PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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quarta-feira, outubro 10, 2007

SOLIDÃO

Tem dias que acordamos atravessados, com vontade de fugir de casa, das pessoas, do mundo. Nesses dias seria bom nem pensar, respirar. Apenas esperar pela mensagem que não veio, pelo sol que passou, pelo vento que parou, pelo vazio que chegou. É nesse momento que vivo além da solidão desse vazio.

Quem ainda não sentiu o sabor amargo da solidão? Quem nunca pensou que está só em meio a uma multidão? Ou quem ainda não se sentiu solitário ao lado de alguém? Com certeza a maioria de nós sabe o que é a solidão, da qual estamos tentando escapar. A maioria de nós tem consciência dessa pobreza interior.

Passeando por várias linhas de pensamento, observamos que quando se ama alguma coisa, há naturalmente comunhão com essa coisa, mas o amor não é uma palavra, um nome, um simples ato de pensar. Não se pode amar aquilo a que damos o nome de solidão porque não temos plena consciência dela.

Há nesse conflito interior uma grande vontade de fugir de nós mesmo. Logo, isso que denominamos de vazio é um processo de isolamento que é o produto do relacionamento cotidiano, porque, no relacionamento, consciente ou inconscientemente, estamos procurando a exclusão da nossa própria existência. Nesse momento há um leve desejo de fechar a porta e dizer adeus a nós mesmo.

A solução do problema não vai ser encontrada nas teorias, que servem somente para aumentar o isolamento. Mas, sim, na mente, que é pensamento, empenhado em fugir da solidão.

O escritor Arthur Schopenhauer, disse em uma de suas obras que “Quem não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre”.

Na minha humilde forma de pensar, acredito que solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo; não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar; não é o retiro voluntário que a gente se impõe as vezes, para realinhar os pensamentos; não é o vazio de gente ao nosso lado nem tampouco a plenitude de gente a nossa volta.

Solidão é muito mais que isto. Solidão é quando nos perdemos da vida, dos sentimentos, do amor, da nossa companhia. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa alma.

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2 Comments:

Blogger Andréa Zílio said...

Parabéns pelo texto sobre a solidão. Já dizia Fernando Pessoa:
Uma maior solidão

"Uma maior solidão
Lentamente se aproxima
Do meu triste coração.
Enevoa-se-me o ser
Como um olhar a cegar,
A cegar, a escurecer.

Jazo-me sem nexo, ou fim...
Tanto nada quis de nada,
Que hoje nada o quer de mim."

Grande beijo Pitter.

1:36 PM  
Blogger GiselleXL said...

fiquei em dúvida quanto o meu amor à liberdade..

aiai

3:13 PM  

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