PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil
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quarta-feira, novembro 28, 2007

É BOM FICAR ATENTO

1) Grandes empresas NÃO usam correspondência do tipo corrente. A Microsoft e a AOL NÃO estão oferecendo US$ 245 a cada repasse de e-mail, e a Ericsson NÃO está doando celulares de graça.

2) A AMBEV e a NESTLÉ NÃO estão dando kits gratuitos para quem repassar e-mails e mandar confirmação para o endereço indicado.

3) A MTV NÃO lhe dará o direito de ficar nos bastidores se você remeter correspondência a um monte de gente.

4) NÃO é porque alguém escreveu, quatro degraus anteriores da pirâmide, que é verdade (observe, é mais uma tremenda mentira).

5) NÃO existe uma organização de ladrões de fígado. Ninguém está acordando numa banheira cheia de gelo, mesmo se um amigo jurar que isto aconteceu ao primo do amigo dele.

6) Se o(s) último(s) desastre (s) envolvendo foguetes da NASA espalharam partículas de plutônio sobre a Costa Leste Americana, você acha realmente que esta informação chegaria ao público por e-mail?

7) NÃO existem os vírus 'Good Times', 'Bad Times', 'Sapinhos Budweiser' etc. Na verdade, você NUNCA, mas NUNCA mesmo, deve reenviar qualquer e-mail alertando sobre vírus antes de primeiro confirmar se um site confiável de uma companhia real, como por exemplo www.symantec.com.br o tenha identificado.

8) Corte aqueles quilômetros de cabeçalhos dos e-mails.

9) Existem mulheres que estão realmente sofrendo no Afeganistão, e as finanças de diversas empresas filantrópicas estão vulneráveis, mas reenviar um e-mail NÃO ajudará esta causa. Se você quiser ajudar, procure seu deputado, a Anistia Internacional ou a Cruz Vermelha. E-mails ' os abaixo-assinado'' geralmente são falsos, e nada significam para quem detém o poder para fazer alguma coisa sobre o que está sendo denunciado. São meios de obter endereços eletrônicos.

10) NÃO existe nenhum projeto para ser votado no Congresso que reduzirá a área da Floresta Amazônica em 50%; e nem para deixar de cobrar pedágio; portanto NÃO perca tempo nem 'pague mico' assinando e repassando aqueles furiosos abaixo-assinados de protesto, ou comunicando este tipo de coisa.

11) Você NÃO vai morrer nem ter azar no amor se arrebentar uma corrente. Sejamos inteligentes e recusemos esse tipo imbecil de ajudar hackers e spammers (propagandas).

12) Escrever um e-mail ou enviar qualquer coisa pela Internet é fácil... NÃO acredite automaticamente em tudo. Observe o texto, reflita, analise tudo isto antes de repassar aos amigos.

13) Quando nós recebemos mensagens pedindo ajuda para alguém, com alguma foto comovente, NÃO repasse apenas 'pra fazer a sua parte ', pode haver alguém cheio de má intenção, por trás deste e-mail. Verifique a veracidade das informações. Afinal, próximo de sua casa, há sempre alguém carente que você poderá ajudar, se esta for sua opção de vida.

14) Cuidado! Muito cuidado com mensagens-lista de dados de pessoas, que cada um vai assinando, colocando seus endereços e telefones reais, repassando. Podem facilmente ser utilizados por assaltantes, seqüestradores etc.

15) Agora, SIM, ENVIE esta mensagem a seus amigos e conhecidos, e ajude a colocar ORDEM nessa imensa casa chamada Internet. Lembre-se que a cada dia chegam milhares de inexperientes na Internet, e quanto mais pudermos ensinar, será de grande valia a todos.

16) Seja educado e responda a todos. Utilize-se sempre de endereçamento no campo CCO (Com Cópia Oculta) quando enviar e-mails.

E FINALMENTE O MAIS IMPORTANTE

Quando vocês reenviarem mensagens, retirem os nomes e e-mails das pessoas por onde os e-mails já passaram: tem programas rodando na Internet para 'pegar' tudo que tiver antes e depois de um ' @ '. Isso é vendido para Spamers, que muitas vezes espalham vírus. Quando for mandar uma msg para mais de uma pessoa, não envie com o 'para' nem com o ' Cc ', envie com o ' Cco ' ( carbon copy ocult ) ou ' Bcc ' ( blind copy ), que não vai aparecer o endereço eletrônico de nenhum destinatário...

Quando todos fizermos isso, livraremos a Internet de 70% dos vírus...

quinta-feira, novembro 22, 2007

QUEM É O BEBÊ?

Lula vai para a Inglaterra visitar a rainha, ele a homenageia, trocam presentes, e lhe pergunta:
- Companheira Rainha, como consegue escolher ministros tão maravilhosos?
Ela lhe responde:
- É fácil senhor presidente, eu apenas faço uma pergunta inteligente e se a pessoa conseguir responder é por que ela é capacitada para ser ministro.
Quer ver? Eu vou lhe dar um exemplo.
A rainha pega o telefone, liga para Tony Blair e pergunta:
- Tony, seu pai e sua mãe têm um bebê, e ele não é seu irmão nem sua irmã, então quem ele é?
O ministro pensa, pensa, e responde:
- Senhora rainha, esse bebê sou eu.
Ela diz que a resposta está certa, agradece e desliga o telefone falando para Lula:
- Viu só? Ele merece ser ministro...
Lula, maravilhado, volta para o Brasil, chama seu (ex) coordenador Ricardo Berzoíni e lhe pergunta:
- Berzoini, seu pai e sua mãe têm um filho, ele não é seu irmão nem sua irmã, então que é ele?
O ex-ministro pensa, pensa e pensa e responde:
- Senhor presidente eu vou consultar o pessoal do setor de inteligência e logo lhe trago a resposta.
Vai para a sala de seus assessores e cobra a resposta, dizendo para irem rápido que o presidente está esperando.
Nenhum sabe a resposta, então um deles lhe diz para consultar a equipe de base que está mais ligada ao povo, que eles devem saber essas coisas.
Seguindo o conselho ele liga para a equipe de base e lhes faz a mesma pergunta. Também não souberam responder e disseram para o ministro perguntar ao ex-presidente Fernando Henrique.
Então Berzoíni liga para o ex-presidente e lhe pergunta:
- Fernando Henrique aqui é o Berzoíni, eu tenho uma pergunta para você, que é sociólogo e pode nos ajudar nessa.
Se seu pai e sua mãe têm um bebê e esse bebê não é seu irmão nem sua irmã então quem é esse bebê?
O ex-presidente pensa e lhe responde:
- Ora Berzoíni, é lógico que esse bebê sou eu.
Berzoíni agradece, desliga o telefone e vai correndo contar para Lula a resposta da pergunta.
Chegando na sala do presidente, vai falando:
- Se meu pai e minha mãe têm um bebê e esse bebê não é meu irmão nem minha irmã, é lógico que ele só pode ser o Fernando Henrique.
Então Lula dá um grande sorriso e diz:
- Companheiro Berzoíni, agora eu 'te peguei você', sua resposta está completamente errada.
O bebê é o Tony Blair!

terça-feira, novembro 20, 2007

SE JOBIM USASSE O WINDOWS

É pau
É vírus
É o fim do programa
É um erro fatal
O começo do drama.
É o turbo Pascal
Diz que falta um login
Não me mostra onde é
E já trava no fim.
É dois, é três, é um 486
É comando ilegal
Essa merda Bloqueia
É um erro e trava
É um disco mordido
HD estragado
Ai meu Deus tô fudido
São as barras de espaço
Exibindo um borrão
É a promessa de vídeo
Escondendo um trojan
É o computador
Me fazendo de otário
Não copia o programa
Salva só o comentário.
É ping, é pong
O meu micro me chuta
O scan não retira
O vírus filho da puta
O Windows não entra
E nem volta pro DOS
Não funciona o reset
Me detona a voz
É abort, é retray
Disco mal formatado
PCTools não resolve
Norton trava o teclado
É impressora sem tinta
Engolindo o papel
Meu trabalho de dias
Foi cuspido pro céu.

quarta-feira, novembro 14, 2007

BORRACHA RECICLÁVEL

Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo uma nova borracha que poderá revolucionar a reciclagem de pneus. Fabricada com técnicas da nanotecnologia, a nova borracha é feita de látex e argila, adquirindo uma elasticidade que pode ser controlada livremente, de acordo com as necessidades.

Borracha natural
A borracha natural tem propriedades que até hoje não puderam ser imitadas em laboratório. Por isso, um grupo de pesquisadores da Unicamp tem se dedicado a entender as partículas formadoras e as propriedades do material natural. "O que estamos mostrando é que a borracha por si só é um nanocomposto natural. Eu atribuo as singularidades de suas propriedades a essa característica", diz o professor Fernando Galembeck.

Além da borracha propriamente dita - as cadeias poliméricas, - a borracha natural contém uma significativa quantidade de material nanoparticulado, partículas muito pequenas que contribuem para sua coesão.

Essas nanopartículas ficam distribuídas de maneira aleatória, dando à borracha suas características únicas de elasticidade, resistência à tração e capacidade de amortecimento.

Quando estudaram esse material, os cientistas da Unicamp descobriram que é possível se inspirar nesse processo natural para criar elastômeros termoplásticos - borrachas que se tornam plásticas quando aquecidas - com propriedades muito próximas às da borracha natural e tão eficientes quanto o material hoje utilizado para fabricar pneus.

Vulcanização de pneus
Hoje, os pneus são produzidos por um processo chamado vulcanização. "Vulcanizar significa que as cadeias poliméricas estão ligadas por ligações covalentes - elas estão presas umas às outras de maneira que não podem se separar. Mesmo esquentando, a borracha não amolece. O nanocompósito poderá resultar em um produto semelhante à borracha vulcanizada, mas sem precisar utilizar esse processo, que dificulta o reprocessamento do material", explicou Galembeck.

No novo processo, a argila é reduzida a minúsculas lâminas - um processo chamado esfoliação. Quando adicionadas ao polímero sintético, elas passam a funcionar como um reforço estrutural.

Pneus com borracha reciclável
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o número de pneus descartados em todo o mundo a cada ano supera 1 bilhão. E a origem dos problemas ecológicos gerados pelos pneus está justamente no fato de a borracha ser vulcanizada.

"A nossa expectativa é bastante ambiciosa. Temos o objetivo de, em última instância, conseguir a produção de borrachas reprocessáveis de alto desempenho que poderão ser utilizadas para a fabricação de pneus", diz Galembeck.

Para isso, a argila é esfoliada, isto é, seus grãos são transformados em pequenas lâminas, que funcionam como um reforço estrutural, unindo-se fortemente à superfície do látex polimérico.

Com o aquecimento, a água presente no látex é eliminada, permitindo que as nanopartículas de argila se aproximem, dando à nova borracha a mesma resistência estrutural da borracha vulcanizada. Só que mantendo a possibilidade de reciclagem. Saiba mais http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010125070717

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terça-feira, novembro 13, 2007

ANDARILHOS DO TEMPO

Quem não gostaria de conhecer o mundo, dar uma volta ao redor da Terra e, na medida do possível, conhecer Marte, o planeta vermelho? Pois é, diante dessas perguntas básicas, vem-me a recordação das longas viagens do passado, onde o horizonte era apenas uma referência do destino a ser seguido.

De mochila nas costas, à margem da estrada, os caroneiros não se cansam do calor do sol, do frio, da chuva e de tantas outras intempéries. Com o dedo polegar em riste, o mochileiro espera com paciência o empurrão de uma carona para seguir viagem.

Os andarilhos do tempo sentem, na leve batida do vento no rosto, o ápice da liberdade. Em cada curva de estrada, de um rio, em cada cidade, uma história nova para contar. Sem compromissos com o passado, nem com o futuro, vivem o presente, vagando pelo mundo em busca do desconhecido. No entardecer de mais um dia, diante do crepúsculo pintado por mãos divinas, os caçadores de aventuras admiram a presença de Deus.

Vida de viajante solitário não é nada fácil. As dificuldades são muitas, mas o desafio da superação dos obstáculos transforma o caminhante num homem forte e resistente. A fome e a sede, muitas vezes, chegam a assustar. Entretanto, o equilíbrio da mente e a vontade de vencer não deixam os problemas virarem agonia. Acreditar em si mesmo e em Deus, o Todo Poderoso, faz com que as barreiras sejam destruídas e os inimigos aniquilados.

Eles não têm casa, moram no mundo, tendo como relógio o tempo. Passeiam pela vida em busca de algo novo que possa revelar o sentido da existência humana. Nessa caminhada sem destino certo cruzam oceanos, desertos e florestas. Eles não buscam a fórmula da felicidade, procuram a essência de uma vida feliz.

Tendo o chão como sua cama e o céu como teto, eles caminham sob o atento olhar das estrelas e da lua, protetoras dos que renunciaram ao estresse urbano das selvas de pedra para viverem em harmonia com a mãe natureza.

Isolados pelo mundo, muitas vezes tendo como companhia a solidão de uma noite fria, bate no peito um sentimento de saudade da família e dos amigos. O coração chora, derrama dos olhos a dor da distância que se mistura ao orvalho gelado da madrugada. Nesse momento, o andarilho solitário se pergunta por que está ali. A resposta, sempre imediata, que lhe assusta o raciocínio fala alto: é por que precisa conhecer o desconhecido do mundo, só assim, talvez, possa entender os segredos da vida.

Quando o dia amanhece, agradece a Deus pelo sol que lhe aquece o corpo, observa o horizonte e parte caminhando lentamente, levantando pequenas nuvens de poeira, pisando pedras sobre pedras, sabendo que a resposta que procura está à sua frente.

É de passo em passo na estrada da ilusão que o homem vai se descobrindo. De coração aberto para receber o novo, ele percebe que as mudanças necessárias para mudar o mundo não estão distantes de serem alcançadas, estão dentro de si mesmo.

Diante das reflexões feitas, o andarilho parte novamente numa viagem cósmica, mirando as cores do arco-íris, tentando encontrar o caminho da felicidade: a passagem secreta para Deus.

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sexta-feira, novembro 09, 2007

A MORTE DO CONTADOR DE HISTÓRIA

No Acre tudo acontece, aliás, também é terra do já foi. Nesses 40 e poucos anos de existência terrena venho escutando histórias e mais histórias de pessoas mais velhas sobre a nossa terrinha acreana, antes da chegada da televisão, que o jornalista boêmio Stanislau Ponte Preta apelidou de “máquina de fazer doido”.

Rio Branco na década de 70, época que tenho boas recordações, as pessoas dormiam com as janelas das casas abertas sem medo dos apreciadores das coisas alheias. Ou roubos que mais aconteciam naquela época eram somente de galinhas. Os donos das penosas ficavam fulos da vida, mas nada podiam fazer para recuperar o galináceo, que já deveria estar na barriga de algum espertalhão.

Antes da televisão a vida era mais divertida. Sempre à noitinha as famílias se reuniam na varanda da casa para contar histórias. As crianças se acotovelavam em algum lugar ou sentavam no chão para ouvir as histórias preferidas: de assombração. Os adultos viajavam na imaginação criando fatos, que segundo eles, de pura verdade, sobre encontros com almas penadas e bichos da mata como o famoso Mapinguari.

Entre uma baforada e outra num cigarro porronca no canto da boca, o seringueiro contador de história narrava o causo nos mínimos detalhes deixando a meninada de boca aberta. Com o coração acelerado, ouvidos atentos e olhos arregalados, na imaginação da gurizada passava um filme de terror. Na maioria das vezes, quando um contador acabava uma história, já havia outro pronto para começar a narrativa de mais uma aventura.

Por volta das onze horas da noite, quando as histórias chegavam ao fim, começava os momentos de tortura da molecada. Antes de ir para a cama ou rede, as crianças tinham que fazer aquela necessidade fisiológica líquida no fundo do quintal, já que somente poucas casas havia banheiro interno. O tormento se instalava. Muitos com medo de assombração, principalmente porque o horário chegava à meia noite, mentiam aos pais dizendo que estavam sem vontade de ir ao banheiro e molhavam a cama.

No dia seguinte quando a criançada se encontrava depois da aula para brincar de peteca, pião, papagaio e tantas outras, o assunto em pauta continuava da assombração contada na noite passada. Durante o dia os meninos se transformavam em valentões e machões que não tinham medo de nada. Mas, ao cair da noite, se recolhiam de mansinho para casa, como um cachorrinho com o rabo entre as pernas, para mais uma sessão de histórias criadas pela imaginação dos velhos seringueiros, mestres do conhecimento dos mistérios da floresta.

Nessa época, televisão era coisa de gente rica. Mas, em apenas uma década, o maldito aparelho de TV matou o contador de histórias. Com a chegada em massa da televisão no Acre, muita gente ficou rica e milhares de famílias ficaram mais pobres. Para comprar a “máquina de fazer doido”, à época o grande coqueluche, crianças passaram fome em frente à TV enquanto os pais pagavam o aparelho em caras prestações. A partir daí começou a transformação de caráter de nossas crianças.

Não sou contra a utilidade da televisão como entretenimento e informações, sou contra sua programação que de forma nojenta, muda o comportamento dos nossos jovens. Na televisão, a criança aprende que gritar e desobedecer aos pais são a coisa mais natural do, maltratar os mais velhos é moda e por vai.

É na televisão, assistindo enlatados americanos, que jovens brasileiros aprendem a arte do crime e da marginalidade. Como quintal dos americanos, somos obrigados a engolir as baboseiras do “primeiro mundo”. A televisão que deveria servir como um canal de educação para a juventude se transformou numa linha direta para o esgoto do subdesenvolvimento.

Em vez das rodas familiares sob a fraca luz de uma lamparina, estamos ligados na novela das oito, discutindo o final de um enredo criado pelo mercado da alienação nacional.

Crianças, que antes, sonhavam com um carrinho de plástico no dia de aniversário, agora exigem armas de grosso calibre para brincar com os colegas. Adolescentes, que num passado não muito distante, disputavam com decência a companhia de uma garota, agora estão nas ruas roubando e matando para manter o vício das drogas. Essas situações estão em todas as classes sociais, basta ligar a televisão.

Diante das lembranças maravilhosas e da realidade que nos assusta, não há dúvidas de que há 20 e poucos anos atrás, a vida tinha mais alegria, mais significado, mais emoção. Depois que mataram os nossos contadores de histórias e seus heróis, nos resta a leitura de um bom livro ou, como fazem os preguiçosos da literatura, ligar o aparelho de TV que não precisa usar o raciocínio para decifrar as letras.

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sexta-feira, novembro 02, 2007

NÃO VINGOU

Quando se fala em vingar, o primeiro pensamento nos remete ao ato de vingança, ou algo parecido. Mas existe outro tipo de vingar diferente do que diz o Aurélio: tirar desforra, castigar ou punir. Me refiro ao verbo vingar usado nos seringais, na vida cotidiana do seringueiro, dos povos da floresta. Mas especificamente quando nasce uma criança. A expressão vingar naquela região é comum desde priscas eras. Vingar é o termo utilizado quando o recém-nascido não resiste às primeiras horas de vida. “O filho da comadre Maria não vingou, nasceu morto. Que pena vamos esperar o outro”. E assim vai rodando o mundo.

Para quem conhece a vida nos seringais sabe perfeitamente o quanto é difícil sobreviver no isolamento da selva amazônica. Não falo sobre os seringais de beira de estrada, de quatro, cinco horas de viagem. Cito famílias que residem a quatro, cinco dias de viagem à pé, para chegar a um ponto civilizado. Homens e mulheres destemidos que trabalham de domingo a domingo, faça sol ou chuva para manter a família alimentada.

Saúde e educação são dois conceitos inutilizados naqueles rincões distantes, onde doenças como a malária mata mais que o trânsito das grandes cidades. Mas estão lá esquecidos, sem lenço e sem documento. Vivendo por viver. Carteira de identidade, CPF, título de eleitor, carteira de vacina... esqueça, isso não existe. O documento necessário é apenas uma espingarda de grosso calibre para se defender das onças e matar uma embiara para matar a fome dos meninos buchudinhos.

Uma coisa interessante se percebe nos seringais. Mesmo com o problema de vingamento da meninada, em cada casa de seringueiro tem pelo menos uma meia dúzia de bocas miúdas para alimentar. É impressionante a disposição do seringueiro para fazer menino. Uma vez perguntei para um cumpadre lá no meio do mato o porquê de tanto menino. Ele respondeu que como no seringal não tem televisão a diversão e brincar com a mulher antes de dormir. E olha que seringueiro dorme cedo, no máximo oito da noite.

Mas vamos voltar ao verbo vingar. No seringal, quando a mulher está perto de parir, é chamada uma parteira para aparar o rebento. O problema é que sempre essa pessoa mora de seis a 10 horas de viagem. Quando o marido é esperto busca a parteira uns 15 dias antes da data do parto prevista pela grávida. Muitas vezes a parteira não chega a tempo e a pequena criaturinha não vinga. “Foi obra de Deus, foi Ele que quis assim, Ele sabe o que faz”. A mãe que nunca viu um médico na vida acredita no “chamado de Deus” e pronto, o filho é enterrado no fundo quintal. Isso quando a mãe não morre também durante o parto.

Hoje com o avanço da tecnologia ainda morrem crianças bem assistidas pela medicina, imagine o que acontece num parto de alto risco no meio da floresta, sem remédios nem para dor de cabeça. Talvez seja por isso que filho de seringueiro, na sua maioria, sempre recebe o nome de um santo, por ter vingado por um milagre de Deus.

FOTOS PITTER LUCENA