FORRÓ DAS QUATRO BOLAS
Era criança, mas lembro de muitas coisas do seringal onde morava com meus pais no seio da Amazônia boliviana. Dentre tantas lembranças, uma festa na casa de um compadre seringueiro é bem especial. Como a distância entre as casas na floresta sempre é longa, 15, 18, 20 quilômetros, percebe-se que diversão naquela região é coisa rara, muito rara. Para o caboclo da mata, entretanto, não existe lonjura quando o assunto é requebrar o esqueleto ou ralá o bucho num forró.
Logo cedo da manhã, depois do quebra jejum, o seringueiro começa a arrumar o “quiba” para a caminhada rumo à casa do compadre dono da festa. As crianças menores vão no jamaxi carregado pelo pai, as maiores encaram a pernada dos vários quilômetros. Para a viagem o seringueiro não esquece da espingarda, uma faca peixeira, uma lata de farofa e um litro de álcool puro. A bebida é para aquecer a festa. No varadouro, ele dita a velocidade do passo seguido pela mulher. A viagem é sempre em silêncio.
Próximo à casa da festa o seringueiro dá um tiro de espingarda para anunciar que está chegando. Quando a noite se aproxima os homens, sempre separados das mulheres, começam o ritual de beber álcool para começar o forrobodó. As mulheres usam vestidos de chita, se enfeitam como podem para alegrar o marido e aos amigos que as esperam para a dança. Em muitas festas há mais homens do que mulheres por causa dos solteiros, mas isso não é problema.
Com o início da festa os homens entregam as facas para o dono da casa. Precaução e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Se por um lado as mulheres se preocupam com a comida que será servida, os homens esperam a noite chegar para fazer o famoso “barreiro”, local onde se esconde a bebida nos arredores da casa. Geralmente álcool da tampa azul misturado com mel de abelha, batizado de “melado”, é a principal bebida dos seringueiros. Depois do jantar o toca-disco dá o tom do furdunço.
Geralmente em festas de seringal, poucos são os discos disponíveis de forró. As mulheres não podem recusar dançar com outro homem, isto é, aplicar a famosa “canelada”. Essa recusa já resultou em confusão porque o homem se sente rejeitado. Por isso que as armas são entregues ao dono da casa e escondidas. Em algumas festas duas mulheres dançam com mais de dez homens.
Pela madrugada, com o cansaço das mulheres e os homens embriagados, começa o chamado forró das quatro bolas. Embalados pelo álcool, homem dança com homem pelo resto da noite. Quando a bebida acaba eles apelam para tudo que contém álcool como desodorantes e perfumes. Dança de homem com homem no seringal não é coisa do outro mundo. É uma forma de extravasar o sentimento de solidão a que estão submetidos no inferno da selva amazônica.
Logo cedo da manhã, depois do quebra jejum, o seringueiro começa a arrumar o “quiba” para a caminhada rumo à casa do compadre dono da festa. As crianças menores vão no jamaxi carregado pelo pai, as maiores encaram a pernada dos vários quilômetros. Para a viagem o seringueiro não esquece da espingarda, uma faca peixeira, uma lata de farofa e um litro de álcool puro. A bebida é para aquecer a festa. No varadouro, ele dita a velocidade do passo seguido pela mulher. A viagem é sempre em silêncio.
Próximo à casa da festa o seringueiro dá um tiro de espingarda para anunciar que está chegando. Quando a noite se aproxima os homens, sempre separados das mulheres, começam o ritual de beber álcool para começar o forrobodó. As mulheres usam vestidos de chita, se enfeitam como podem para alegrar o marido e aos amigos que as esperam para a dança. Em muitas festas há mais homens do que mulheres por causa dos solteiros, mas isso não é problema.
Com o início da festa os homens entregam as facas para o dono da casa. Precaução e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Se por um lado as mulheres se preocupam com a comida que será servida, os homens esperam a noite chegar para fazer o famoso “barreiro”, local onde se esconde a bebida nos arredores da casa. Geralmente álcool da tampa azul misturado com mel de abelha, batizado de “melado”, é a principal bebida dos seringueiros. Depois do jantar o toca-disco dá o tom do furdunço.
Geralmente em festas de seringal, poucos são os discos disponíveis de forró. As mulheres não podem recusar dançar com outro homem, isto é, aplicar a famosa “canelada”. Essa recusa já resultou em confusão porque o homem se sente rejeitado. Por isso que as armas são entregues ao dono da casa e escondidas. Em algumas festas duas mulheres dançam com mais de dez homens.
Pela madrugada, com o cansaço das mulheres e os homens embriagados, começa o chamado forró das quatro bolas. Embalados pelo álcool, homem dança com homem pelo resto da noite. Quando a bebida acaba eles apelam para tudo que contém álcool como desodorantes e perfumes. Dança de homem com homem no seringal não é coisa do outro mundo. É uma forma de extravasar o sentimento de solidão a que estão submetidos no inferno da selva amazônica.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home