PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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terça-feira, janeiro 29, 2008

AÇÕES VIRTUAIS DE LULA NA AMAZÔNIA

João Capiberibe

O desmatamento disparou na Amazônia entre agosto e dezembro de 2007. O sistema DETER - Detecção do Desmatamento em Tempo Real, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)- informa que o desmatamento pode chegar a sete mil quilômetros quadrados nos últimos cinco meses do ano passado.

O presidente Lula, assustado, convocou uma reunião de emergência com os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Dilma Rousseff (Casa Civil), Reinhold Stephanes (Agricultura), Tarso Genro (Justiça), Nelson Jobim (Defesa) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), além do diretor-geral da Polícia Federal.

Após cinco anos e 24 dias de governo, Lula continua tratando a Amazônia em reuniões de emergência.

A falta de sensibilidade de Lula com as questões ambientais e, em particular, com a Amazônia, vem de longe. Tanto, que militantes e simpatizantes do PT preocupados com políticas para a área estimularam a organização de fóruns de debates específicos sobre esses temas bem antes da vitória de 2002.

Em 2000, em Belém, aconteceu o 1º Fórum Amazônico. Lula não compareceu, deixando seus organizadores frustrados e ainda mais preocupados com a falta de atenção demonstrada por ele.

Em novembro de 2001, em Macapá, foi realizado o segundo e último fórum de discussão sobre alternativas de desenvolvimento sócio-ambiental para a região. Eu estava concluindo o segundo mandato de governador, cujo programa, fundamentado no do desenvolvimento sustentável, transformara-se em vitrine de projetos inovadores e bem sucedidos.

Lula compareceu. Ouviu atentamente e participou das plenárias e debates. Suas intervenções encheram de esperança a platéia. Saímos eufóricos do encontro, convictos que a Amazônia de nossos sonhos e lutas se realizaria com Lula na presidência do Brasil.

No dia seguinte, na companhia do então governador do Acre, Jorge Viana, de Vicente Trevas, da direção nacional do PT, e Lourival Freitas, do diretório estadual, levamos Lula a Laranjal do Jarí, uma enorme favela sob palafitas. Dívida social inconteste de um mega-projeto do multimilionário americano Daniel Ludwig.

Em seguida, rumamos até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, onde visitamos a fábrica de biscoitos e óleo de castanha do Brasil, resultado da iniciativa e força de vontade de uma cooperativa de castanheiros com o apoio do governo do Amapá.

Lula pode assim testemunhar, as possibilidades de um modelo de desenvolvimento capaz de combinar atividade econômica com eqüidade social e conservação ambiental.

No retorno, Lula falou do que viu e ouviu dos castanheiros. Fez comentários otimistas, falando do futuro da Amazônia sustentável e da participação no governo de quadros com a visão e experiência na construção do novo paradigma, caso se elegesse presidente.

Os castanheiros do Iratapuru e de toda a região sul do Amapá comemoraram a eleição de Lula. Afinal, tinham um presidente que sabia o que era um castanhal, também festejaram nossa eleição para o Senado. Consideravam-me uma voz confiável junto ao presidente. Não esqueciam o dia em que chegamos juntos para visitá-los.

Poucos meses depois da posse, em Rio Branco, com pompa e circunstância, Lula lançou o Programa Amazônia Sustentável (PAS). O documento, mesmo sem que tivéssemos sido convidados a contribuir, preenchia o vazio da falta de políticas públicas para a Amazônia. Saí da solenidade convencido de que daríamos uma demonstração ao mundo, de competência para desenvolver e conservar a Amazônia.

Depois daquela solenidade, nunca mais se ouviu falar do PAS e a Amazônia continua detentora da maior biodiversidade do mundo, de 20% da água doce do planeta, mas condenada a destruição pelo avanço dos madeireiros, da soja, do boi, da transformação de essências em carvão vegetal para produção de ferro e agora da cana-de-açúcar. Atividades que contam com todo tipo de incentivos públicos, da pesquisa ao financiamento subsidiado.

Enquanto isso, os castanheiros do Iratapuru e da região sul do Amapá, que festejaram a eleição do presidente operário, perderam o apoio dos governos federal e estadual. Relegados pelo poder público, sobrevivem graças às parcerias com indústrias comprometidas com a conservação ambiental e responsabilidade social.

Ancorado na repressão aos crimes ambientais, o governo anuncia, depois de mais uma reunião de emergência, que a lei vai ser cumprida com rigor, doa a quem doer. Ora! Em um país que não consegue fazer cumprir as leis nas cidades, onde o crime organizado divide o poder com o estado, como acreditar que agora o governo vai ter braços para chegar aos criminosos que agem na floresta com a conivência de políticos que compõem a base de sustentação do governo Lula.

Para concluir, repito o que digo desde o assassinato de Chico Mendes: enquanto não se estabelecer em nossa sociedade uma nova relação homem-natureza, que fundamente as políticas públicas para a Amazônia, de nada vai adiantar reuniões de emergência ou ações virtuais para apagar incêndios de verdade. A Amazônia vai continuar ardendo e nós brasileiros vamos continuar sendo conhecidos como predadores diante dos olhos do mundo.

João Capiberibe - ex-prefeito, ex-governador, ex-senador pelo Amapá. Atualmente vice-presidente nacional do PSB

Leia mais no blog do Altino Machado

Dom Moacyr Grechi critica defensores dos desmatamentos na Amazônia

O arcebispo de Porto Velho, dom Moacir Grechi, criticou com veemência os autores de crimes contra o meio ambiente na Amazônia. Ele questionou a eventual existência de cumplicidade ou hipóteses de omissão, prevaricação, concussão, formação de quadrilha e associação delituosa entre agentes públicos, autoridades, políticos e inescrupulosos grileiros, posseiros e latifundiários patrocinadores da devastação ambiental em Rondônia, Pará e Amazonas, estados responsáveis por 50% do total de 3.235 quilômetros quadrados desmatados na Amazônia, nos cinco meses últimos de 2007.

"Eles desmatam para aumentar as plantações de soja, os pastos de gado, querem aumentar os lucros. Depois colocam a culpa em cima dos mais pobres, os trabalhadores rurais sem terras. Quem pratica injustiça, corrupção, roubo e usa laranjas em operações financeiras desonestas sempre terá uma espinha no coração", disse nesta segunda-feira (28/010), durante a apresentação do programa "Amanhecer com a Ave Maria", transmitido diariamente pela rádio Caiari, às 5hs45 minutos e reprisado às 8 horas.

MENTIRAS DE POLÍTICOS NA TELEVISÃO
Dom Moacir disse que ao assistir uma entrevista num canal de televisão ficou indignado ao constatar um show de demagogia explícita e mentiras de um defensor dos que colocam em risco a sobrevivência da maior biodiversidade ou diversidade genética do planeta, patrimônio da Humanidade. "Nossa política melhorou um pouquinho, mas existem pessoas que mentem descaradamente. Que Deus nos liberte da prisão do egoísmo e nos livre dos caluniadores, dos mentirosos, dos que defendem apenas os interesses particulares e dos que praticam injustiças contra os pequenos", disse.

PROMOTORES E MAGISTRADOS DEVEM DECIDIR O QUE É JUSTO
Tendo como fundamento da sua pregação o Evangelho de São Marcos (4:12-23) e os ensinamentos de São Thomas de Aquino (1225-1274), conciliando a fé e a razão, dom Moacir traçou um paralelo comparativo histórico entre o comportamento das autoridades dos três Poderes na recuada época em que viveu Jesus de Nazaré e ações das autoridades pretéritas ou atuais. Disse que promotores e magistrados devem opinar e decidir pelo que é justo e não devem, por ação, omissão, prevaricação ou lentidão distribuir ou multiplicar injustiças sociais: "Naquela época os Fariseus e os doutores da lei mentiram, caluniaram, difamaram e perseguiram Jesus até a morte. Os Fariseus e doutores da lei eram diabólicos. Pareciam devotos, mas arrancavam o dinheiro das viúvas". Ao concluir, dom Moacir ensinou aos fiéis o melhor remédio contra maus políticos corruptos, mentirosos, invejosos, defensores apenas dos interesses próprios: "Quem segue Jesus está protegido. O demônio é fraco diante de Jesus. É um leão acorrentado".

Abelardo Jorge

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Marina Silva: combate ao desmatamento exigirá esforço maior em 2008

Além dos dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que confirmaram o aumento na devastação da Amazônia nos cinco últimos meses de 2007, fatores climáticos, políticos e econômicos preocupam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Para ela, o governo deve estar atento à estiagem prolongada, aos altos preços internacionais da soja e da carne e as eleições municipais de 2008.

Segundo a ministra, essa combinação tem aumentado a pressão sobre a floresta e exigirá esforço redobrado do governo. "É um teste de fogo. Apostamos em uma ação ainda preventiva para manter a queda do desmatamento em 2008. É possível fortalecer a governança mesmo em condições atípicas", afirmou hoje (23) a ministra em entrevista coletiva.

Entre medidas preventivas já adotadas pelo governo federal, a ministra citou a criação, em dezembro, do Grupo de Trabalho de Responsabilização Ambiental, órgão interministerial que acompanhará os 150 maiores casos de devastação da floresta, e do Comitê Executivo do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da BR-163, cujo objetivo é levar políticas de desenvolvimento sustentável, conservação ambiental e inclusão social às comunidades que vivem às margens da rodovia, que liga o Mato Grosso ao Pará.

Na sexta-feira (25), Marina Silva prometeu divulgar uma lista suja, com aproximadamente 30 municípios que mais contribuem para o desmatamento na Amazônia. Nesses locais, as propriedades rurais que fizeram derrubadas ilegais deverão ser embargadas. "Só poderemos verificar se essas medidas serão efetivas ao final de um período maior, mas vamos reforçar as ações para tentar alcançar o objetivo do desmatamento ilegal zero", disse a ministra.

A ministra lembrou que 165 mil quilômetros quadrados da floresta já foram convertidos em áreas de produção. O uso intensivo destas áreas permitiria, segundo ela, triplicar a produção agrícola sem derrubar mais nenhuma árvore da Amazônia.

De acordo com o Inpe, de agosto a dezembro de 2007 foram desmatados 3.235 quilômetros quadrados (que equivalem a cerca de 320 mil campos de futebol) da floresta amazônica, mas o número pode estar subestimado em virtude da ausência de imagens de satélite mais detalhadas. O desmatamento real pode ser de até 7 mil quilômetros quadrados, segundo o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Paulo Capobianco.

A maior parte dos desmatamentos detectados no período se concentrou em três estados: Mato Grosso (53,7% do total desmatado), Pará (17,8%) e Rondônia (16%).

Marco Antônio Soalheiro - AB

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segunda-feira, janeiro 28, 2008

Embrapa desenvolve corante de açaí para tratamento dentário

Leandro Martins

Um produto amazônico vai revolucionar o tratamento dentário. Trata-se do corante natural de açaí, que foi desenvolvido pela Unidade Amazônia Oriental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Universidade Federal do Pará. Ele será apresentado no 26º Congresso Internacional de Odontologia, que ocorre até terça-feira (29) em São Paulo.

O corante de açaí permite a identificação da cárie e de outras doenças dentárias. Segundo o coordenador de inovação tecnológica da Embrapa, Arnoldo Medeiros, o produto não apresenta gosto e é mais eficiente do que os corantes artificiais utilizados hoje em dia: "Comparando com os outros produtos existentes, a maioria deles são sintéticos. E às vezes têm efeitos no fígado, ou até efeitos cancerígenos, mas vêm sendo amplamente utilizados", compara.

O coordenador da Embrapa aponta outra vantagem do produto. Ele é obtido a partir de um fruto amazônico, o que barateia o custo de produção. Ele diz que há expectativa sobre a apresentação do corante de açaí no congresso de odontologia: "Esperamos ter a oportunidade de contatar as grandes empresas que produzem produtos odontológicos e mostrar a eles a eficiência desse produto, que, além de tudo, tem a vantagem de gerar postos de trabalho na Região Norte, que necessita de emprego".

O produto já está registrado pela Embrapa nos Estados Unidos e está sendo analisado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), que vai licenciá-lo para grandes indústrias brasileiras e internacionais.

Agora, os pesquisadores da Embrapa pretendem desenvolver uma fábrica processadora de açaí para extrair o corante da fruta. Isso vai gerar mais empregos na Amazônia, tanto na plantação como na colheita e no beneficiamento do produto.

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quarta-feira, janeiro 16, 2008

DESABAFOS DE UM BOM MARIDO

Luís Fernando Veríssimo

Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar: duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas.

Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo. Eu levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta. Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento. 'Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!' ela disse. Então eu sugeri a cozinha.

Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse: 'Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar'. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

Lembrem-se, o casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100% dos divórcios começam com o casamento. Eu me casei com a 'Sra. Certa'. Só não sabia que o primeiro nome dela era 'Sempre'.

Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'.

No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher.

Desde então, nem Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso.
'Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes: o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim.

Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa.

Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.
- Quando você terminar de cortar a grama, eu disse, 'você pode também varrer a calçada.'

Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida. 'O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...'

TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE A FEBRE AMARELA

O aparecimento de casos recentes de febre amarela tem provocado uma corrida aos postos de saúde do país. Até terça-feira (15), foram confirmadas cinco mortes pela doença em todo o país. O número de mortes já se iguala ao total registrado em todo o ano passado. Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, dos 27 casos suspeitos de febre amarela notificados, seis foram descartados e seis confirmados, sendo cinco mortes e um em recuperação.

Em pronunciamento, no domingo (13), o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afastou a possibilidade de epidemia da doença e pediu calma à população. De acordo com o governo federal, a febre amarela está erradicada nas áreas urbanas. A doença tem sido exclusivamente silvestre no Brasil. Entre 1996 e 2007, o país registrou 349 casos de febre amarela - todos são relativos a pessoas que entraram nas matas e não tinham tomado a vacina contra a doença.

Para esclarecer as dúvidas, o Ministério da Saúde elaborou listas com as perguntas mais freqüentes sobre a doença e a imunização.

1- Por que está se falando tanto sobre febre amarela?
Atualmente, o vírus da febre amarela circula nas áreas de matas. Não há registro de casos urbanos desde 1942. Por ação preventiva, o Ministério da Saúde acompanha todas as mortes registradas de macacos, que são hospedeiros dos vírus. Em dezembro, registrou-se morte de macacos nas regiões do Distrito Federal e de Goiás. Para proteger a população, as autoridades promoveram campanhas de vacinação.

2 - Onde a febre amarela está ativa? Quais as áreas de risco?
A febre amarela circula nas áreas de mata das regiões Norte e Centro-Oeste, Maranhão e Minas Gerais. Essas são áreas consideradas de risco. Além delas, há as regiões de transição (Oeste dos estados do Piauí, São Paulo, Paraná e Santa Catarina) e a de potencial risco (Sul dos estados da Bahia e do Espírito Santo).

3 - Como posso me prevenir contra a doença?
A rede pública de Saúde oferece vacina totalmente eficaz contra a doença. Ela é produzida pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz.

4 - Todos devem tomar a vacina?
A vacina já faz parte do calendário de vacinação básica dos estados onde há risco de contágio e está disponível também no restante do país. A imunização pode ser aplicada a partir dos seis meses de vida. A recomendação de imunização é para quem mora ou vai viajar para áreas de risco e não tenha se vacinado nos últimos dez anos.

5 - Eu já tomei a vacina. Preciso revacinar?
A vacina protege a pessoa por dez anos. Ou seja, se você tomou a vacina depois de 1999, não é preciso revacinar.

6 - Se não moro na área de risco, preciso me vacinar?
A vacina está disponível nos postos de vacinação de seu estado. A recomendação é que, se você pretende ir para uma área de risco, vá a um posto de saúde dez dias antes.

7 - Ao sair do posto de vacinação, já estou imunizado?
Não. O efeito de proteção começa a contar a partir do décimo dia após a vacinação. Ou seja, quem pretende viajar para áreas de risco deve ir a um posto de saúde dez dias antes.

8 - Há o risco de a doença se espalhar para grandes centros urbanos como Rio e São Paulo?
Existe uma grande "barreira sanitária" montada pelo Ministério da Saúde, estados e municípios contra a urbanização da febre amarela. A vacinação é uma mostra deste esforço. Em regiões de risco, a medida atinge mais de 90% da população. Outra mostra é o monitoramento das mortes de macacos.

9 - Quais os sintomas da febre amarela?
A doença é caracterizada pela febre alta, dor de cabeça, vômito e insuficiência dos rins e do fígado.

10 - Existem contra-indicações da vacina?
A vacina contra febre amarela é contra-indicada para crianças com menos de 6 meses de idade, pessoas com baixa imunidade (causada por doenças ou tratamentos), gestantes e quem tem alergia a ovo de galinha e derivados.

11 - A doença se chama febre amarela por que quem a contrai fica obrigatoriamente com icterícia?
A icterícia é uma coloração amarelada que aparece na pele e nos olhos. Ela é uma característica da doença. Mas existem formas mais leves da febre amarela, que não chegam a formar icterícia. Já a febre acontece em todas as situações.

12 - A doença passa de pessoa para pessoa?
Não existe transmissão de pessoa a pessoa. A doença é sempre transmitida pelo mosquito contaminado.

13 - Pode haver problema se a pessoa tomar a vacina e logo depois ingerir álcool?
Não há problema de associação de álcool e vacina.

14 - Quem toma a vacina pode tomar qualquer tipo de medicamento depois?
Não foram constatados problemas em relação ao uso de medicamentos depois da imunização, mesmo considerando remédios controlados.

15 - Existe a necessidade de jejum para tomar a vacina?
Não há qualquer recomendação nesse sentido.

Do G1

terça-feira, janeiro 15, 2008

REVELADO MISTÉRIO DA MONA LISA

Pesquisadores alemães confirmaram tese de que se trata de Lisa del Giocondo. Retratada seria a esposa do poderoso mercador florentino Francesco del Giocondo.

Uma equipe de cientistas alemães da Universidade de Heidelberg acabou com o mistério sobre a identidade da Mona Lisa, o retrato mais famoso de Leonardo da Vinci, e confirmou a tese mais divulgada que se trata de Lisa del Giocondo.

A Universidade anunciou que a verdadeira identidade da Mona Lisa foi descoberta há mais de dois anos pelo especialista em manuscritos Armin Schlechter, que certificou que a mulher do misterioso sorriso é Lisa Gherardini, esposa do poderoso mercador florentino Francesco del Giocondo.

Schlechter baseou suas afirmações em uma fonte descoberta durante os trabalhos de catalogação do fundo documentário da Universidade de Heidelberg na hora de preparar o registro de incunábulos (livros impressos que datam dos primeiros tempos da imprensa, ou seja, até o ano de 1500).

Uma edição de Cícero impressa em 1477 contém uma anotação do funcionário da Chancelaria florentina Agostino Vespuci na qual compara Leonardo da Vinci com Apeles, o grande pintor da Grécia Antiga.

Retrato
A anotação de Vespuci, datada de outubro de 1503, destaca que da Vinci trabalhava nesse momento na realização de um retrato de Lisa del Giocondo.

A nota marginal de Vespuci possibilita a exata datação da obra e confirma as afirmações de Giorgio de Vasari, que em 1550 foi o primeiro a identificar por escrito a identidade da Mona Lisa.

Vasari (1511-1574), um alto funcionário da época, publicou em 1550 um catálogo artístico no qual figurava a Mona Lisa, obra que datava de entre 1503 e 1506.

Dado que Giorgio de Vasari era considerado pouco confiável, que seu catálogo foi publicado quase 50 anos depois que o quadro foi pintado e que o próprio Leonardo da Vinci nunca mencionou esse retrato, até agora se tinha posto em dúvida o que agora parece a identidade definitiva da Mona Lisa.

A Universidade de Heidelberg destacou que a descoberta de Armin Schlechter já foi publicada em maio de 2005 em um catálogo editado por ocasião de uma exposição de incunábulos que aconteceu no centro acadêmico e na qual figurava a obra de Cícero com a nota marginal de Vespuci sobre Leonardo da Vinci e a Mona Lisa.

Do G1

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SAÚDE DE 1º MUNDO DO ACRE, NA UTI

Estudo realizado por pesquisadores da UFAC e da FUNDHACRE mostra uma taxa de mortalidade de 38%, valor muito superior ao de outras unidades similares do país. O mais grave: a taxa tem aumentado desde a criação da unidade.

Pesquisadores da UFAC e da FUNDHACRE que realizaram um estudo sobre as características clínico-epidemiológicas de adultos e idosos atendidos na unidade de terapia intensiva da FUNDHACRE verificaram que a taxa de mortalidade dos pacientes internados naquela unidade é de 38%. Este número é significativamente mais elevado do que o observado em outros estudos realizados no país. Na UTI de Anestesiologia da Escola Paulista de Medicina, por exemplo, a taxa de mortalidade observada foi de 28,5%. Em dois hospitais universitários as taxas de mortalidade foram, respectivamente, de 29,4 e 32,7%.

A pesquisa, intitulada "Características clínico-epidemiológicas de adultos e idosos atendidos em unidade de terapia intensiva pública da Amazônia (Rio Branco, Acre)" foi publicada na Revista Brasileira de Terapia Intensiva (V.19 n.3 São Paulo jul./set. 2007) pelos pesquisadores Kátia Acuña (UFAC), Éliton Costa (Fundhacre), Alberto Grover (Fundhacre), André Camelo (Fundhacre/UFAC) e Rinauro Santos Júnior (Fundhacre).

Durante o estudo na FUNDHACRE foram avaliados 79 pacientes. Destes, a maioria (54,2%) era proveniente da própria FUNDHACRE e o restante (45,8%), foi encaminhado a partir do HUERB (Pronto socorro), como pós-operatório de intervenção cirúrgica de emergência.

O óbito foi observado em 38% dos pacientes admitidos durante o período do estudo, com associação significativa entre mortalidade e tratamento dialítico, internação clínica, ventilação mecânica, uso de fármacos vasoativos, número de internações cirúrgicas, hipoalbuminemia e linfocitopenia.

Um dado significativo da pesquisa é que a maioria dos óbitos (47,9%) ocorreu entre pacientes internados por razões clínicas, enquanto que a mortalidade entre os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos (inclusive os de emergência), foi de apenas 25,7%.

Este dado parece indicar que o atendimento primário de emergência prestado pelas unidades móveis do SAMU tem contribuído para uma diminuição significativa das mortes de acidentados em estado grave que são submetidos a procedimentos cirúrgicos de emergência depois de admitidos na rede hospitalar.

Atendimento pouco especializado e alta taxa de mortalidade dos internados
A pesquisa demonstrou que o atendimento efetuado na UTI da FUNDHACRE se caracteriza por ser pouco especializado. O dado mais preocupante, entretanto, é o gradual aumento na taxa de mortalidade entre os pacientes internados na UTI da FUNDHACRE desde a sua implantação, em 1998. Naquele ano, a taxa foi de 32%. Em 2003 ela subiu para 36,9%. No estudo atual, ela chegou a 38%.

Embora os autores da pesquisa afirmem que a taxa de mortalidade daquela unidade seja a esperada para a gravidade dos pacientes, esta conclusão não tem suporte dos resultados apresentados na pesquisa, que indicam uma taxa de mortalidade acima da média verificada em outros estudos no país.

Os autores ressaltam os benefícios da implantação do serviço no Acre, pois o mesmo "representa a possibilidade de sobrevivência frente à doença grave, trazendo recursos antes indisponíveis na prática médica local como ventilação mecânica, suporte hemodinâmico e terapia nutricional parenteral".

Eles afirmam ainda que "a evolução da Medicina no Estado, fomentado por ações do Governo do Estado do Acre, com criação de Programas de Residência Médica, Curso de Medicina Federal, oferecendo qualificação docente através de Cursos de Mestrado e Doutorado na localidade, reformando, ampliando e modernizando os campos de práticas existentes para credenciamento como hospital universitário, representam os maiores avanços dos últimos anos".

A FUNDHACRE, é uma instituição pública estadual de nível terciário responsável pela realização de intervenções cirúrgicas de grande porte e procedimentos de alta complexidade, referência para todo o Estado e regiões fronteiriças. Em 2002, com o início do Curso de Medicina da UFAC, tornou-se hospital auxiliar de ensino.

No momento encontra-se em fase final de processo de reforma, modernização e ampliação para atender as exigências para credenciamento como hospital universitário com capacidade para 232 leitos. Dispõe de Centro de Nefrologia com hemodiálise, centro cirúrgico com oito salas, Serviço de Terapia Nutricional Enteral e Parenteral, Hospital do Idoso e mais recentemente Hospital do Câncer (CACON).

A UTI da instituição foi reformada, reequipada e ampliada para 10 leitos. Atualmente, o Estado conta com três UTIs, todas localizadas na capital. Além da FUNDHACRE, existe uma unidade com 10 leitos, inaugurada em 2004, no HUERB (Pronto Socorro) e uma unidade em um hospital particular com 5 leitos.Clique aqui para ler a pesquisa na íntegra.

Postagem original no site Ambiente Acreano. Clique aqui

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terça-feira, janeiro 08, 2008

A FÁBULA DA VACA DOIDINHA

Cláudio Mota Porfiro*

Ali pelas imediações do bairro Cerâmica, há um certo estabelecimento do ramo da cerveja carinhosamente apelidado pelo próprio dono, o Bar do Bigode. Trata-se de uma espécie de remanso por onde navegam e pululam bichos de escama, de couro e, até, alguns de casco. É um tipo de floresta cuja fauna se compõe de espécimes raros cujos corpos são cobertos de pêlos, outros de pena e alguns poucos que desmunhecam à luz da lua, em meio ao pileque. Sexta-feira passada, então, contei, entre todos, trinta e oito metidos a machos, entre animais domésticos, selvagens e até uns peçonhentos. Uma beleza!

Ali por perto daquela antiga serra, passa boi, passa boiada, passa até a véia Diva com a filha embriagada... De vez em quando, também, tira a maior onda pelo meio da recuca um sujeito bonachão chamado Ademar Pessoa Martins - o grande Pessoa - tido e havido como homem educado, cortês, ponderado, pausado na conversa e no canto lírico, bom português... Um bacana!

O grande Pessoa é daqueles espécimes irrequietos que nasceu no Maranhão, foi menino e moço em Araguaína, Tocantins; trabalhou de radialista em São Paulo, de segurança de supermercado no Acre, vendeu sapatos e ações da bolsa não-sei-de-quem, pintou, bordou, deitou, rolou e - imagine! - durante um bom tempo, foi garimpeiro ali pelas proximidades distantes de Ariquemes, Rondônia, terra de homem honrado e mulher de vergonha... É dessa época, então, a fábula pitoresca que vos passo a narrar.

Caminhando rumo ao horizonte sombrio, seguia cantando e dançando, muitas vezes sob chuva torrencial, a vidinha pacata da hiléia verde. Vez por outra, numa esquina qualquer da mata, cavalheirescamente, o macaco prego dava bom dia à onça pintada e esta ronronava como se já lhe estivesse a degustar as tripas grossas e as finas, além do resto do primata que é só músculo tenro e chã de fora arqueada.

Certa vez, então, cheguei à rodoviária de Ariquemes e o motorista do velho e empoeirado ônibus rugiu ou rosnou:

- Ariquemes! Quem tem coragem? Ao que uma moçoila magérrima levantou o dedinho indicador e disse:

- Eu. Por quê? Sou dama da noite e vim para ganhar a vida. Ora bolas!

Desci para almoçar mas, antes, dei uma olhadela investigativa para o arremedo de sanitário que estava alagado de todos os dejetos que o ser humano tem condições de colocar pra fora, de expelir... Também, pudera! Era domingo e aquela zona estava infestada de garimpeiros e meliantes de todos os naipes do baralho do puteiro.

Era 1988 e, por essa época, habitava a região o nobre Pessoa, um impávido colosso da era do Jurassic Park.

Ademar Pessoa, o cavalheiro andante, morava numa fazenda grande onde fazia de tudo um pouco e, às vezes, garimpava pepitas de ouro maciço. Ali bem próximo ainda hoje está localizado o garimpo do Periquito, àquela época, ainda dando asas à imaginação de alguns garimpeiros de quem o nosso herói era amigo de longa data, em boa parte dos casos.

Então, era sexta-feira de tarde. Na fazenda, o serviço quase se acabara. No garimpo, a rapaziada já estava sentada sob os sacos de areia retirados da velha mina. E haja proeza! E tome-lhe valentia! (Ô povo pra mentir!) Mas, no resumo, tudo era só animação! Dali a pouco se encontrariam com os peões da fazenda.

Mas tinha um porém. Por aquelas redondezas quadradas, era terminantemente proibida a ingestão das alcoólicas. Em outras palavras: a mardita não podia ser tragada ou tomada de jeito nenhum, sob nenhum pretexto ou justificativa.

Mas já estavam todos reunidos e um dos mais santos deu a idéia genial:

- Ora, senhores do conselho e da nata da rapiocagem! Iremos todos ali no aceiro do mato e cortaremos alguns cipós jagube, que tem muito, e voltaremos. Em seguida, vamos bater o cipó, colocar no canjirão e botar pra ferver em fogo alto que é pra apurar melhor.

Ora, o grande mentecapto foi ovacionado pela horda mais feliz do mundo.

Em seguida, já era manhãzinha e o imenso panelão de barro foi colocado à beira da paxiúba para esfriar. Só depois de frio é que o mariri energético poderia ser tomado, é claro. Mas os rapazes, antes, foram bater um futebol pra lá de arriscado, em vista de revólveres e peixeiras em número significativo. E a pelada comeu solta. Do pescoço pra baixo era tudo canela. Não tinha falta porque ninguém tinha coragem de marcar uma simples perna quebrada...

Entrementes, aí pelo meio da manhã, uma vaquinha muito da sua mimada, como quem não tem o que fazer e já fazendo, vagarosamente, se acercou do canjirão do mariri que estava no assoalho à altura da cabeça da dita cuja. Ela cheirou, se agradou e mandou a bocarra, com força. Enfim, ainda não satisfeita, lambeu o fundo da vasilha e a tombou pra debaixo do barraco... E saiu... Foi-se...

Daí a pouco, chegou a rapaziada... Uns vinte e tantos. O Pessoa, herói desta fábula, foi quem primeiro notou o estrago, fruto do sacrifício de quase duas horas de esforço dentro do mato cortando jagube.

- Puta merda! O que foi que aconteceu com a nossa bebida? Pelo amor de Deus!

Todos, então, ouviram um mugido quase solene. Em seguida, a vaca apareceu saída de uma capoeira próxima.

Segundo o Pessoa, a bicha vinha quase em marcha, mas em ritmo lento demais. O rabo estava teso, duro, no rumo de trás, na horizontal, como se apontasse pra algum lugar. O andar da vaca era de tal forma que mais parecia que ela tinha acabado de fazer as unhas. E fazia múuuuuuuuu, agudo em sustenido. Pra completar, ela parou próximo ao local onde tinha ficado o canjirão cheio, deitou o queixo na paxiúba e ficou ali por mais de uma hora lambendo os beiços e revirando os olhos como se estivesse pedindo mais mariri.

Esta e outras fábulas fazem parte do repertório variado dos poetas e outros bichos que aparecem no Bar do Bigode. A qualquer hora dessas, o dono do boteco, amante das artes e da orgia, haverá de financiar uma edição completa de um grande compêndio que virá a ser o resumo desta fase das nossas vidas a que eu tenho a honra de denominar a era bigodiana.

*Cronista acreano

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quarta-feira, janeiro 02, 2008

TV FAZIA ESPIONAGEM A JORNALISTAS NO ACRE

CHICO ARAÚJO

BRASÍLIA – Fazer imprensa no Acre é uma aventura. No dia-a-dia da redação, os jornalistas convivem com a pressão exercida pelo governo sobre os meios de comunicação, recebem ameaças e até são vítimas de escuta ilegal por parte de alguns empresários. Ali, a maior parte do dinheiro que entra nas empresas vem dos cofres estaduais. Até bem pouco tempo nada saía nos jornais, rádios e TVs sem o prévio aval de um censor ligado ao governo estadual. Edições inteiras só eram liberadas para impressão após uma olhada atenta do censor, tal qual ocorria durante o regime militar. Em síntese: a tesoura funcionou drasticamente.

Como se não bastasse a censura oficial, alguns donos de veículos de comunicação também passaram a intimidar os jornalistas com métodos nada recomendáveis. O caso mais rumoso e obscuro veio à tona no dia 8 de junho deste ano na TV Gazeta, empresa afiliada da Rede Record no Acre. Era sexta-feira. O cinegrafista Eduardo Silva descobriu uma escuta ambiente ilegal instalada no teto da sala da editora-chefe Dulcinéia Azevedo.

A descoberta foi por acaso. Silva avistou um ponto preto no teto e imaginou tratar-se de uma câmera escondida. Ao checar o estranho ponto, a jornalista ficou surpresa com a descoberta: tratava-se de uma escuta ambiental ilegal. E estava ligada.

Repórteres e editores ficaram indignados. Levaram o caso ao dono da empresa, Roberto Moura. Na presença de mais de 20 pessoas, Moura tentou atenuar a gravidade do problema e, em tom jocoso, afirmava que a escuta na sala da editora Dulcinéia Azevedo era “coisa de marido querendo saber se havia levado chifre”. Por conta do descaso e da falta de seriedade demonstrados pela direção da TV Gazeta em apurar a origem da escuta ilegal contra sua editora de jornalismo, a jornalista ingressou com uma ação por danos morais na 4ª Vara da Justiça do Trabalho, em Rio Branco (AC).

Dulcinéia também registrou queixa na Polícia Civil do Acre. Estranhamente, passado quase um ano da denúncia o inquérito nem sequer foi instaurado. O dono da emissora tem relações umbilicais com os atuais e ex-governantes recentes do Acre. Na Justiça do Trabalho, no entanto, a situação foi bem diferente: a TV Gazeta foi condenada a pagar uma indenização de R$ 57 mil à jornalista. A emissora recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, em Porto Velho (RO).

Destruindo provas
Após o flagrante, a direção da emissora se valeu de métodos diversos para se livrar da dos indícios do crime. Afastou a jornalista de suas funções e reformou o local onde a escuta fora localizada. “Fiquei 66 dias afastada da empresa à custa de folgas vencidas, o que me deixou abalada psicologicamente”, conta Dulcinéia. “Passei a ser uma pessoa indesejada na empresa; alguns colegas tinham medo de se aproximar de mim por medo de represálias”.

A sentença em favor de Dulcinéia foi prolatada dia 24 de outubro pelo juiz Celso Alves Magalhães, da 4ª Vara da Justiça do Trabalho. Nela, o juiz diz que a ré (TV Gazeta) não nega a ocorrência do fato (escuta ilegal) e muito menos ser proprietária do equipamento. “É inegável que a “escuta ambiental clandestina” colocada no teto da sala de trabalho da autora, logo acima de seu assento, possui aptidão de monitorar a reclamante sem o seu conhecimento, o que, por si só, afronta sua intimidade e privacidade, com reflexos na dignidade de sua pessoa, bens fundamentais da pessoa humana (art. 1º, II, e 5º, X, ambos da CF/88), elevados a tal dignidade pelo legislador constitucional originário, tanto que não podem ser objeto de Emenda Constitucional (art. 60, § 4º, IV, da CF/88)”, escreveu o juiz.

Mais adiante, o juiz Celso Magalhães critica a postura da emissora diante do episódio. “...por ser um veículo de comunicação de massa [TV Gazeta], afiliada da Rede Record de Televisão, esperava-se da ré, com mais afinco, uma postura comprometida com o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo de seus funcionários, haja vista ser a ré detentora da liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação (...)”.

Magalhães ainda acrescenta que o monitoramento clandestino demonstrou que a emissora exorbitou de seu direito de fiscalização e controle do ambiente de trabalho. Para o juiz, a empresa poderia utilizar de meios alternativos para fiscalizar seus funcionários, sem lesionar a dignidade da editora nos direitos fundamentais da intimidade e privacidade.

BOA BRIGA

Da esquerda para a direita: Jorge Sena, Rogério du Maranhão, Luis Celso, João do Valle e este repórter, no ano de 1993.

Recebi às vésperas de Natal uma carta do bom companheiro Luis Celso Ferreira dos Santos, contando uma história um tanto antiga, mas uma boa lembrança. Veja a missiva:

Tive o prazer e a honra de por um certo período ser "chefe" do Pitter Lucena quando delegado executivo do Sesc no Acre. Muito empregados na época, erradamente, chamavam-me de "patrão". Patrão era o Sr. Antônio de Oliveira Santos, presidente nacional do Sesc, do Senac e da CNC-Confederação Nacional do Comércio, de quem eu possuía uma delegação para administrar a entidade localmente com poderes restritos. Autorizava despesas até um certo limite, admitia novos empregados dentro do quantitativo de pessoas autorizado para o Órgão mas somente podia demitir alguém depois de ter a proposta apresentada aprovada através do Rio de Janeiro.

Pitter era uma das poucas pessoas que entendeu que fui um empregado do Sesc como qualquer outro, apenas tinha uma responsabilidade maior. Até hoje ele me apresenta as demais pessoas como seu "ex-chefe", fato que me orgulha.

Considerando que o Lucena era assessor de comunicação do Sesc nosso relacionamento era estreito apesar da subordinação de trabalho direta dele seria com o Afonso Braña. Em conseqüência essa relação gerava certo ciúmes e o nosso gerente administrativo, Celson Ferreira, para irritar o nosso jornalista tratava-o por Raimundo Nonato por não existir qualquer Pitter no cadastro de pessoal da empresa.

Diz o Pitter Lucena que já "brigou" comigo. Afirmou isso alguns anos atrás durante uma rodada de antárticas em um bar de Brasiléia. Obrigou-me agora a um esforço tremendo de memória e rever todas as situações em que estivemos juntos. Concluí que somente pode ter sido no Manoel Julião quando estávamos no bar do esposo da Elisete Machado, gerente de formação profissional do Senac. Isso remete-nos a outra história.

No Sesc Nacional antigamente defendíamos uma filosofia bem popular. Não importava o salário, tanto homem quanto mulher caso perdesse o emprego e fosse passar fome era "piranha". Por quê? Porque pior do que aquelas que chamavam de piranha por vender o corpo nós vendíamos a nossa inteligência, vendíamos em troca de salário por vezes o nosso corpo e a nossa alma. Então todos eram "piranhas", homens e mulheres.

Acredito que na noite no citado bar, muito a vontade entre os amigos, eu deva ter feito uma afirmação dessa: No Sesc todo mundo é piranha ! Sem as devidas explicações acima e também esquecendo que a Sônia, esposa do Pitter, era nossa empregada. Desculpe-me amigo.

Mas acompanhando notícias nos jornais do Acre e também através da internet vejo que esse Pitter Lucena continua o mesmo. Parece até Gladiador, como gosta de uma briga!!!!

FOTOS PITTER LUCENA