A MORTE PEDE CARONA AÉREA
A noite do dia 30 de agosto de 2002 jamais será esquecida para muitos acreanos. Ainda tenho pesadelos sobre a queda do avião Embraer EMB-120 Brasília da Rico Linhas Aéreas que matou 23 pessoas quando se preparava para pousar no aeroporto de Rio Branco, no início de uma fatídica noite de chuva torrencial e ventos fortes. Naquela noite de sexta-feira, eu tinha a missão de fechar a capa do jornal A Gazeta, onde trabalhava, e ir para casa descansar. Mas não foi isso que aconteceu. Por volta das 18:30 o pesadelo começou. Até hoje carrego na memória imagens, sons e cheiro, da maior tragédia em que trabalhei como repórter. Naquela noite alguns amigos foram embora sem se despedir.
Embora queira esquecer o passado, o acidente com o avião da Gol que matou 155 pessoas na sexta-feira (29/09) na Amazônia, as imagens do horror que presenciei no Acre vieram à tona. As recordações ainda são nítidas. À época estava acontecendo uma feira agropecuária em Rio Branco, mas as atividades foram canceladas. Parte das vítimas era de empresários e pecuaristas que participariam do evento.
De acordo o Departamento de Aviação Civil (DAC), a aeronave foi atingida por uma forte rajada de vento com velocidade cerca de 150 quilômetros por hora quando se preparava para pousar no aeroporto da capital. O vôo saiu de Cruzeiro do Sul e fez uma escala em Tarauacá, a 330 quilômetros de Rio Branco. Caiu a cerca de 10 km da cabeceira da pista. Não houve explosão.
Desespero e dor dos familiares
Depois de checar as informações via telefone, acionei um repórter de polícia para ir ao local do acidente. Sai da redação do jornal para fotografar a chegada das vítimas ao Pronto Socorro. Por volta das oito horas da noite, a polícia fez um cordão de isolamento nas proximidades do hospital, para que o Corpo de Bombeiros não tivesse problema de trânsito na chegada com as vítimas do acidente.
Quando as vítimas começaram a chegar ninguém sabia quem estava vivo e quem estava morto. Muitos corpos chegavam em carrocerias de caminhonetes banhados em sangue. Outros, mutilados, eram levados diretos para o Instituto Médico Legal (IML). Próximo da porta do hospital, correria, gritos e desmaios de pessoas que buscavam informações sobre parentes e amigos. A noite parecia não ter fim.
No IML uma multidão esperava a chegada dos corpos. A então superintendente do Ibama, Idelcleide Rodrigues, estava inconsolável sob a chuva que caia sem parar. Ela perdeu o pai, o deputado federal Idelfonso Cordeiro (PSDB-AC), e a mãe Arlete. O parlamentar chegou a ser resgatado com vida, mas morreu pouco antes de chegar ao hospital.
Os carros do Corpo de Bombeiros não conseguiram entrar no ramal por causa das más condições da estrada. O acesso só era possível com carros com tração nas quatro rodas e mesmo assim muitos ficaram atolados. Apesar do difícil acesso, familiares percorreram a pé os 4,5 quilômetros que separam a BR-364 do local da queda, na tentativa de prestar alguma ajuda e obter melhores informações. Homens do 4º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) formaram um cordão de isolamento para evitar a presença de curiosos.
Na madrugada do dia 31, quando todos os corpos haviam sido resgatados, estava eu dentro do IML olhando os corpos dos amigos mortos, lembrei que era meu aniversário. Estranhamente, comemorei a data derramando lágrimas de adeus.
Embora queira esquecer o passado, o acidente com o avião da Gol que matou 155 pessoas na sexta-feira (29/09) na Amazônia, as imagens do horror que presenciei no Acre vieram à tona. As recordações ainda são nítidas. À época estava acontecendo uma feira agropecuária em Rio Branco, mas as atividades foram canceladas. Parte das vítimas era de empresários e pecuaristas que participariam do evento.
De acordo o Departamento de Aviação Civil (DAC), a aeronave foi atingida por uma forte rajada de vento com velocidade cerca de 150 quilômetros por hora quando se preparava para pousar no aeroporto da capital. O vôo saiu de Cruzeiro do Sul e fez uma escala em Tarauacá, a 330 quilômetros de Rio Branco. Caiu a cerca de 10 km da cabeceira da pista. Não houve explosão.
Desespero e dor dos familiares
Depois de checar as informações via telefone, acionei um repórter de polícia para ir ao local do acidente. Sai da redação do jornal para fotografar a chegada das vítimas ao Pronto Socorro. Por volta das oito horas da noite, a polícia fez um cordão de isolamento nas proximidades do hospital, para que o Corpo de Bombeiros não tivesse problema de trânsito na chegada com as vítimas do acidente.
Quando as vítimas começaram a chegar ninguém sabia quem estava vivo e quem estava morto. Muitos corpos chegavam em carrocerias de caminhonetes banhados em sangue. Outros, mutilados, eram levados diretos para o Instituto Médico Legal (IML). Próximo da porta do hospital, correria, gritos e desmaios de pessoas que buscavam informações sobre parentes e amigos. A noite parecia não ter fim.
No IML uma multidão esperava a chegada dos corpos. A então superintendente do Ibama, Idelcleide Rodrigues, estava inconsolável sob a chuva que caia sem parar. Ela perdeu o pai, o deputado federal Idelfonso Cordeiro (PSDB-AC), e a mãe Arlete. O parlamentar chegou a ser resgatado com vida, mas morreu pouco antes de chegar ao hospital.
Os carros do Corpo de Bombeiros não conseguiram entrar no ramal por causa das más condições da estrada. O acesso só era possível com carros com tração nas quatro rodas e mesmo assim muitos ficaram atolados. Apesar do difícil acesso, familiares percorreram a pé os 4,5 quilômetros que separam a BR-364 do local da queda, na tentativa de prestar alguma ajuda e obter melhores informações. Homens do 4º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) formaram um cordão de isolamento para evitar a presença de curiosos.
Na madrugada do dia 31, quando todos os corpos haviam sido resgatados, estava eu dentro do IML olhando os corpos dos amigos mortos, lembrei que era meu aniversário. Estranhamente, comemorei a data derramando lágrimas de adeus.
2 Comments:
oi,meu nome e alexson bussons sou irmão de umas das vítimas deste desastre da RICO LINHAS AÉREAS,minha irmã MARIA JOSE BUSSONS MIRANDA ESTAVA a bordo do avião,ainda para piorar a situação ela estav grávida de 7 meses!a dor de perder uma pessoa e grande,maior ainda e quando esta pessoa era a coisa mais preciosa que tinha na vida!minha mãe sofre ate hj como se fosse no dia do ocorrido,quando acontece um acindente deste porte começamos a viver tudo denovo,as dores,a perda,a saudade... è.. hj depois de 4(quatro) anos do ocorrido (30/08/2002)so o que nos alimenta e a esperança de um dia poder estar junto desta pessoa que nos faz tanta falta!!
MARIA JOSE BUSSONS MIRANDA
+30/08/2002
sabia que cooro o risco de perder o amor da minha vida por causa de dinheiro!isso e uma coisa que nunca imaginei,pois sempre pedia DEUS que me desse uma pessoa que eu pudesse me apaixonar mais agora corro o serio risco e quase certeza que vou perde-la por dinheiro!!!!
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