PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil
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quinta-feira, março 26, 2009

CPI DA PEDOFILIA NO ACRE

Muita boa a intenção do deputado Luiz Tchê do PMN do Acre em propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias da existência de uma rede de pedofilia no Estado. Tchê disse estar convicto de que os abusos sexuais e a pedofilia ocorrem em intensidade maior do que é divulgado e o Parlamento tem a responsabilidade de agir com veemência.

Vale lembrar ao nobre deputado que a Assembléia Legislativa do Acre (Aleac) criou no final de 2003, por unanimidade, uma CPI para investigar crimes de pedofilia no Acre, mas infelizmente nunca foi instalada não se sabe por quais razões. A CPI não saiu do papel, nasceu morta e sepultada pelos nobres deputados acreanos.

Em junho de 2004 uma comissão de autoridades do Acre esteve em Brasília para colaborar com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, criada através do Requerimento nº 02/2003–CN, com a finalidade de investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e adolescente no Brasil. Depuseram no Congresso Nacional a juíza da Infância e Juventude, Maria Tapajós, o delegado Josemar Portes, o promotor de justiça Francisco Maia Guedes e o jornalista Pitter Lucena, que vos escreve.

Veja o que disse a doutora Maria Tapajós em depoimento em Brasília: todos sabem que a questão da violência sexual, da prostituição, de toda essa gama que envolve as nossas crianças e adolescentes como vítimas, é muito grave no Estado do Acre.

A cada dia nos assustamos, não vou dizer nos surpreendemos, nos assustamos com o número de pessoas influentes que têm essa prática de violentar nossas crianças, a troco de um picolé, a troco de um ursinho de pelúcia e a troco de uma volta de carro, quando não de um iogurte. Estamos deduzindo que é uma rede, e uma grande rede com punhos bem grossos, e é o que nos preocupa bastante.

O que nos angustia? Acho que há pouco interesse, há pouco empenho, há pouca preocupação de muitas autoridades, de muitos organismos, da própria sociedade, que fecha os olhos, que se cala e isso nos traz muita indignação. Porque vemos... Têm coisas que acontecem no Acre a olhos nus, não precisa alguém denunciar anonimamente, ou alguma criança, ou adolescente nos procurar, não. Estamos vendo. Quer dizer, a coisa está ficando tão grave, e a nossa preocupação como Justiça, minha principalmente, não sei se é porque tenho um afeto todo especial à criança e o adolescente, é que as pessoas estão encarando, a meu ver, com certa naturalidade. Isso é o que mais me preocupa.

Preocupamo-nos com aquelas pessoas que têm mansões ou chácaras um pouco afastadas de Rio Branco e que contam sempre com um personagem ou dois que fazem a escolha das meninas para levar para essas chácaras. Lá acontece tudo que vocês possam imaginar e o que vocês não imaginam. Essas pessoas ganham muito dinheiro, e quanto mais nova for a menina e se for virgem, maior a gratificação. Isso se tornou uma prática em Rio Branco.

Todo mundo sabe que meninas de Rio Branco, de Xapuri e de Senador Guiomar também são recrutadas para ir para Cobija e têm entrada franca, apesar da existência de um termo de cooperação – isso não funciona infelizmente. Eu não sei o que podemos fazer para que a Bolívia realmente cumpra com a sua parte. Ouvimos um depoimento em que uma adolescente diz que boliviano não gosta de bolivianas, que eles só querem brasileiras, inclusive são figuras do exército, são governadores que, em algumas situações, fecham determinadas casas, obrigam as meninas a usar cocaína, tomarem uísque, fica fechado só para aquelas autoridades. Isso também, segundo informações de uma denúncia anônima que colhemos na semana passada, é costume, é uma prática em Cobija.

Os motoristas de táxi, de ônibus e caminhões também são pessoas de bastante significação nessa história. São eles que levam essas crianças e adolescentes para Cobija, para Porto Velho. E a nossa fiscalização, embora seja um Estado fronteiriço, não é rígida nas nossas estradas, porque, lógico, se fosse, eu acho que reduziria esse tipo de crime.
A juíza Maria Tapajós faleceu no dia 19 de agosto do ano passado.

Nos próximos posts o resumo dos depoimentos prestados em Brasília pela comissão acreana na CPI da Prostituição Infantil no Congresso Nacional.

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quarta-feira, março 25, 2009

O QUINTO DOS INFERNOS

Durante o século XVIII, o Brasil Colônia pagava um alto tributo para seu colonizador, Portugal. Esse tributo incidia sobre tudo o que fosse produzido em nosso país e correspondia a 20% da produção. Essa taxação "altíssima", "absurda", era chamada de "O Quinto". Esse imposto recaía principalmente sobre nossa produção de ouro. O Quinto era tão odiado pelos brasileiros, que foi apelidado de "O Quinto dos Infernos".

A Coroa Portuguesa quis, em determinado momento, cobrar os quintos atrasados de uma única vez, no episódio conhecido como Derrama. Isso revoltou a população, gerando o incidente chamado de "Inconfidência Mineira", que teve seu ponto culminante na prisão e julgamento do líder Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT, a carga tributária brasileira deverá chegar ao final deste ano em 38%, praticamente 2/5 (dois quintos) de nossa produção.

Atualmente, a carga tributária é praticamente o dobro do daquela época da Inconfidência Mineira, ou seja, pagamos hoje Dois Quintos dos Infernos!

terça-feira, março 17, 2009

Trabalho em excesso pode causar depressão, estresse e problemas de memórias

Uma pesquisa liderada por cientistas finlandeses afirma que excesso de trabalho pode aumentar o risco de declínio mental e, possivelmente, de demência - termo genérico que descreve a deterioração de funções como memória, linguagem, orientação e julgamento.

O estudo, publicado no "American Journal of Epidemiology", analisou mais de 2 mil funcionários públicos britânicos de meia idade. Descobriu que aqueles que trabalhavam mais de 55 horas por semana tinham menos habilidades mentais do que os que faziam o horário normal.

Quem trabalhava demais apresentou problemas com a memória de curto prazo e lembrança de palavras. Os pesquisadores afirmam ainda que o excesso de trabalho pode causar depressão, estresse e aumento de problemas do sono e do risco de doenças cardiovasculares.

Por outro lado, uma pesquisa da Universidade Queen's de Belfast, no Reino Unido, concluiu que fazer sexo de manhã melhora o funcionamento de diferentes órgãos, reforça as defesas imunológicas e melhora a circulação. Além disso, permite queimar calorias, reduz o risco de diabetes, fortalece ossos e músculos, e ajuda a aliviar a artrite e dores de cabeça.

Capital Humano

quinta-feira, março 12, 2009

JARDIM BOTÂNICO DE BRASÍLIA

Estive na quarta-feira, 11, no Jardim Botânico de Brasília (JBB), lugar de rara beleza do cerrado que cerca o planalto central. Criado em 8 de março de 1985 o JBB passou por muitas reformas a fim de alcançar os objetivos almejados: ser uma área protegida do cerrado, um espaço de pesquisa, educação ambiental e lazer para a população.

Segundo o coordenador do projeto, Jeanitto Gentilini Filho, o JBB é o único jardim botânico do país no cerrado. Até então, o conceito europeu de áreas de proteção dominava o mundo, utilizando o espaço com a finalidade básica de estética e lazer, aclimatando plantas de outros continentes, trazidas pelos viajantes e consistindo num aglomerado de flora mundial.

O JBB alterou essa história. A filosofia que adotou foi original: deveria ser formado principalmente de cerrado, valorizando a conservação da biodiversidade em seu ambiente natural. Levou-se em conta a importância do bioma, o segundo maior do país, que ocupa 25% da área brasileira (200 milhões de hectares) e é rico em flora e fauna.

Para complementar as funções do Jardim Botânico, visando a participação da comunidade, foi proposta a criação da Alameda das Nações e dos Estados, formada por plantas brasileiras e estrangeiras e o Modelo Filogenético no qual são cultivadas espécies de plantas selecionadas e organizadas de acordo com sua evolução ao longo do tempo.

O Laboratório Multidisciplinar do JBB é destinado à análise de sementes e testes para determinar o grau de umidade, a eficácia da germinação e métodos para superar a dormência fisiológica das sementes.

O trabalho visa conhecer as espécies do Cerrado, além de aplicar técnicas apropriadas para armazenar as sementes sem perder a sua viabilidade.

A técnica de propagação in vitro, realizada principalmente com espécies da família Orchidaceae, apresenta resultados promissores que justificam as pesquisas nesta área. Como resultado, foram germinadas 100.000 mudas de 15 espécies de orquídeas ameaçadas de extinção.

As orquídeas são coletadas com o objetivo de se formar matrizes e os frutos maduros provenientes dessas plantas são utilizados para a obtenção de sementes. As milhares de sementes de cada fruto são inoculadas utilizando-se técnicas especiais, em meios de cultura preparados com nutrientes.

Atualmente, estão em fase de aclimatação espécies de orquídeas que farão parte de um programa de reintrodução em seu ambiente natural e incorporadas em projetos de paisagismo urbano do Distrito Federal.

Esse espaço se destina a abrigar a coleção de orquídeas das diversas regiões, principalmente do bioma Cerrado, evidenciando suas riquezas. No Orquidário Margaret Mee são expostas as orquídeas que florescem no viveiro, bem como o material excedente do banco de germoplasma.

A área de visitação pública do JBB possui 526 hectares, onde já existem hoje jardins com plantas nativas e exóticas identificadas. A nova administração do Jardim Botânico pretende consolidar a área destinada ao público com a estruturação do Modelo Filogenético, a criação de espaços para as novas coleções didáticas, a implantação de uma pista de Cooper e a inclusão de outros projetos.

Ao visitar o JBB, você irá contribuir com uma taxa de R$ 2,00, que será revertida na manutenção dos espaços. Crianças até 10 anos e adultos acima de 60 anos estarão isentos deste valor.

Fotos: Pitter Lucena

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terça-feira, março 10, 2009

ACREANO OU ACRIANO?

Luísa Galvão Lessa

Tem-se observado, nos primeiros meses deste 2009, o uso surpreendente do adjetivo gentílico acriano ao invés de acreano. Este último tem o uso consagrado em meio à população regional. Indaga-se, então, quem resolveu, de última hora, mudar a forma de grafar o adjetivo? A Academia Acreana de Letras, Lei, Decreto Governamental, vontade popular?

Recomenda o bom senso e a política do idioma observar alguns pontos fundamentais. Uma língua não muda de uma hora para outra. As mudanças se dão de forma gradativa, sem que os falantes percebam. Habitualmente, essas mudanças ocorrem por forças de fatores internos ou externos, tais como influência de outro idioma, avanços tecnológicos que alteram ou modificam os hábitos de vida das pessoas, índice de escolaridade, fatores culturais etc. E, quando a vida muda, a tendência da língua é acompanhar as mudanças gradativas que se dão no seio de uma comunidade. Mas nada acontece da noite para o dia, exceto os casos expressos em Lei.

Aqui no Brasil, por Decreto, já se proibiu o uso da língua tupi. E aquelas pessoas apanhadas na rua, falando o idioma nativo, deviam ser punidas severamente. E, agora, também será assim? Quem for flagrado falando acreano ou escrevendo acreano vai ser preso? E quem tem num documento escrito ser acreano, também será castigado? Recomenda o bom senso ter-se cuidado e atenção com essas medidas repentinas. Tudo requer estudo, análise, pesquisa e, até mesmo, consulta popular. Já se mudou o fuso horário do Acre sem consulta à população, que hoje amarga o despertar no escuro para ir à escola, ao trabalho.

Considerando o caso epigrafado neste texto, passa-se a fazer um breve estudo de caso sobre o uso “certo” ou “errado” desse adjetivo acriano ou acreano.

I - ADJETIVOS PÁTRIOS

São os adjetivos que indicam a nacionalidade, a pátria, o lugar de origem dos seres em geral. Pode ser chamado de gentílico, quando designa grupos étnicos ou raça. A maioria desses adjetivos forma-se pelo acréscimo de um sufixo ao substantivo que os origina. Os principais sufixos formadores de adjetivos pátrios são: -aco, -ano, -ão, -eiro, -ês, -ense, -eu, -ino, -ita. Vejam-se alguns deles:
Açores = açoriano; Campinas = campineiro, campinense; Goiânia= goianiense; Lisboa = lisboeta, lisbonense; Maceió = maceioense; África = africano; América = americano; Ásia = asiático; Europa = europeu.

II - ESTADOS DO BRASIL
Acre = acreano, acriano. Segundo o Formulário Ortográfico, a forma adequada é acriano, mas, sem dúvidas, a forma preferida da população é acreano, considerando ser a forma usual do povo desde a criação do Território do Acre. Assim, o uso faz a força e não o contrário; Rondônia = rondoniano, rondoniense (duas formas); Sergipe = sergipano;Teresina = teresinense; Santa Catarina = catarinense, santa-catarinense, catarineta, catarinete, caterinete, catarino, barriga-verde (sete formas); Goiânia = goianiense. São uns poucos exemplos a ilustrar o uso que se faz desses adjetivos, em obediência ao processo de formação de palavras e, também, em respeito ao uso eleito pela população.

III – REGISTRO EM DICIONÁRIOS RESPEITÁVEIS DO IDIOMA PÁTRIO: AURÉLIO, HOUAISS e NASCENTES

3.1. Provável etimologia
Topônimo Acre (Brasil) + -iano é uma provável alteração de Aquiri, forma pela qual os exploradores da região grafavam a palavra Uwákürü (ou Uakiry), vocábulo do dialeto Ipurinã. Em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho Melo escreveu ao comerciante paraense, Visconde de Santo Elias, pedindo-lhe mercadorias destinadas à "boca do rio Aquiri". Como em Belém o dono e os empregados do estabelecimento comercial não conseguissem entender a letra de João Gabriel ou porque este, apressadamente, tivesse grafado Acri ou Aqri, em vez de Aquiri, as mercadorias e faturas chegaram ao colonizador como destinadas ao Rio Acre - esta é a versão encampada pelo IBGE. Todavia, há outras hipóteses: der. de Yasi'ri, Ysi'ri 'água corrente, veloz' ou do tupi a'kir ü interpretado como'rio verde'; var. acreano; cf. Nascentes (vol. II).

3.2. Acreano, adjetivo e substantivo masculino relativo ao Estado do Acre ou o que é seu natural ou habitante; acreano. (Houaiss)

3.3. Acriano - [Do top. Acre + -iano.]
Adj.
1. Do, ou pertencente, ou relativo ao Estado do Acre.
S. m.
2. O natural ou habitante do Acre.
[É menos boa a grafia oficial, acreano.] (Aurélio). Mas não diz ser errada.

3.4. Acreano
Adj.
S. m.
1. V. acriano. Aqui, também, o estudioso considera as duas formas. (Aurélio)

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O filólogo Antônio Houaiss (foi meu professor e faleceu em 1989), autor do Projeto da atual Reforma Ortográfica entre países de Língua Portuguesa, um dos homens mais cultos que este país já contou entre seus ilustres filhos, afirma que, desde 1911, vem impondo-se, na língua culta, a regra segundo a qual só se escreverá –eano quando a sílaba tônica do derivante for “e” tônico ou ditongo tônico com base em “e” ou, em que, mesmo átono, o “e” for seguido de vogal átona. Exemplos: arqueano (Arqueu), daumeano (Daomé), egeano (Egeu), galileano (Galileu), lineano (Lineu). Os demais serão sempre em –iano: acriano (Acre), ciceroniano (Cícero), freudiano (Freud), Camiliano (Camilo) etc. Em obediência a essa regra, teríamos de escrever acriano (com “i”).

De qualquer forma, quem elabora a evolução, quem faz a língua, contrariando, às vezes, a forma proposta pelos gramáticos e filólogos, é o falante. E este, no caso específico, ainda não decidiu nada. Percebo que começam, agora, a avistar, pela primeira vez, o adjetivo gentílico “acriano”. Algumas pessoas até se assustam e pensam tratar-se de erro crasso, uma gralha condenável. Assim, embora os gramáticos e dicionaristas tradicionais como “Aurélio” e “Houaiss” tragam acriano como ‘a melhor forma’, não se pode perder de vista que o uso faz a forma. E desde que o Acre é Acre sempre se escreveu acreano.

Tenho 61 anos e nunca vi outra grafia aqui em nossa terra. Seria o caso de indagar-se à população, por um plebiscito, se desejam ser “acreanos” ou “acrianos”. A depender de uma resposta positiva pela nova grafia, que ora figura em textos oficiais e em jornais locais, haveria um Projeto de Lei confirmando a nova forma. Esta seria comunicada aos poderes constituídos para adoção do uso nos documentos oficiais, livros, cartórios etc. Não se muda uma forma pelo gosto de uns poucos e sim pela opção da maioria das pessoas.

Desse modo, compreendo que somente o futuro dirá se a forma predominante será acriano (com “i”) ou acreano (com “e”). A própria autoridade competente poderá, futuramente, determinar qual a forma oficial a ser utilizada. Também poderá deixar permanecer as duas formas: acreano e acriano. É estudo que pode ser solicitado à Academia Acreana de Letras. Consideram-se, ao final, as sábias palavras de Fernão de Oliveira (1536), nosso primeiro gramático, ao dizer: ‘os homens fazem a língua e não a língua os homens’.

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Luísa Galvão Lessa – É Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

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Aluno pagará universidade com trabalho na rede pública

O governo federal fechou um projeto para que estudantes de medicina e de cursos de formação de professores de educação básica possam pagar sua faculdade trabalhando na rede pública após a conclusão do curso. Discutido por dois anos, a proposta recebeu o aval do Ministério da Fazenda - último entrave da negociação na administração federal. Os ministérios da Educação e Saúde esperam enviar o projeto para o Congresso no mês que vem.

O objetivo é reduzir o déficit de médicos e professores na rede pública. Segundo o MEC, faltam hoje 246 mil professores, e 300 mil lecionam em áreas para os quais não foram formados (exemplo: pedagogo que dá aula de matemática).

Já o Ministério da Saúde estima que cerca de 500 cidades - principalmente no Norte e Nordeste - não têm equipe médica adequada. O projeto é polêmico e divide entidades e pesquisadores. A medida integrará o Fies, programa federal de financiamento estudantil. O aluno de medicina ou de formação de professores (pedagogia ou licenciaturas) teria a graduação financiada pela Caixa Econômica Federal, como já ocorre.

Capital Humano

segunda-feira, março 09, 2009

ABORTO, EXCOMUNHÃO E UM BISPO SEM PIEDADE

O que uma equipe de médicos e funcionários públicos mereceria ao salvar uma menina de nove anos de uma situação traumática?

No mundo racional das pessoas de bem, esta equipe mereceria reconhecimento, respeito e homenagem. Mas na compreensão e sem piedade do bispo de Recife e Olinda, dom José Cardoso Sobrinho, a equipe merece a excomunhão.

Estuprada pelo padrasto, a menina estava grávida de gêmeos e, para salvar sua vida os médicos da Maternidade Cisam, da Universidade de Pernambuco, no Recife, fizeram o que a lei e a ciência determinam: a pedido da mãe da menina, foi realizado um procedimento médico, através de medicamentos, que eliminou os fetos do ventre da criança.

Foram punidos com a excomunhão, uma punição muito grave para os católicos, que corresponde à expulsão da comunidade. O bispo estendeu a punição a todos os envolvidos no caso, poupando apenas a menina pelo fato dela ser ''de menor'', conforme suas palavras. Para ele, o estupro cometido contra uma criança de nove anos de idade é um crime menor e, por isso, deixou o padrasto fora da excomunhão.

O bispo Sobrinho não é um homem estúpido. Ele sabe que uma criança de nove anos de idade, com 33 quilos de peso, não tem estrutura física nem psicológica para suportar uma gravidez, ainda mais uma gravidez de gêmeos. Sabe também de todas as perversas consequências sociais que a criança e sua família enfrentariam se a gravidez fosse levada adiante. Mas nenhuma razão humanitária foi levada em conta pelo bispo para defender seus dogmas, que são desumanos e ofendem a compreensão de nosso tempo.

Não bastasse a iniciativa da excomunhão coletiva, um advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife, Márcio Miranda, anunciou que vai apresentar uma denúncia de homicídio contra a mãe da menina por ter autorizado o aborto. Como é um aborto amplamente amparado pela lei brasileira, só resta entender a iniciativa do advogado como uma ameaça inquisitorial.

A continuar sendo comandada por gente obtusa como o bispo Sobrinho, a igreja católica, que tem no seu currículo a Inquisição (hoje chamada Congregação para a Doutrina da Fé) e outras perversidades, como as já frequentes acusações de pedofilia, perderá cada vez mais o respeito e a voz diante da sociedade.

Em sua cruel e fora de época defesa dos dogmas da igreja, o bispo afrontou a sociedade, nostálgico talvez do remoto passado em que a voz dos púlpitos tinha força de lei para toda a sociedade. Mas, no caso, a reação foi imediata. O presidente Lula considerou a decisão do bispo lamentável; o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que ela foi ''radical'' e ''inadequada''. A médica Fátima Maia, diretora do Cisam, e que é católica, deu ''graças a Deus'' por estar ''no rol dos excomungados'', e que não se arrepende de ter ajudado a menina. Em Brasília, Valéria Melk, representante do movimento Católicas Pelo Direito de Decidir se declarou indignada pela atitude do bispo: ela é ''uma crueldade'', disse.

Como bem lembrou o jornalista Ricardo Kotscho: ''E pensar que esta mesma Arquidiocese de Olinda e Recife já foi ocupada por um homem como dom Hélder Câmara, o bispo que nos tempos mais sombrios da ditadura militar, arriscava a própria vida para salvar a vida dos outros''.

Fonte: VERMELHO

quinta-feira, março 05, 2009

O ACREANÊS É MAIS FÁCIL QUE O PORTUGUÊS

E a pergunta que ainda não me foi feita e que, mesmo assim, não quer calar é a seguinte: porque aquele Estado que tem o formato de um risoles de carne se chama Acre? O que quer dizer Acre? Para isso eu recorro ao Aurélio, aquele ingrato, e vejo que Acre quer dizer áspero, amargo e seco. Definitivamente, esse Aurélio é um sujeitinho fulero! Não sai do nosso pé! Mas aqui estou eu para defender a honra deste Estado amazônico, cheio de amazônidas que querem também fazer uma "boquinha" no Brasil. Segundo as minhas pesquisas feitas com os maiores historiadores do Estado: o Zéquinha da Banca e o Seu Toinho do boteco, o nome Acre vem de um mal entendido.

Os primeiros brancos que por aqui pisaram, tinham que transcrever o que viam pelas bandas de cá, e foram informados pelos índios Apurinãs, que aquele rio que desaguava no Purus se chamava Aquiry, ou seja, rio dos jacarés. Reza a lenda, ou não, que as primeiras cartas que vinham destes confins da Amazônia traziam uma caligrafia horrorosa, tanto que o primeiro que leu, entendeu como sendo Acre... E aí pegou. Não teve jeito! Mas eu, com os meus estudos profundos sobre a acreanidade, venho através desta fazer uma revelação: aquilo não era apenas uma caligrafia horrorosa, e sim a semente de uma nova língua que os nossos brilhantes antepassados plantaram em solo aquiryano.

Todos os Estados tem seus termos particulares, aqueles palavreados que identificam de cara de onde o sujeito vem. Se o cara te manda um "Tchê", tá na cara que é gaúcho. Ou então falando um preguiçoso "se achegue bichinho...", só pode ser baiano. Ou então manda um "Uai moço. Esse trem tá bão dimais"... Esse é mineiro. Aí vem um mano e diz "Urra meu". Bingo! É paulistano! E se alguém ficar bravo contigo e vir todo folgado dizendo "Qualé meu irmão?", não tem outra: é carioca! Também tem o outro esfuziante "Ui! Que maravilha!" Tá na cara: é viado (ops!).

O acreano, como não poderia ficar de fora, vai mais além: mais do que termos regionais, nós temos uma nova língua! ”Marrapaiz, o piseiro ontem foi arretado. Foi um furdunço só! Tinha uma embiricica de gente. Tanto que um valentão levou uma peia, por se atracar com mulher alheia.”
Entenderam? Professor Pasquale traduziria assim:
- Não entendi nadica de nada!!!
Calma Pasquale! Você não entendeu porque isso não é português: é acreanês! Para tradução eu chamo o Guimarães Rosa da literatura acreana: o "Seu Tião da Colocação". Vai lá mestre:
- Essa é fácil Felipe. A tradução é a seguinte: "Maninho, o bate-coxa foi uma beleza. Era um fusuê só! Tinha uma pá de gente. Tanto que um encrespado apanhou feio, por ter se engraçado com a muié do otro."
Viram só como é fácil? Valeu seu Tião!!!

No entanto, peço a atenção de vocês para o termo "marrapaiz". Eu sou capaz de dizer que o acreano se mostra realmente acreano quando manda um "marrapaiz". A base formadora da sociedade acreana são os seringueiros e o termo marrapaiz. Não tenho dúvidas. Acreano que não fala marrapaiz é ruim da cabeça ou doente da voz!!! Esta palavra é uma corruptela da expressão "mas rapaz" e, de acordo com a entonação que é dita, pode significar absolutamente tudo.
- E aí, como é que foi a festa ontem?
- Marrapaiz!
Só isso basta para saber se o cara ficou com mulher ou não. Se foram duas, três ou se saiu de mãos abanando. Se voltou bêbado ou não... E ele só falou "Marrapaiz".
Apesar do rapaiz, o termo serve tanto para o feminino como para o masculino.
- Menina, me conta como é que é o Luis na cama...
- Marrapaiz!
E você sabe exatamente a vida sexual do sujeito: se é brocha ou não, se é pequeno ou é grande, blá, blá, blá...
O acreanês é mais fácil que o português!!!

Do blog http://picaretasdatavola.blogspot.com/

FOTOS PITTER LUCENA