolveu perguntar ao pai por que o pássaro ficava preso em uma caixinha tão pequena. Estava decidido: queria soltá-lo.

O pai achou graça da insistência, e tentou lhe explicar que o pequeno animal não conseguiria comer sozinho. Ele sofreria, pois se voasse para longe não acharia o caminho de volta.

E Gustavo retrucou: Papai, e se ele encontrar a mamãe dele e ela der comida? Ele quer voar.

O pai então se comoveu, entendendo que o filho não compreendia o confinamento do pássaro, e que desejava mesmo libertá-lo.

Como explicar melhor para o garoto? Na verdade, ele era pessoalmente contra esse comércio de aves e as preferia soltas, mas nunca questionou a esposa.

Conversaram, pai e mãe, e resolveram comprar uma gaiola maior. Com mais espaço, o pássaro alçava pequenos voos que divertiam a criança.

Mas Gustavo nunca deixou de dizer que a ave queria ir embora.

Quando, mais tarde, o pequeno animal morreu, compraram um bebedouro para aves e passaram a deixar, na varanda, pedaços de frutas. Havia, diariamente, muitos pássaros da redondeza que comiam, bebiam e cantavam alegres. E livres.

O pequeno Gustavo ensinou aos pais uma lição importante: não temos o direito de tirar a liberdade de nenhum ser vivo, com a desculpa de nos dar prazer.

Todas as criaturas na Terra têm seu lugar e não cabe a nós mudá-lo apenas por capricho, sem necessidade. O desejo de posse por prazer revela a inferioridade do Espírito.

Respeitemos, pois, o lugar de cada um neste maravilhoso equilíbrio que é a natureza, para que também nós sejamos respeitados.

Momento Espírita

terça-feira, maio 12, 2009

MARRAPAIZ, SER OU NÃO SER?

Quem chega à Rio Branco, capital do Acre, fica surpreso com um grande número de expressões faladas que o camarada fica abobado, abestalhado para se acostumar. Entre elas está o Marrapaiz, genuinamente acreana como sua gente. Puro sangue. Não tem nada igual. Para se ter uma idéia, quando um bruguelo nasce sem problema no parto e, perguntado para a mãe se foi tudo bem, em vez de chorar, o moleque solta das entranhas, orgulhoso de ser acreano um Marrapaiz. Está no sangue, na essência. A palavra vem antes do berço e a este vale de lágrimas.

Marrapaiz faz parte, com orgulho, do nosso acreanês. Um dicionário escrito por acreanos para que turistas do mundo inteiro, em visita ao Acre, não tenham problemas de comunicação com o linguajar da taba, sem frescuras ou reclamações. Marrapaiz é exclamado para tudo que é bom, de belo, de que tudo deu certo ou dará.

Acreano do pé-rachado, assim como eu, não vive sem o Marrapaiz no seu cotidiano. A expressão está em todos os lugares de forma positiva. Vale para responder como foi a noitada anterior. No mínimo, se foi boa, lasca-se um Marrapaiz no ouvidor de rádio do perguntador e pronto. Com certeza ele entendeu muito bem a mensagem. O Marrapaiz é tipo água da fonte que sai correndo para o mar e, pelo caminho, vai encontrando novos adeptos pela palavra.

O Marrapaiz se usa em todas as ocasiões. Nos momentos da Alcova com a mulher amada ou não, numa batida de carro, num passeio alegre, num salto de paraquedas, no tribunal, na igreja, no boteco da esquina, na conversa com seu cachorro. Por exemplo: se você deu comida para o au au e ele fica pedindo mais, você fala “Marrapaiz tu acabou de encher o bucho”. Pronto, ele vai entender que não tem mais gororoba para botar prá dentro.

No início de um namoro: “Marrapaiz como você é linda”. Com esse lisonjeio no pé-da-lata, no mínimo, o romance vai continuar até que a morte separe os pombinhos. Num velório, outro exemplo, o cabra morreu de morte matada, os amigos dizem: “Marrapaiz ele era tão boa pessoa”, o falecido era um bandido. O que importa é entonação.

Marrapaiz está na alma. Defendo com unhas e dentes que seja verbete brasileiro, evidentemente. Imagine William Shakespeare, em Hamlet, gritar “Marrapaiz, ser ou não ser, eis a questão. Será mais nobre em espírito de viver...”.

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terça-feira, maio 05, 2009

SÉRGIO SOUTO NA BARCA BRASILIA

Neste fim de semana de lua cheia, em comemoração ao dia das mães, 9 e 10 de maio, sábado e domingo, a Barca Brasília apresenta o compositor e poeta Sérgio Souto acompanhado pelo instrumentista Marcelo Homem, mantendo a tradição de navegar no Lago Paranoá trazendo a bordo os melhores expoentes do cenário poético-musical brasileiro. O tom colorido das belíssimas imagens do entardecer de Brasília, a revoada dos pássaros aos ninhais e os tesouros, arquitetônicos e naturais do Lago, irão fazer parte da experiência dos navegantes com as doces canções de Sérgio Souto, que fará homenagem às mães e ao escritor, compositor e poeta Paulo César Pinheiro, seu parceiro e amigo.

SÉRGIO SOUTO, acreano de Sena Madureira, radicado, desde os quinze anos, no Rio de Janeiro, trás na alma os temas amazônicos com os quais mesclou a linguagem complexa do espaço urbano na sua experiência musical. Atento aos sons dos Brasis presentes na sua realidade, construiu um trabalho cativante e moderno, com ampla aprovação de público e da crítica por seu estilo inovador e peculiar. Seu repertório musical transita com extrema naturalidade entre a tranqüilidade da mata e as incertezas e inquietudes do ritmo acelerado de um cotidiano urbano.

Com dez discos gravados, o cantor e compositor tem músicas de sucesso interpretadas por artistas de renome como Jessé, Cristina Santos, Nelson Gonçalves, Fabíola Sendino, Elba Ramalho, Eliana Printes, Nilson Chaves, entre muitos outros. Sérgio Souto, este ano, além de se preparar para gravar o seu 11º disco, grava também, no Acre, seu 1º DVD comemorativo de 30 anos de carreira, com uma produção arrojada, e com a participação de grandes nomes da Amazônia e a orquestra sinfônica do Acre.

A espontaneidade do seu processo de compor associa-se aos trabalhos de seus parceiros letristas Paulo César Pinheiro, Sergio Natureza, Amaral Maia, Sergio Napp, Aldir Blanc, Jota Maranhão, Agenor de Oliveira, Joãozinho Gomes, Jorge Andrade, Jorge Vercilo e muitos outros.

O talentoso instrumentista MARCELO HOMEM é profissional desde os anos 80. Na arte da música é violonista, guitarrista, diretor musical, arranjador, produtor e compositor. Acompanhou artistas da MPB como Alcione, Nana Caymmi, Carlos Lyra e Quinteto Violado. Já tocou com instrumentistas como Manasses, Dominguinhos, Nonato Luis, Paulo Moura, Arismar do Espírito Santo, Altamiro Carrillo, Wagner Tiso, Adriano Giffoni, Wanderley Pereira, Paulo André, Ocelo Mendonça, entre outros. Assinou a direção musical de vários festivais de música de Camocim-CE e do Festival Prêmio SESC de Música “Terra Brasilis”. Radicado em Brasília há cinco anos atua no circuito cultural da cidade em espetáculos promovidos pelo SESC, Clube do Choro, Teatro Nacional e demais espaços da cultural local.

Assistir ao show musical de Sérgio Souto acompanhado do músico Marcelo Homem é um grande privilégio dos seletos passageiros da Barca Brasília deste fim de semana. No passeio, o navegante desfruta de todo conforto da Barca Brasília que está abrigada das chuvas e do vento com janelas que preservam total transparência para visualização da paisagem deslumbrante do Lago. Como opção o navegante poderá dispor de um excepcional cardápio de vinhos, drinques, cafés e petiscos variados. Uma experiência inesquecível! Brasília observada do lago é mais leve e também mais concreta e deslumbrante em sua arquitetura. A Barca garante, através de sua equipe: segurança, conforto e um atendimento especial.

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segunda-feira, maio 04, 2009

O TEMPO DE CADA UM

A tolerância é uma virtude ainda rara na atualidade.

Ela permite viver em harmonia junto a quem pensa e age de forma diferente.

Não se trata apenas de suportar um modo distinto de ver e entender a vida.

O exercício da tolerância engloba também o esforço em perceber o que possa haver de admirável na conduta alheia, especialmente quando difere da nossa.

Mesmo perante equívocos, não criticar gratuitamente, pelo simples gosto de denegrir.

Por certo, a título de ser tolerante não vale adotar conduta omissa e conivente.

Na defesa de um bem maior, de um inocente, do patrimônio público, não é lícito deixar de agir.

Mas ainda aí é preciso ter não apenas energia, mas também doçura, para não se converter em um carrasco.

Muitas pessoas se angustiam porque seus amores não lhes compartilham os ideais.

Incontáveis pais estimariam que seus filhos tivessem padrão de conduta mais digno.

Entre esposos, costuma haver descompasso no entendimento de questões capitais da existência.

Essa dificuldade em compreender o ritmo alheio se manifesta em incontáveis setores.

Às vezes, notícias sobre determinados crimes despertam o desejo generalizado de exterminar os seus responsáveis.

Notícias de desmandos na política produzem grande desencanto.

Tem-se a sensação de que a Humanidade está perdida e de que nada mais há para fazer.

Entretanto, embora de forma lenta, tudo se aprimora.

A reencarnação é a chave que permite vislumbrar a lenta sofisticação de todos os Espíritos.

Quem hoje parece lamentável amanhã será um anjo radioso.

Os seres de grande virtude, cujos atos tanto encantam, igualmente cometeram erros em sua jornada milenar.

Assim, o desencanto e o esmorecimento traduzem incompreensão dos mecanismos superiores da vida.

Certamente não é possível e nem desejável alegrar-se perante indignidades de qualquer ordem.

Mas é necessário compreender que cada criatura tem o seu ritmo e o seu momento de transformação.

Perante os equivocados, é necessário exemplificar o bem, mas sem violências e arrogância.

Não vale ser conivente e omisso, mas também não cabe a imposição das próprias idéias.

Se criaturas difíceis estão presentes em sua vida, há uma razão para isso.

Na grande oficina da vida, você foi considerado digno do bom combate.

Os levianos e rudes são os mais necessitados de amor.

Afinal, como afirmou o Divino Amigo, os sãos não necessitam de remédio.

Se os valores cristãos iluminam o seu íntimo, rejubile-se.

Exemplifique-os mediante uma vida laboriosa e digna.

Mas não os imponha a ninguém.

Afinal, Deus a todos assegura o livre arbítrio e pacientemente espera o lento desabrochar das virtudes dos anjos.

Pense nisso.

Momento espírita

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