O ACREANÊS É MAIS FÁCIL QUE O PORTUGUÊS
E a pergunta que ainda não me foi feita e que, mesmo assim, não quer calar é a seguinte: porque aquele Estado que tem o formato de um risoles de carne se chama Acre? O que quer dizer Acre? Para isso eu recorro ao Aurélio, aquele ingrato, e vejo que Acre quer dizer áspero, amargo e seco. Definitivamente, esse Aurélio é um sujeitinho fulero! Não sai do nosso pé! Mas aqui estou eu para defender a honra deste Estado amazônico, cheio de amazônidas que querem também fazer uma "boquinha" no Brasil. Segundo as minhas pesquisas feitas com os maiores historiadores do Estado: o Zéquinha da Banca e o Seu Toinho do boteco, o nome Acre vem de um mal entendido.
Os primeiros brancos que por aqui pisaram, tinham que transcrever o que viam pelas bandas de cá, e foram informados pelos índios Apurinãs, que aquele rio que desaguava no Purus se chamava Aquiry, ou seja, rio dos jacarés. Reza a lenda, ou não, que as primeiras cartas que vinham destes confins da Amazônia traziam uma caligrafia horrorosa, tanto que o primeiro que leu, entendeu como sendo Acre... E aí pegou. Não teve jeito! Mas eu, com os meus estudos profundos sobre a acreanidade, venho através desta fazer uma revelação: aquilo não era apenas uma caligrafia horrorosa, e sim a semente de uma nova língua que os nossos brilhantes antepassados plantaram em solo aquiryano.
Todos os Estados tem seus termos particulares, aqueles palavreados que identificam de cara de onde o sujeito vem. Se o cara te manda um "Tchê", tá na cara que é gaúcho. Ou então falando um preguiçoso "se achegue bichinho...", só pode ser baiano. Ou então manda um "Uai moço. Esse trem tá bão dimais"... Esse é mineiro. Aí vem um mano e diz "Urra meu". Bingo! É paulistano! E se alguém ficar bravo contigo e vir todo folgado dizendo "Qualé meu irmão?", não tem outra: é carioca! Também tem o outro esfuziante "Ui! Que maravilha!" Tá na cara: é viado (ops!).
O acreano, como não poderia ficar de fora, vai mais além: mais do que termos regionais, nós temos uma nova língua! ”Marrapaiz, o piseiro ontem foi arretado. Foi um furdunço só! Tinha uma embiricica de gente. Tanto que um valentão levou uma peia, por se atracar com mulher alheia.”
Entenderam? Professor Pasquale traduziria assim:
- Não entendi nadica de nada!!!
Calma Pasquale! Você não entendeu porque isso não é português: é acreanês! Para tradução eu chamo o Guimarães Rosa da literatura acreana: o "Seu Tião da Colocação". Vai lá mestre:
- Essa é fácil Felipe. A tradução é a seguinte: "Maninho, o bate-coxa foi uma beleza. Era um fusuê só! Tinha uma pá de gente. Tanto que um encrespado apanhou feio, por ter se engraçado com a muié do otro."
Viram só como é fácil? Valeu seu Tião!!!
No entanto, peço a atenção de vocês para o termo "marrapaiz". Eu sou capaz de dizer que o acreano se mostra realmente acreano quando manda um "marrapaiz". A base formadora da sociedade acreana são os seringueiros e o termo marrapaiz. Não tenho dúvidas. Acreano que não fala marrapaiz é ruim da cabeça ou doente da voz!!! Esta palavra é uma corruptela da expressão "mas rapaz" e, de acordo com a entonação que é dita, pode significar absolutamente tudo.
- E aí, como é que foi a festa ontem?
- Marrapaiz!
Só isso basta para saber se o cara ficou com mulher ou não. Se foram duas, três ou se saiu de mãos abanando. Se voltou bêbado ou não... E ele só falou "Marrapaiz".
Apesar do rapaiz, o termo serve tanto para o feminino como para o masculino.
- Menina, me conta como é que é o Luis na cama...
- Marrapaiz!
E você sabe exatamente a vida sexual do sujeito: se é brocha ou não, se é pequeno ou é grande, blá, blá, blá...
O acreanês é mais fácil que o português!!!
Do blog http://picaretasdatavola.blogspot.com/
Os primeiros brancos que por aqui pisaram, tinham que transcrever o que viam pelas bandas de cá, e foram informados pelos índios Apurinãs, que aquele rio que desaguava no Purus se chamava Aquiry, ou seja, rio dos jacarés. Reza a lenda, ou não, que as primeiras cartas que vinham destes confins da Amazônia traziam uma caligrafia horrorosa, tanto que o primeiro que leu, entendeu como sendo Acre... E aí pegou. Não teve jeito! Mas eu, com os meus estudos profundos sobre a acreanidade, venho através desta fazer uma revelação: aquilo não era apenas uma caligrafia horrorosa, e sim a semente de uma nova língua que os nossos brilhantes antepassados plantaram em solo aquiryano.
Todos os Estados tem seus termos particulares, aqueles palavreados que identificam de cara de onde o sujeito vem. Se o cara te manda um "Tchê", tá na cara que é gaúcho. Ou então falando um preguiçoso "se achegue bichinho...", só pode ser baiano. Ou então manda um "Uai moço. Esse trem tá bão dimais"... Esse é mineiro. Aí vem um mano e diz "Urra meu". Bingo! É paulistano! E se alguém ficar bravo contigo e vir todo folgado dizendo "Qualé meu irmão?", não tem outra: é carioca! Também tem o outro esfuziante "Ui! Que maravilha!" Tá na cara: é viado (ops!).
O acreano, como não poderia ficar de fora, vai mais além: mais do que termos regionais, nós temos uma nova língua! ”Marrapaiz, o piseiro ontem foi arretado. Foi um furdunço só! Tinha uma embiricica de gente. Tanto que um valentão levou uma peia, por se atracar com mulher alheia.”
Entenderam? Professor Pasquale traduziria assim:
- Não entendi nadica de nada!!!
Calma Pasquale! Você não entendeu porque isso não é português: é acreanês! Para tradução eu chamo o Guimarães Rosa da literatura acreana: o "Seu Tião da Colocação". Vai lá mestre:
- Essa é fácil Felipe. A tradução é a seguinte: "Maninho, o bate-coxa foi uma beleza. Era um fusuê só! Tinha uma pá de gente. Tanto que um encrespado apanhou feio, por ter se engraçado com a muié do otro."
Viram só como é fácil? Valeu seu Tião!!!
No entanto, peço a atenção de vocês para o termo "marrapaiz". Eu sou capaz de dizer que o acreano se mostra realmente acreano quando manda um "marrapaiz". A base formadora da sociedade acreana são os seringueiros e o termo marrapaiz. Não tenho dúvidas. Acreano que não fala marrapaiz é ruim da cabeça ou doente da voz!!! Esta palavra é uma corruptela da expressão "mas rapaz" e, de acordo com a entonação que é dita, pode significar absolutamente tudo.
- E aí, como é que foi a festa ontem?
- Marrapaiz!
Só isso basta para saber se o cara ficou com mulher ou não. Se foram duas, três ou se saiu de mãos abanando. Se voltou bêbado ou não... E ele só falou "Marrapaiz".
Apesar do rapaiz, o termo serve tanto para o feminino como para o masculino.
- Menina, me conta como é que é o Luis na cama...
- Marrapaiz!
E você sabe exatamente a vida sexual do sujeito: se é brocha ou não, se é pequeno ou é grande, blá, blá, blá...
O acreanês é mais fácil que o português!!!
Do blog http://picaretasdatavola.blogspot.com/
3 Comments:
Pitter,
estou sempre as voltas por aqui.
Um forte abraço!
Marrapaiz !!!!!
Olá Pitter!
fico feliz por ter gostado da crônica. Seja sempre bem-vindo no blog dos Picaretas..
Abraços
Felipe
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