PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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sexta-feira, setembro 08, 2006

MACHU PICCHU, O TELHADO DA AMÉRICA

Conhecer a cidade sagrada dos Incas sempre foi o desejo de muita gente de todas as partes do mundo. Essa civilização que desapareceu sem deixar vestígios para ser estudada por arqueólogos e historiadores ainda hoje intriga a humanidade. O que sabe-se hoje que era um povo de rara inteligência e que fez uso da matemática e da astronomia para construir verdadeiras maravilhas arquitetônicas que viraram história e sonho de conhecimento de turistas e estudiosos de todas as partes do mundo. Livros foram lançados, mas ninguém, ainda, soube decifrar o que foi a verdadeira civilização Inca.

Conhecer Machu Picchu não é tão difícil como muita gente pensa. Partindo de Rio Branco, no Acre, a viagem fica mais bela e cheia de mistérios para os viajantes que buscam encontrar nas famosas trilhas incas o caminho para o conhecimento de si mesmo. Percorrer os caminhos por onde andaram os incas é como procurar a luz da sabedoria desse povo que adorava o Sol como o Deus supremo.

A cidade de Machu Picchu, localizada ao sul do Peru, numa altitude de 2.400 metros, entre as cordilheiras Central e Oriental do Andes, oferece um panorama inesquecível do que foi o grandioso Império Inca. Rebanhos de lhamas com seus pequenos pastores. Reflexos do sol nas ruínas úmidas. O silêncio. O beijo do céu e da terra nas alturas são alguns detalhes que compõem a atmosfera mágica dessa região.

Para alcançar Machu Picchu, o visitante deve primeiro passar por Cuzco. Povoada desde o século VII, Cuzco é considerada a cidade mais antiga da América. Recebeu o título de capital arqueológica da América do Sul e virou Patrimônio Cultural da Humanidade. A cidade mágica é um museu a céu aberto e oferece uma excelente mostra do que foi a história da civilização inca.

Machu Picchu fica a 120 quilômetros de Cuzco. Uma cidadezinha que, por sua grandeza arquitetônica, é considerada uma das maiores maravilhas já construídas pelo homem. Foi o antropólogo norte-americano Hiran Birghan, em 1911, quem acreditou ter encontrado o último refúgio dos Incas. Sua origem e função são até hoje um mistério. Machu Picchu, que significa Montanha Velha, foi erguida em meio a uma vasta e bela vegetação que contracena com as ruínas, formando uma atmosfera misteriosa.

A cidade Inca possui um setor agrícola separado da área urbana por um tipo de fosso seco que deriva de uma falha geológica. Essa é uma área de terraços que servia tanto para o cultivo de batatas quanto para evitar a erosão das encostas. Existia lá também sistema de irrigação, com aquedutos que levavam a água das montanhas à cidade de Machu Picchu. O setor urbano, que apresentava 200 habitações, incluindo templos, praças e centros de estudos astronômicos, abrigava cerca de 400 pessoas e tinha habitações de grande e pequeno porte. O setor industrial, provavelmente, era dedicado ao cultivo de grãos e à fabricação de produtos de origem animal.

Machu Picchu apresenta uma grande quantidade de templos, reconhecíveis pela qualidade de suas obras e pelo acabamento rebuscado. Em um desses templos existe um desenho de uma cruz, o mesmo encontrado em Ollantaytambo e nas ruínas de Tihuanaco, na Bolívia. O que prova que o Império Inca ultrapassava os limites das ruínas de Machu Picchu.

Entre todas as atividades praticadas na cidade Inca, a que mais se destaca é a atividade astronômica e sua precisão nos cálculos dos solstícios e dos equinócios.

Exemplo disso é um templo existente em Machu Picchu, que tem o nome de Templo do Sol. Nele existe apenas uma janela, iluminada pelos primeiros raios de sol, exatamente, às 7h15, de 21 de junho, início do solstício de inverno.

Os incas, todavia, não se destacaram somente por isso. Eles realizaram diversas proezas em outros campos. Infelizmente, os incas não tinham a escrita, o que dificulta a compreensão de sua história e de sua cultura. Para muitos cientistas, a cidade teria sido um centro de sábios, representantes da elite, sacerdotes e sacerdotisas. E era freqüentemente visitada por peregrinos que renderiam homenagens aos deuses, às forças da natureza. Até hoje, não se sabe qual teria sido o fim do povo inca.

Viagem pela Estrada do Pacífico
A travessia do Rio Acre, na fronteira do Brasil com o Peru, na cidade de Assis Brasil, distante a 350 km da capital, nos dá a dimensão do desconhecido em meio à selva peruana.

Para atravessar o rio Acre o viajante agora conta com uma ponte moderna, inaugurada em janeiro deste ano pelos presidentes Lula, do Brasil e, Alejandro Toledo, do Peru e, pelo governador Jorge Viana.

Para os presidentes a ponte tem como principal objetivo fazer da região amazônica um espaço de integração, aproximando os povos dos dois países e promovendo uma rica convivência no coração do subcontinente. Além de integração é também o início de um novo capítulo na história dos povos da Amazônia.

No primeiro povoado, conhecido por Iñapari, o serviço de imigração não precisa mais carimbar o passaporte dos viajantes para uma grande aventura pela Estrada do Pacífico rumo à cidade sagrada dos incas: Machu Pichu.

Se do lado brasileiro a rodovia está completamente asfaltada, o mesmo não acontece do lado peruano, mas homens e máquinas trabalham dia e noite nos 240 km da estrada que liga Iñapari a Puerto Maldonado, tendo alguns trechos prontos para receber a camada asfáltica. Mesmo sendo de terra, a estrada está em boas condições de tráfego. Apenas a poeira atrapalha a visão do turista para apreciar a beleza da floresta, que se abre dando boas-vindas aos visitantes.

Madre de Dios
Andando por uma terra exuberante e vigorosa que ainda não foi castigada pelas garras da civilização, chega-se, depois de quatro horas de carro, à cidade de Puerto Maldonado, abençoada pelos rios Madre de Dios e Tambopata.

Cercada por uma floresta feroz e complicada, quente e opressiva, mas pródiga em vida, Puerto Maldonado abriga uma das maiores diversidades de espécies de flora e de fauna do planeta, tudo em perfeita harmonia.

Aqui está uma das maiores e mais ricas reservas naturais do mundo, o Parque Nacional do Manu, declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. Possui milhares de espécies de mamíferos e milhões de espécies de insetos e de invertebrados, além de abundante flora nos bosques úmidos subtropicais.

Saindo de Maldonado, o turista, com cem dólares, paga a passagem de ida e volta de avião para Cuzco, a terceira cidade mais visitada do mundo.

A cidade sagrada dos Incas
A cidade de Machu Picchu não guarda nenhuma pista do paradeiro de seus habitantes. Para muitos, eles teriam sido pouco a pouco dizimados por uma peste, mas não se sabe qual teria sido. Outros dizem que os incas teriam se refugiado na Floresta Amazônica, pressentindo, talvez, a chegada do inimigo e, mais tarde, mortos pelos conquistadores espanhóis.

Foram descobertos em Machu Picchu corpos mumificados de 164 pessoas. Acredita-se que 102 desses 164 corpos seriam de mulheres adultas; 22 de homens adultos e 11 de jovens. E, desses 11 corpos de jovens, 7 seriam femininos e 4 masculinos. Por seu esplendor, Machu Picchu foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Águas Calientes
Se o visitante quiser se hospedar em um local mais perto da cidade sagrada, poderá fazer no povoado de Águas Calientes, uma cidade localizada a oito quilômetros de Machu Picchu, que tem hotéis pequenos, restaurantes, delegacia de polícia, serviços de luz e telefonia.

Passar a noite em Águas Calientes, além de ser mais econômico, permite ao viajante passar um dia inteiro em Machu Picchu. Quem vai no mesmo dia de Cuzco tem apenas umas três horas para passear pelas ruínas, tempo que definitivamente não é suficiente. Além disso, passear por Machu Picchu de manhã é muito melhor que à tarde, já que as ruínas estão bem mais vazias. As multidões de turistas que vem direto de Cuzco só tomam Machu Picchu de assalto no início da tarde. A partir daí é um empurra-empurra e o engarrafamento de pessoas. É necessário tempo e calma para visitar a maior atração da América do Sul.

Se o viajante quiser viajar pelo Caminho Inca, tem a possibilidade para ficar em um alojamento, situado muito perto das ruínas de Wañay Wiyna, que tem terraços e quartos confortáveis. O preço dos hotéis varia de dez a cem dólares.

Dicas
# A vacina de febre amarela é obrigatória e deve ser tomada com dez dias de antecedência. A vacina pode ser tomada gratuitamente nos aeroportos brasileiros e não esqueça de levar a carteirinha internacional.
# Leve dólares americanos, em notas pequenas e novas;
# Faça o câmbio do dinheiro nos bancos, costuma ter uma melhor cotação, mas a troca pode ser feita nas próprias agências de viagens;
# Troque pouco dinheiro de cada vez;

Compras, hospedagem e refeições
# Pechinche, o preço inicial é sempre mais alto para isso mesmo;
# O mercado de Pisak é o lugar onde há os "souvenirs" mais baratos da viagem. Em Cuzco, fuja dos mercadinhos da Plaza de Armas, são os mais caros;
# O prato do dia é sempre o mais barato, os outros costumam ser bem mais caros;
# Hospede-se em um hostal, são mais simples que os hotéis, mas muito mais baratos;
# Só beba água mineral, refrigerantes, sucos industrializados.
#Produtos importados são caríssimos, não tenha medo de procurar os similares peruanos.

Cuzco
Muralhas incas, roupas coloridas, vales sagrados, igrejas construídas sobre palácios, cidadelas perdidas nas alturas dos Andes, caminhos legendários, toda a beleza de um passado glorioso desenha-se ao redor do visitante que chega a Cuzco: a cidade sagrada dos Incas e a capital arqueológica de América.
Desde que Hiram Bingham descobriu a cidadela de Machu Picchu, Cuzco tem provocado a imaginação de milhares e milhares de viajantes do mundo, que se aventuram no milenar Caminho Inca à busca do passado.

A cidade, porém, mostra muitos outros atrativos que, sozinhos, seriam suficientes para atrair ao turista: a Praça de Armas, chamada Huacaypata pelos incas; o bairro dos artesãos de San Blas; o Convento de Santo Domingo, construído sobre o Templo do Sol ou Korikancha; os palácios do inca e de sua corte; e uma longa lista de maravilhas arqueológicas e históricas. Para os incas, as quatro direções de seu Império partiam da cidade de Cuzco, cujo nome, na língua quéchua, significa umbigo do mundo.

É de Cuzco que o turista parte para Machu Picchu, cuja viagem pode ser feita de trem ou caminhando pelas trilhas incas. Em geral, o clima da cidade de Cuzco é severo. A temperatura média é de 12 graus pela manhã e, pela parte da noite, chega a 6 graus. À noite, quando a cidade se veste de luzes, as discotecas, os bares e os restaurantes oferecem muitas atratividades. A vida noturna em Cuzco tem uma grande variedade de atrações para os viajantes, capaz de satisfazer o mais exigente.

De Cuzco para Machu Picchu o turista pode pegar o trem, que sai às 6 horas da manhã e leva cerca de 4 horas para chegar ao povoado de Águas Calientes. O retorno é sempre no final da tarde. O turista pode também pegar o ônibus cedo da manhã para a cidade de Ollantaytambo. Como o trem passa às 7 horas da noite, o viajante terá tempo para conhecer as ruínas e as obras deixadas pelos incas. De lá para Machu Picchu são apenas 2 horas de viagem.

A viagem é extraordinariamente pitoresca, passando pelo vale do Rio Salgado e o vale do Urubamba. A floresta tropical que chega até a linha férrea é rica de vegetação variada, mas os picos que se elevam acima dela são desprovidos de qualquer vegetação, pois chegam até a 5 mil metros de altitude.

Outra opção é arranjar um guia e percorrer a pé os 104 km da Estrada Inca. Esse percurso é feito em aproximadamente três dias de caminhada. O complexo de construções em Machu Picchu fica aberto ao público das 7 horas às 17 horas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Viciente - A Profecia Calestina... dista 22 km do Brasil?

12:30 PM  

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