GEOECOLOGIA DA AMAZÔNIA: Notas para um debate (Parte 1)
O texto a seguir é uma modesta contribuição do geógrafo e professor da Universidade Federal do Acre, Jairon Nascimento, para um diagnóstico da região amazônica, adaptado para esta ocasião, cujos fundamentos estão assentados na experiência e na pesquisa pessoal de seu autor bem como nas informações científicas de seus pares, geradas no mesmo cenário, com preocupações semelhantes as que aqui se afiguram.
O modismo das elites mundiais colonizou a mente da classe média brasileira que, com sua influência, procura redefinir um modelo de desenvolvimento para a Amazônia, após o fracasso ambiental do modelo agropecuário. Os projetos propostos ou executados pelos governos estaduais, bem como as idéias das elites dirigentes regionais, indistintamente, deparam-se com a realidade imperativa em ter que garantir a sobrevivência de seu povo com qualidade de vida e preservação ambiental.
Todavia, identifica-se que os governos e as elites regionais, desconhecem a realidade geoambiental amazônica ou estão mal intencionados quanto a apropriação e uso dos recursos naturais, mesmo falando em sustentabilidade, manejo sustentável, desmatamento zero, seqüestro de carbono, fundo de compensação etc.
A Amazônia, em geral, e a Amazônia brasileira, em particular, são interpretadas de formas diferentes. No mínimo aceita-se as seguintes definições fundamentais da Amazônia como região e como território:
* A Amazônia Legal, como território.
* A Bacia Amazônica, como sistema hidrográfico.
* A Floresta Amazônica, como formação vegetacional.
* A Amazônia, como região cultural.
* E a Planície da Depressão Amazônica, que é a definição, ao meu ver, mais adequada e coerente, que assumo aqui.
O traço distintivo da Depressão Amazônica é o fato do predomínio das paisagens (ou unidades geoambientais) das planícies equatoriais, geralmente úmidas e super úmidas. Seus vizinhos estão constituídos por paisagens diferentes. Assim, o Planalto Venezuelano das Guianas está constituído por paisagens dos planaltos equatoriais sub úmidos e depressões inter-planáltica semi-árida; o Planalto Central que forma parte do Planalto Brasileiro está constituído pelas paisagens dos planaltos equatoriais úmidos e sub úmidos e pelas paisagens tropicais úmidas. O Planalto Nordestino está formado por paisagens equatoriais sub úmidas e semi-áridas.
Os fatores formadores das paisagens amazônicas podem distinguir-se de acordo a três estruturas paisagísticas:
* A estrutura geólogo-geomorfológica, conformada por uma grande depressão tectônica, que determina uma posição isométrica relativamente baixa e a formação de uma potente cobertura de depósitos sedimentares, de formação recente (Cenozóico e Quaternário superior), formados principalmente por areias, argilas e arenitos. Esta estrutura condiciona em geral uma homogeneidade muito marcada. Não está presente a diferenciação altitudinal, nem a diferenciação exposicional. O relevo é marcadamente homogêneo. Apenas pequenas diferenças de relevo, manifestam-se em condições e regime de drenagem diferenciados.
* A estrutura climática está condicionada, em parte, por uma uniformidade do regime térmico, no qual predomina o clima equatorial, de altas temperaturas, durante todo o ano e de precipitações altas e constantes, que conformam a existência de um clima fortemente úmido, com uma sazonalidade seca que, quando existe, é curta. A depressão é rodeada por planaltos ao norte e ao sul, e pelo maciço montanhoso da cordilheira andina a oeste, que funciona como uma grande esponja recebendo, além das grandes quantidades de precipitações inerentes ao clima equatorial úmido predominante, também grandes quantidades de água provenientes das áreas circundantes.
Toda essa quantidade de água, sobre um substrato predominantemente impermeável, deu origem ao mais complexo sistema hidrográfico do mundo, onde o rio Amazonas constitui a artéria principal. A Bacia Amazônica é formada por uma grande extensão de terras de baixas latitudes contendo uma ampla rede de canais, lagos e lagoas que drenam desde os Andes, as Guianas e o Brasil Central. Essa teia de águas é responsável por 20% de toda água doce que chega aos oceanos.
O rio, portanto, é o eixo fundamental dos movimentos de matéria e energia na depressão amazônica. Logo, todo o excesso de água, em condições de um relevo baixo e plano, condiciona no fundamental a presença próxima da superfície do lençol freático, alagações e inundações freqüentes, determinadas pelas chuvas e as oscilações sazonais das precipitações. É por isso, que o regime heteromórfico, excessivo e permanente constitui um fator decisivo na formação das paisagens da depressão amazônica.
* A estrutura edafo-biótica: Predomina a floresta ombrófila densa e aberta. Esta floresta possui a maior diversidade biológica de todos os biomas terrestres. Já registrou-se aqui uma diversidade de 300 espécies distintas de árvores, ocupando uma área de 2 km². A floresta, rios e lagos são responsáveis por 50% da humidade da região que somadas aos outros 50% trazidas do oceano atlântico pelo ventos alísios, originam a única massa de ar do planeta em território continental. Essa Massa Equatorial Continental(MEC), desloca-se na amazônia de norte para sul e vice-versa, “empurrada” pelo efeito continentalidade.
Esse movimento é responsável pela alternância de cheia nos rios da Amazônia. Enquanto os canais afluentes da margem esquerda do rio Amazonas e/ou Solimões estão cheios os afluentes da sua direita encontram-se “vazios”, definido assim o compasso edafo-biótico. A magnitude dessa massa de ar é tão expressiva ao ponto de influenciar o regime climático da região centro oeste brasileira bem como parte da região sul.
No mosaico das florestas na Amazônia há uma grande diversidade de formações vegetais que podem ser agrupadas em três tipos básicos: as florestas de terra firme (densas e abertas), as florestas de várzeas e igarapés. O desenvolvimento dessas florestas depende do regime de inundações dos rios.
O modismo das elites mundiais colonizou a mente da classe média brasileira que, com sua influência, procura redefinir um modelo de desenvolvimento para a Amazônia, após o fracasso ambiental do modelo agropecuário. Os projetos propostos ou executados pelos governos estaduais, bem como as idéias das elites dirigentes regionais, indistintamente, deparam-se com a realidade imperativa em ter que garantir a sobrevivência de seu povo com qualidade de vida e preservação ambiental.
Todavia, identifica-se que os governos e as elites regionais, desconhecem a realidade geoambiental amazônica ou estão mal intencionados quanto a apropriação e uso dos recursos naturais, mesmo falando em sustentabilidade, manejo sustentável, desmatamento zero, seqüestro de carbono, fundo de compensação etc.
A Amazônia, em geral, e a Amazônia brasileira, em particular, são interpretadas de formas diferentes. No mínimo aceita-se as seguintes definições fundamentais da Amazônia como região e como território:
* A Amazônia Legal, como território.
* A Bacia Amazônica, como sistema hidrográfico.
* A Floresta Amazônica, como formação vegetacional.
* A Amazônia, como região cultural.
* E a Planície da Depressão Amazônica, que é a definição, ao meu ver, mais adequada e coerente, que assumo aqui.
O traço distintivo da Depressão Amazônica é o fato do predomínio das paisagens (ou unidades geoambientais) das planícies equatoriais, geralmente úmidas e super úmidas. Seus vizinhos estão constituídos por paisagens diferentes. Assim, o Planalto Venezuelano das Guianas está constituído por paisagens dos planaltos equatoriais sub úmidos e depressões inter-planáltica semi-árida; o Planalto Central que forma parte do Planalto Brasileiro está constituído pelas paisagens dos planaltos equatoriais úmidos e sub úmidos e pelas paisagens tropicais úmidas. O Planalto Nordestino está formado por paisagens equatoriais sub úmidas e semi-áridas.
Os fatores formadores das paisagens amazônicas podem distinguir-se de acordo a três estruturas paisagísticas:
* A estrutura geólogo-geomorfológica, conformada por uma grande depressão tectônica, que determina uma posição isométrica relativamente baixa e a formação de uma potente cobertura de depósitos sedimentares, de formação recente (Cenozóico e Quaternário superior), formados principalmente por areias, argilas e arenitos. Esta estrutura condiciona em geral uma homogeneidade muito marcada. Não está presente a diferenciação altitudinal, nem a diferenciação exposicional. O relevo é marcadamente homogêneo. Apenas pequenas diferenças de relevo, manifestam-se em condições e regime de drenagem diferenciados.
* A estrutura climática está condicionada, em parte, por uma uniformidade do regime térmico, no qual predomina o clima equatorial, de altas temperaturas, durante todo o ano e de precipitações altas e constantes, que conformam a existência de um clima fortemente úmido, com uma sazonalidade seca que, quando existe, é curta. A depressão é rodeada por planaltos ao norte e ao sul, e pelo maciço montanhoso da cordilheira andina a oeste, que funciona como uma grande esponja recebendo, além das grandes quantidades de precipitações inerentes ao clima equatorial úmido predominante, também grandes quantidades de água provenientes das áreas circundantes.
Toda essa quantidade de água, sobre um substrato predominantemente impermeável, deu origem ao mais complexo sistema hidrográfico do mundo, onde o rio Amazonas constitui a artéria principal. A Bacia Amazônica é formada por uma grande extensão de terras de baixas latitudes contendo uma ampla rede de canais, lagos e lagoas que drenam desde os Andes, as Guianas e o Brasil Central. Essa teia de águas é responsável por 20% de toda água doce que chega aos oceanos.
O rio, portanto, é o eixo fundamental dos movimentos de matéria e energia na depressão amazônica. Logo, todo o excesso de água, em condições de um relevo baixo e plano, condiciona no fundamental a presença próxima da superfície do lençol freático, alagações e inundações freqüentes, determinadas pelas chuvas e as oscilações sazonais das precipitações. É por isso, que o regime heteromórfico, excessivo e permanente constitui um fator decisivo na formação das paisagens da depressão amazônica.
* A estrutura edafo-biótica: Predomina a floresta ombrófila densa e aberta. Esta floresta possui a maior diversidade biológica de todos os biomas terrestres. Já registrou-se aqui uma diversidade de 300 espécies distintas de árvores, ocupando uma área de 2 km². A floresta, rios e lagos são responsáveis por 50% da humidade da região que somadas aos outros 50% trazidas do oceano atlântico pelo ventos alísios, originam a única massa de ar do planeta em território continental. Essa Massa Equatorial Continental(MEC), desloca-se na amazônia de norte para sul e vice-versa, “empurrada” pelo efeito continentalidade.
Esse movimento é responsável pela alternância de cheia nos rios da Amazônia. Enquanto os canais afluentes da margem esquerda do rio Amazonas e/ou Solimões estão cheios os afluentes da sua direita encontram-se “vazios”, definido assim o compasso edafo-biótico. A magnitude dessa massa de ar é tão expressiva ao ponto de influenciar o regime climático da região centro oeste brasileira bem como parte da região sul.
No mosaico das florestas na Amazônia há uma grande diversidade de formações vegetais que podem ser agrupadas em três tipos básicos: as florestas de terra firme (densas e abertas), as florestas de várzeas e igarapés. O desenvolvimento dessas florestas depende do regime de inundações dos rios.
1 Comments:
muito bom o texto!
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