PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil
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quarta-feira, abril 30, 2008

XOTE DO URUBU

Eu como tudo, eu como tudo cru, até couro de cobra de sucuriju.
Sobrevoando essa cidade, meus Deus que estado de calamidade, neste estado de calamidade.
Teve um tempo em que eu andava arretado, eu fui a Xapuri ver se caçava um veado, mas não tinha nada que decepção, só couro de cobra esticado no chão.
Estiquei a viagem e fui pra Brasiléia, pra ver se rangava um courinho de veia e atravessei pro lado boliviano, e dei de cara foi com um veterano, de arma na mão dizendo ele é o cão, de arma na mão dizendo é um gavião.
Meio baleado fui pra Assis Brasil, pra aquelas bandas puxa quem me viu, cai na boca dos índios Jaminawá, me levaram despenado pro pajé observar.
Já despenado fui lá pra Feijó, chegando lá tomei logo um cipó, e na miração meu Deus que confusão, só couro de cobra esticado no chão.
Até um sapatão que eu vi do mirante, dei um razante mas não era couro cru, era couro de cobra de sucuriju.

A poesia acima é dos compositores Pia Vila e Felipe Jardim, chamada Xote do Urubu. Esses camarada eram de arrepiar quando o assunto era festival de música no Acre. O Famp – Festival Acreano de Música Popular - deixou muitas boas lembranças na mente da galera que curtiu o movimento cultural nas décadas de 80 e 90.

segunda-feira, abril 28, 2008

ENCONTRO COM JOÃO DONATO

Encontrei no sábado, 26 de abril, em Pirenópolis, interior de Goiás, o renomado compositor acreano, João Donato, uma das atrações do primeiro festival de Jaz da cidade. O I PiriJazz teve na noite anterior a cantora Rosa Passos.

Como conterrâneo, claro que puxei uma boa conversa antes da apresentação no Teatro Pirineus. O teatro, por sinal, ficou lotado com muita gente do lado de fora.

Na conversa perguntei a ele porque nunca havia feito um show em Rio Branco. Donato foi enfático: nunca me convidaram. Fica aqui a dica para convidar o João e seu piano para lotar qualquer casa de espetáculo do Acre.

João Donato de Oliveira Neto nasceu em Rio Branco, capital do Acre, no dia 17 de agosto em 1934. Seu pai, também chamado João Donato, era piloto de avião e nas horas vagas executava vôos domésticos sobre o bandolim. A mãe cantava e a irmã mais velha, Eneyda, estudava para ser concertista de piano. O caçula, Lysias, pendeu para as letras e acabaria se tornando o principal parceiro nas composições do irmão.

O primeiro instrumento de João foi o acordeom, no qual, aos oito anos, compôs sua primeira música, a valsa “Nini”. Antes de completar 12 anos, o pai presenteou-lhe com acordeons de 24 e 120 baixos. Em 1945, Donato pai é transferido, e a família tem de deixar Rio Branco rumo ao Rio de Janeiro.

Começo do caminhar pra beira de outro lugar. Em pouco tempo, o circuito musical passava a ser o das festas de colégios da Tijuca e adjacências. Tentou a sorte no programa de Ary Barroso. Intransigente, Ary rodou o tabuleiro da baiana e sequer quis escutá-lo, sob a alegação de que “não gostava de meninos-prodígio”. Sorte que havia ouvidos mais atentos.

Ao profissionalizar-se, em 1949, aos 15 anos, Donato ostentava no currículo as mitológicas jam-sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra-Farney Fã Club, do qual era membro. Johnny Alf, Nora Ney, Dóris Monteiro, Paulo Moura e até Jô Soares, no bongô, estavam entre os componentes destas vitaminadas jams.

Na primeira gravação em que participa, como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho, Donato toca acordeon nas duas faixas do 78 RPM: “Brejeiro”, de Ernesto Nazareth, e “Feliz aniversário”, do próprio Altamiro. Pouco depois, migra para o grupo do violinista Fafá Lemos, como suplente de Chiquinho do Acordeom.

A partir de 1953, agora como pianista, Donato passa a comandar suas próprias formações instrumentais,– Donato e seu Conjunto, Donato Trio, o grupo Os Namorados – com quem lança, em 78 RPM, versões instrumentais para standards da música americana (como “Tenderly”, sucesso de Nat King Cole) e brasileira (como “Se acaso você chegasse, do sambista gaúcho Lupicínio Rodrigues).

Três anos depois, a Odeon escala um iniciante para fazer a direção musical de “Chá Dançante” (1956), primeiro LP de Donato e seu conjunto. Um certo Antonio Carlos - que depois virou nome de aeroporto – pilotaria o disco do filho do aviador. O repertório escolhido por Tom Jobim era mesmo para decolar em qualquer baile de debutante: “No rancho fundo” (Lamartine Babo – Ary Barroso), “Carinhoso” (Pixinguinha – João de Barro), “Baião” (Luiz Gonzaga – Humberto), “Peguei um ita no norte” (Dorival Caymmi).

Em seguida, Donato passa uma temporada de dois anos em São Paulo. Quando volta ao Rio, a Bossa Nova estava deflagrada. O próprio João Gilberto revelou por aí que tirara a batida de violão revolucionária ao ver Donato tocar piano. Naquele mesmo 1958, grava “Minha saudade” e “Mambinho”, parcerias entre Joões Donato e Gilberto.

A convite de Nanai (ex integrante do grupo Os Namorados) parte para uma temporada de seis semanas em um cassino Lake Tahoe (Nevada) Donato relativizou a influência do Jazz, comungou a música do Caribe como integrante das orquestras de Mongo Santamaría, Johnny Martinez, Cal Tjader e Tito Puente. E até excursionou com João Gilberto pela Europa.

1962, hora de regressar ao Brasil. Ao menos no tempo justo de conceber dois clássicos sempre em voga da música instrumental brasileira – “Muito à vontade” (1962) e “A Bossa muito moderna de João Donato” (1963), ambos pela Polydor, relançados no começo dos anos 2000 em CD pela Dubas. É Donato ao piano, Milton Banana na bateria, Tião Neto no baixo e Amaury Rodrigues, na percussão.

Sobre “Muito à vontade”, o jornalista Ruy Castro escreveu, por ocasião de seu relançamento em CD: “foi o seu primeiro disco ao piano e o primeiro mesmo para valer, com nove de suas composições entre as 12 faixas (...). Donato, que estava morando nos Estados Unidos durante a explosão da Bossa Nova, era uma lenda entre os músicos mais novos - para alguns, pelas histórias que ouviam, ele devia ser algo assim como o curupira ou a cobra d'água. Este disco abriu-lhes novos horizontes e devolveu Donato a um movimento que ele, sem saber, ajudara a construir”. Estão lá “Muito à vontade”, “Minha saudade”, “Sambou, sambou”, “Jodel”.

“A Bossa muito moderna” introduz mais alguns temas originalmente instrumentais que, muitos anos depois, se tornariam obrigatórios em qualquer cancioneiro da MPB. Entre elas “Índio perdido”, que viraria “Lugar comum”, ao receber letra de Gilberto Gil. Gil também é parceiro nos versos que transformariam “Villa Grazia” em “Bananeira”. Já “Silk Stop” é o tema original sobre o qual Martinho da Vila escreveria “Gaiolas Abertas”. A influência da música cubana é evidente em “Bluchanga”, dos tempos em que Donato tocava com Mongo Santamaría.

Arruma a pianola e volta para os EUA. Desta vez, a temporada se estenderia por quase uma década. Trabalhou com Nelson Riddle, Herbie Mann, Chet Baker, Cal Tjader, Bud Shank, Armando Peraza, etc. Formou, ao lado de João Gilberto, Jobim, Moacir Santos, Eumir Deodato, Sergio Mendes e Astrud Gilberto, o time dos que tornaram o Brasil de fato reconhecido internacionalmente por sua música.

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terça-feira, abril 22, 2008

Acreano é destaque no aniversário de Brasília

CHICO ARAÚJO

BRASÍLIA – A edição desta segunda-feira, 21, do jornal Correio Braziliense publica um caderno especial em homenagem aos 48 anos de Brasília. Em Brasília, Brasis o jornal traz, em 36 páginas, depoimentos de personalidades de todos os Estados que escolheram Brasília para viver.

Dois mil acreanos moram na capital do País. Entre estes há políticos, ministros e gente influente na corte. Porém, nenhum deles figura entre os personagens destacados pelo Correio. O escolhido foi Francisco Chagas Freitas, acreano das barrancas do Rio Murú e funcionário do Itamaraty há 33 anos.

Chagas Feitas, como é conhecido dos acreanos, já viveu em diversos países, mas escolheu Brasília para morar. Aqui, mesmo dentro de suas limitações, sempre tem tempo para atender aos acreanos que o procuram, ou mesmo indicá-los para feiras e congressos no exterior. “Quando alguém do Acre chega e me procura, sempre estou às ordens”, diz Chagas, com a presteza que lhe é peculiar. A matéria é assinada pelo repórter Pedro Brandt. Nela, Chagas, além de falar da sua vivência em Brasília, estimula os leitores a conhecerem o Acre. A seguir, a reportagem do Correio:

Por muito pouco Brasília deixaria de fazer parte da vida de Francisco Chagas Freitas. Acreano nascido no seringal de Itamaraty (próximo de Tarauacá), em 1955, ele queria mesmo era ir para o Rio de Janeiro. “Encontrei um conterrâneo no caminho que me convenceu a vir para cá. Disse que a cidade oferecia mais oportunidades”, lembra. Assim, depois de cinco dias de viagem de ônibus (dois deles atolado entre Rio Branco e Porto Velho) com muita poeira e lama pela estrada, ele chegou à capital federal. Era 1975. E não se arrependeu da escolha. Hoje divulga a cultura do Acre não só no Brasil, mas também no exterior. Quanto ao Rio de Janeiro, só foi conhecer 10 anos depois de chegar a Brasília. “Coisas da vida”, diz.

Chagas Freitas, como é mais conhecido, veio para estudar. Fez economia na Universidade Católica de Brasília (UCB) e depois pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Há 33 anos é funcionário do Itamaraty, onde atua no setor cultural. Aqui construiu sua base de vida e moradia, mas ao longo das últimas décadas trabalhou em embaixadas em diversos países. Só na Alemanha (a Oriental, na época) foram sete anos, de 1984 a 1991. Ele é casado com uma brasileira que conheceu lá, e a volta ao Brasil se deu por conta da queda do Muro de Berlim.

No país germânico, começou sua coleção de obras de arte. “Conheci a Europa Oriental toda. Comprei muita arte no mundo comunista”, lembra. Cerca de mil itens (quadros, esculturas, desenhos) fazem parte de seu acervo atual. Parte dele já foi tema de exposição (Além do muro, que passou por galerias de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro). Além de arte estrangeira, Chagas também possui trabalhos de artistas acreanos renomados, como Hélio Melo, Dalmir Ferreira e Maqueson Pereira da Silva.

Mais velho de 11 irmãos, ele trouxe parte da família para Brasília. “Só três dos meus irmãos ainda estão lá. Meus pais, que são idosos, com problemas de saúde, também estão aqui, conta. A presença dos parentes na cidade não é motivo para o economista se manter longe do Acre. Chagas é o responsável por indicar artistas para exposições em outras cidades e países e pela ida de estudantes para diversos eventos também no exterior. “Os artistas de lá não recebem apoio governamental. Muitos saem do estado e não voltam”, comenta.

Chagas ama sua terra natal. “O brasileiro precisa conhecer o Acre. Por ser um estado distante, só vai pra lá quem tem negócios para tratar. Talvez por isso, sejamos um povo acolhedor”, elogia. “Não somos modistas (não seguem tendências), mas também não somos bairristas. Acho que temos um ritmo diferente”, continua.

Da culinária local, ele destaca a farinha. “Quando vou viajar para o exterior, o pessoal de fora sempre me pede para levar farinha. Certa vez, em Portugal, fui detido no aeroporto. Pensaram que era outra coisa. Levou algum tempo até tudo ser esclarecido”, ri. Se a saudade do Acre aperta, Chagas diz que não tem erro: é só convocar alguns conterrâneos para um jantar. A internet e os jornais também ajudam a manter contato com o estado.

Pelo trabalho, Chagas poderia escolher morar em outra cidade, mas escolheu Brasília. Mais especificamente, a 308 Norte. “É um lugar encantador. Gosto da sensação de liberdade que sinto aqui, é um lugar onde você se locomove com facilidade e onde mesmo sem esquinas, todos se encontram".

terça-feira, abril 08, 2008

VIDA DE JORNALISTA

Contam antigos alfarrábios que quando Deus liberou para alguns homens o conhecimento, determinou que aquele 'privilégio' iria ficar restrito a um grupo muito pequeno de pessoas. Neste pequeno grupo, porém, onde todos se acham 'semideuses', havia uma tribo que traiu as determinações divinas e divulgou o conhecimento para todos: era a tribo dos jornalistas. Deus, furioso com a divulgação de seus segredos, resolveu rogar algumas pragas sobre membros daquela tribo rebelde. Desde então elas perseguem a todos os jornalistas. São elas:

1º) Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.

2º) Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.

3º) Terás gastrite, se tiveres sorte. Se fores como a maioria, terás úlcera, pressão alta, princípios de enfarte, estresse e depressão. E, perto de se aposentar, terás câncer.

4º) A pressa será tua sombra e tuas refeições principais serão o lanche da padaria da esquina, a pizza do pescoção ou uma coxinha comprada no boteco mais próximo do local onde realizarás as reportagens.

5º) Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo; se te sobrarem cabelos.

6º) Tua sanidade mental será posta em xeque antes de completares cinco anos de trabalho.

7º) Ganharás muito pouco, não terás promoção, não terás perspectiva de melhoria e não receberás elogios de seus superiores e leitores. Porém, as cobranças serão duras, cruéis e implacáveis.

8º) Trabalho será teu assunto preferido; talvez o único.

9º) A máquina de café será tua melhor colega de trabalho; a cafeína, porém, não fará mais efeito.

10º) Os botecos que ficam abertos de madrugada serão tua única diversão e somente neles poderás encontrar malucos iguais a ti.

11º) Terás pesadelos freqüentes com horários de fechamento, palavras escritas erradas, reclamações de leitores, matérias intermináveis, processos, gritos ao telefone... E, não raro, isso acontecerá durante o período de férias.

12º) Olheiras e mau humor serão teus troféus de guerra.

13º) Por mais que sejas um profissional ético, serás visto na rua como um canalha.

14º) E, apesar de tudo isso, haverá uma legião de 'focas' querendo ocupar o seu lugar.

Mesmo assim parabéns ao colegas jornalistas pela passagem do Dia do Jornalista, 7 de abril.

quinta-feira, abril 03, 2008

MONTEVIDÉU

Ao desembarcar no aeroporto de Carrasco, em Montevidéu, capital do Uruguai, percebe-se de imediato um clima diferente do brasileiro. Ventos intensos dão as boas vindas aos visitantes. Mesmo em tempo de calor, a cidade continua arejada pelas rajadas de ventos vindas do mar na carona do rio da Prata. Na orla do rio, chamada Rambla, é um lugar ideal para passeios a pé e beber chimarrão.

Montevidéu é uma cidade cheia de beleza e encantos. Para onde se olhar há sempre alguma paisagem para ser admirada, seja pelo verde das praças, o vermelho das casas, o azul do céu e do encontro do mar com o rio da Prata. Comércios, restaurantes, hotéis, cassinos e teatros estão por toda parte. Em algumas regiões o visitante tem a impressão de está no Rio de Janeiro. Uma parte da praia se parece muito com Copacabana.

FIAT VERDE

Estive recentemente em Montevidéu, capital do Uruguai, e descobrir um carro que muito me chamou atenção. Um Fiat antigo, bota antigo nisso, estacionado em frente a um cassino. O interessante é que o veículo, mesmo depois de tanto tempo de fabricação, continua verdinho da silva. Imagine quando amadurecer.
Montevidéu, como toda grande cidade, tem um frota de veículos nova, mas há também carros do tempo do bumba.

FOTOS PITTER LUCENA