PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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segunda-feira, abril 09, 2007

CAI A MÁSCARA DA FLORESTANIA

Um estudo feito pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente (IMAZON) com a colaboração de técnicos do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC), sobre o desmatamento no Acre entre os anos de 1988 a 2004 aponta resultados impressionantes. A máscara do governo da florestania começa a cair quando os números da pesquisa revelam que nunca se desmatou tanto quando na gestão do governador Jorge Viana, do PT, entre 1999 a 2006.

O desmatamento bruto no Acre passou de 6.149 km2 em 1988 para 16.618 km2 até 2004, representando um aumento de 10.469 km2 de áreas desmatadas. Isso significa uma perda anual média de 650 km2 de florestas por ano neste período. A pesquisa foi concluída em setembro de 2006.

Os resultados das análises revelam que os municípios mais desmatados foram Plácido de Castro que perdeu 68% da sua cobertura florestal seguido por Senador Guiomard (65%), Acrelândia (49%), Capixaba (42%) e Epitaciolândia (41%). A Reserva Indígena que mais desmatou até 2004 foi a Reserva de Kaxinawá Colônia Vinte e Sete que perdeu 96% de sua cobertura florestal seguida da Reserva Igarapé do Gaúcho que perdeu 9%.

Em relação às regiões do Acre, observa-se que a região do Baixo Acre é a que sofreu maior desmatamento até 2004 perdendo 37,5% de sua cobertura florestal. A segunda região mais desmatada foi a do Alto Acre com 22% de áreas abertas até 2004. A região do Estado que apresentou menor área desmatada é a região de Purus, com 3,4% desmatados em 2004 no Estado.

Desmatamento nas UCs
No estado do Acre as Unidades de Conservação são divididas em cinco Reservas Extrativistas, cinco Florestas Estaduais, três Florestas Nacionais, um Parque Nacional e uma Unidade de Conservação de Interesse Ecológico.

A UC de Relevante Interesse Ecológico Seringal Nova Esperança foi a Unidade de Conservação que mais perdeu sua cobertura florestal até 2004, com 36% de sua área original de floresta desmatada. Essa UC possui área de 2.584 hectares e localiza-se no Município de Xapuri; tem como objetivo proteger exemplares raros da biota regional, em especial as espécies Castanheira (Bertoletia excelsa) e Seringueira (Hevea brasilien).

Em segundo e terceiro lugar aparecem a Floresta Estadual do Mogno e a Reserva Extrativista Chico Mendes, com 4% e 3,6% de sua área desmatada até 2004, respectivamente. As Reservas Extrativistas do Alto Juruá e do Alto Tarauacá apresentaram aumento na taxa anual de desmatamento no período de 2000 a 2004. Essas áreas já desmataram até 2004 cerca de 2% do seu território.

Somente a Estação Ecológica do Rio Acre não apresentou desmatamento até 2004. As demais UCs que apresentaram menos de 1% do seu território desmatado foram as Florestas Nacionais Santa Rosa do Purus, São Francisco, Macauã e a Floresta Estadual Chandles.

Terras Indígenas
O Estado do Acre possui 32 áreas destinadas a Terras Indígenas, com um pouco mais de 27 mil quilômetros quadrados. A Terra Indígena mais desmatada até 2004 foi a Kaxinawá Colônia Vinte e Sete, com 95% de sua cobertura florestal original desmatada.

Em seguida aparecem as Terras Indígenas Igarapé do Gaúcho (9%), Kaxinawá do Baixo Rio Jordão (6,7%) e Reserva Arara do Rio Amônio (6%), Poyanawá (6%), Katukina/Kaxinawá (5%), Nukini (4%) e Curralinho (4%). Não foi detectado desmatamento na Terra Indígena Xinane até 2004. As demais Terras Indígenas tiveram menos de 4% do seu território já desmatado até 2004.

Assentamentos de Reforma Agrária
As áreas dos 109 assentamentos rurais mapeados pelo INCRA até 2004, totalizam aproximadamente uma área de 17 mil km², o que corresponde a 11 % do Estado do Acre. O projeto de Assentamento que mais desmatou até 2004 foi o Pólo Agroflorestal de Feijó com quase toda a sua área original desmatada (99%), seguido pelo assentamento Casulo Hélio Pimenta com 95% cobertura. Os assentamentos menos desmatados até 2004 foram o Minas e o Assentamento Acrelândia.

Analisando a contribuição relativa das camadas temáticas em relação ao desmatamento até 2004 do estado do Acre, os resultados do estudam apontam que as Unidades de Conservação contribuíram com apenas 5% do desmatamento total, seguido das Terras Indígenas com 1%. Os Assentamentos do INCRA contribuíram com 38% do desmate da cobertura do estado do Acre.

E agora, Viana?

A devastação no Acre, durante a gestão de Jorge Viana, foi maior do que se pensava

Leonardo Coutinho
Antonio Milena


O petista Jorge Viana governou o Acre por oito anos, de 1999 a 2006. Logo que chegou ao poder, percebeu que o discurso ambiental poderia lhe render projeção nacional e batizou sua gestão de "governo da floresta". No segundo ano de mandato, passou a alardear que havia contido o desmatamento em seu estado. Tornou-se um dos astros do petismo e aproximou-se do presidente Lula. Seu peso político aumentou tanto que, agora, mesmo sem mandato, disputa com José Sarney e Jader Barbalho quem apadrinhará o próximo superintendente da Sudam, a Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia.

A imagem de Viana como protetor da natureza, no entanto, está tão ameaçada quanto a mata que ele diz defender. VEJA teve acesso a um estudo encomendado pelo próprio petista que mostra que, nos seis primeiros anos de sua gestão, a velocidade do desmatamento no Acre triplicou e chegou à marca de 995 quilômetros quadrados em 2004. É como se uma área de floresta do tamanho de catorze campos de futebol fosse derrubada por hora. Pior: o estudo, feito pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), revela ainda que, de todo o desmatamento do Acre, cerca de um terço ocorreu durante a administração de Viana. O então governador recebeu as conclusões do estudo em agosto do ano passado – e as escondeu.

Viana: bom de conversa, mas ruim de serviço
Em setembro de 2003, VEJA já havia informado que a devastação no estado aumentara no governo do PT. Viana se esforçou para desqualificar a reportagem. Alegou que os números apresentados estavam errados e escalou jornalistas pagos com dinheiro público para replicar sua defesa pelo país. Em seu estado, usou dinheiro do Erário para atacar VEJA nos jornais e TV locais. "No meu governo, o desmatamento só cai", jurava ele. Poderia ter-se poupado.

O estudo do Imazon, feito com base em imagens de satélite, tem um grau de precisão inédito no país e confirma o diagnóstico da destruição. No Acre, entretanto, Viana mantém sua boa imagem, principalmente entre os onguistas. Sintomático. Lá, nem os "povos da floresta" andam preocupados em manter as árvores em pé. No seringal Nova Esperança, em Xapuri, 36% da floresta dentro de sua área foi destruída.

A Reserva Extrativista Chico Mendes está salpicada de pastagens. Fatos assim mostram que a falta de avaliações isentas e sem romantismo ameaça tanto a preservação ambiental quanto o crescimento econômico em um estado que já perdeu 11% de suas florestas e continua a ostentar alguns dos piores indicadores sociais do país.

André Dusek/AE


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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ola Pitter gostaria de parabeniza-lo pelas exibição em seu Blog da materia "E Agora Viana".
Espero que vc sempre seja essa pessoa etica e coerente que tanto a conheco e admiro e que sempre fique do lado da informação e não da ditadura na qual vivemos aqui no Acre

9:41 AM  

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