PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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sexta-feira, agosto 10, 2007

GEOECOLOGIA DA AMAZÔNIA: Notas para um debate ( Final)

As consequências ecológicas e ambientais desse modelo podem caracterizar-se pelas seguintes premissas:

* Alteração da rede hidrográfica.
* Destruição da biodiversidade.
* Degradação das paisagens naturais, com a destruição da capacidade de intercâmbio de substâncias e perda da fertilidade dos solos.
* Mudanças climáticas, de caráter local e regional.
* Incremento significativo de pragas e enfermidades.

Constata-se afinal, que as características da desarticulação espacial na Amazônia brasileira têm sido as seguintes:
• A implantação de um modelo desenvolvimentista, imitativo de experiências exógenas, baseado no crescimento econômico à deriva, socialmente não equitativo e ambientalmente explorador, fundamentalmente iniciado a partir de 1960, através da apropriação capitalista da fronteira.
• Ampliação da fronteira agrícola com a formação de grandes pastagens homogêneas, pouco produtivas, atualmente caracterizadas pela ampliação de fazendas de soja.
• Crescimento urbano excessivo e a formação de redes urbanas sob a forma de uma malha programada com a criação de novas cidades planejadas.
• Sistema viário baseado no transporte rodoviário (estradas).
• Ampla relevância das atividades extrativistas.
• Intensa transformação do regime das paisagens naturais com a criação de grandes clareiras, desmatamento e poluição dos rios e igarapés.
• Industrialização fictícia mediante a criação da Zona Franca de Manaus.
• Processo de inserção das redes nacionais e mundiais, espacialmente desiguais e dependentes de centros situados fora da região.

Essas são as características gerais do processo de ocupação e transformação, pelas atividades humanas da Planície da Depressão Amazônica. É necessário destacar que tem havido um marcado carácter de diferenciação espacial, dado em grande parte pelas condições naturais diferenciadas prevalecentes em cada espaço. Em geral podem-se distinguir 5 unidades referenciadas, expostas no Mapa:

* Área ocupada fundamentalmente por florestas primárias, que constituem o suporte de nações indígenas, que baseiam seu sustento na caça e na pesca e a floresta aberta modificada, onde localizam-se as práticas extrativistas, com populações de seringueiros.
Agricultura de subsistência, ao longo dos terraços aluviais, que é o sustento das populações ribeirinhas.
* Pasto plantado e agricultura de subsistência que constitui a base da pecuária extensiva, fundamentalmente na parte alta da depressão, e que representa uma parte do sustento de populações das cidades médias e pequenas.
* Agricultura comercial e pecuária extensiva e intensiva, ao longo dos terraços aluviais nos arredores das capitais dos estados.
* Pasto plantado de pecuária intensiva, na planície litorânea, ocupado por um sistema denso de cidades intermediárias e pequenas localizadas no entorno da cidade de Belém.
* Pasto natural na pecuária extensiva associado à agricultura de subsistência, no ecótono meridional que constitui a transição entre as paisagens da planície amazônica, com o planalto sul-amazônico.

A análise da ocupação espacial aqui descrita permite indicar que grande parte da planície amazônica, em geral, tem constituído uma barreira à ocupação e a transformação humana.

Isso acontece a um conjunto de fatores limitantes, que na realidade têm impedido as ações humanas maciças. Esses fatores limitantes são: as inundações e alagações freqüentes; a presença de uma floresta densa e a baixa fertilidade dos solos. As ações humanas têm se concentrado nas regiões de paisagens naturais onde tem existido um mínimo de requisitos que permite sua ocupação.

Parte significativa do Estado de Acre teve características naturais que permitiram sua ocupação e transformação. No quadro geral da depressão amazônica, a área ocupada pelo Estado do Acre, se distingue por características diferenciadas. Essas características serão analisadas numa próxima oportunidade.

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