CARTAS DO ORIENTE (5)
Chagas Freitas
Saindo de Baalbeck continuamos pelo vale do Bekaa para chegármos na parte da tarde à outra jóia, principalmente, para nós cristãos: as ruínas de Aanjar, onde ainda, também, se fala o aramaíco, a língua de Jesus Cristo. É um lugar singular, naturalmente, em proporções bem menores do que a majestosa Baalbeck, mas, também, significativo.
Suas ruínas registram que Aanjar fora um importante centro comercial. São ainda perceptíveis as marcas de suas 500 boutiques, onde se comercializavam as mais caras mercadorias daqueles tempos.
Os mosaicos, dentre os poucos que sobreviveram ao tempo, retratam o modo de vida de seus antigos habitantes, ainda hoje, em sua maioria, descendentes do povo armênio, que se dedicam à agricultura, principalmente, ao cultivo do algodão. Pela sua localização, cercada por montanhas, pode-se imaginar uma atmosfera das 1001 Noites.
Na realidade, o Líbano é um museu a céu aberto, que registra a história de muitos povos. Em quase todo lugar se depara com sítios arqueológicos de importância significativa, por onde continuaremos fazendo um pequeno passeio através dos tempos.
De volta ao litoral: Byblos que foi porto de pescadores na idade neolítica e é habitado continuamente desde sua fundação, há mais de 7.000 anos. Também conhecida pelos povos antigos como a Cidade das Letras. Na língua fenícia, é “Jbeil”, que significa “cerâmica”. Sua prosperidade teve início 3.000 a.C. graças ao comércio com os egípcios, onde os faraós compravam a madeira usada na construção de seus templos.
Com toda sua importância, Byblos não poderia deixar de ser objeto de cobiça. Foi conquistada, dentre outros, por Alexandre, o Grande, que deixou importantes registros do período helênico. Os cruzados construíram a igreja de São João Batista, no estilo romano, no início do séc.XIII, cujas ruínas são o testemunho de um terremoto que devastou a cidade.
Foram os fenícios, e, muito provavelmente de Byblos, que deixaram uma descoberta que mudou a forma de comunicação dos povos antigos até os dias atuais. Eles reiventaram a escrita, isto é transformaram complicados hieróglifos egípcios num sistema mais simples e eficiente de escrever que usamos atualmente.
Como esse povo estava a anos luz de seus contemporâneos, eles inventaram, de lambuja, os algarismos arábicos baseados num inteligente sistema de ângulos.
Nesse diálogo entre o passado e o presente, nas ruelas de Byblos convivem lindas casas com paredes de pedras, janelas arcadas, charmosos barzinhos, hotéis, um clube por onde passaram muitas pesonalidades (Marlon Brando, Sophia Loren, David Rochefeller, Brigitte Bardot, o nosso ex-presidente José Sarney). Até, eu deixei a minha foto. Mas, se um dia ela se juntará às dos outros ilustres visitantes, serão outros 500! Nessa paisagem com belas árvores chega-se até o porto de onde os fenícios se lançavam de corpo, alma e espírito aventureiro por mundos nunca dantes navegados para se tornarem os maiores conquistadores da história dos mares.
No Líbano, o diálogo entre as montanhas é permanente. Portanto, vive-se subindo e descendo, descendo e subindo, como as ondas do mar e as escalas da vida. As montanhas de cedro, em Bicharre, são fascinantes já que a pouca distância do litoral, alcança-se grandes altitudes e nesse pequeno espaço geográfico pode-se ter a neve e, ao mesmo tempo, contemplar o azul do mediterrâneo, com banhistas à praia.
Bsharre é a terra natal de Gibran Khalil Gibran, onde foi erguido um museu em sua homenagem. Aqui, também, não se foge à regra: “santo de casa não obra milagre”. Gibran teve que emigrar, primeiro para a França e depois para os Estados Unidos, onde alcançou a fama com a publicação de sua mais famosa obra “O Profeta”, em 1923. Ele, também, foi um pintor competente e tudo isso pode-se ver no museu, onde, repousam os seus restos mortais.
Vistaremos outra montanha, mais alta e distante de Beirute, no vale do Bekaakafra, terra de São Charbel, o santo mais venerado do Líbano e a quem se atribuem muitos milagres. Como eu já fui frequentador de sua igreja em Abidjan, capital da Costa do Marfim, tão logo aqui cheguei percebí que, na zona cristã, há fotos desse santo por todos os lados. Aliás, nos lugares onde vivem os cristãos existem muitas capelinhas, nas esquinas e as pessoas quando passam, inclusive dirigindo automóveis, fazem o sinal da cruz.
Foi um gentil convite de um irmão libanês-brasileiro que ganhei nessa minha feliz estada Beirute, o Jean Zaarur que com sua mulher Geraldine e seu bebê Eli me proporcionaram momentos inesquecíveis.
Numa manhã de domingo, juntamente, com minhas queridas amigas Isabel e Cristina, partirmos em direção à minha nova aventura. A viagem foi muita bonita, uma paisagem deslumbrante, mas quando só olhava para baixo: santo Deus, só calafrios! Lembra a famosa estrada na Bolívia.
Como numa dessas felizes coincidências da vida, a propriedade da família dos Zaarurs fica à entrada da gruta, onde são Charbel, passou as primeiras décadas de sua vida meditando.
Por ser filhos de pastores, ela fora incumbido de tomar conta de umas vaquinhas e cabras no pé da montanha. Foi lá que ele descobriu sua vocação religiosa. Visitei, também, no vilarejo, a igreja de seu batismo e a que ele trabalhou como religioso. No Líbano existem outros lugares a ele dedicados e tive a sorte de a todos visitar, sempre na companhia desses meus queridos amigos de viagens religiosas.
Saindo de Baalbeck continuamos pelo vale do Bekaa para chegármos na parte da tarde à outra jóia, principalmente, para nós cristãos: as ruínas de Aanjar, onde ainda, também, se fala o aramaíco, a língua de Jesus Cristo. É um lugar singular, naturalmente, em proporções bem menores do que a majestosa Baalbeck, mas, também, significativo.
Suas ruínas registram que Aanjar fora um importante centro comercial. São ainda perceptíveis as marcas de suas 500 boutiques, onde se comercializavam as mais caras mercadorias daqueles tempos.
Os mosaicos, dentre os poucos que sobreviveram ao tempo, retratam o modo de vida de seus antigos habitantes, ainda hoje, em sua maioria, descendentes do povo armênio, que se dedicam à agricultura, principalmente, ao cultivo do algodão. Pela sua localização, cercada por montanhas, pode-se imaginar uma atmosfera das 1001 Noites.
Na realidade, o Líbano é um museu a céu aberto, que registra a história de muitos povos. Em quase todo lugar se depara com sítios arqueológicos de importância significativa, por onde continuaremos fazendo um pequeno passeio através dos tempos.
De volta ao litoral: Byblos que foi porto de pescadores na idade neolítica e é habitado continuamente desde sua fundação, há mais de 7.000 anos. Também conhecida pelos povos antigos como a Cidade das Letras. Na língua fenícia, é “Jbeil”, que significa “cerâmica”. Sua prosperidade teve início 3.000 a.C. graças ao comércio com os egípcios, onde os faraós compravam a madeira usada na construção de seus templos.
Com toda sua importância, Byblos não poderia deixar de ser objeto de cobiça. Foi conquistada, dentre outros, por Alexandre, o Grande, que deixou importantes registros do período helênico. Os cruzados construíram a igreja de São João Batista, no estilo romano, no início do séc.XIII, cujas ruínas são o testemunho de um terremoto que devastou a cidade.
Foram os fenícios, e, muito provavelmente de Byblos, que deixaram uma descoberta que mudou a forma de comunicação dos povos antigos até os dias atuais. Eles reiventaram a escrita, isto é transformaram complicados hieróglifos egípcios num sistema mais simples e eficiente de escrever que usamos atualmente.
Como esse povo estava a anos luz de seus contemporâneos, eles inventaram, de lambuja, os algarismos arábicos baseados num inteligente sistema de ângulos.
Nesse diálogo entre o passado e o presente, nas ruelas de Byblos convivem lindas casas com paredes de pedras, janelas arcadas, charmosos barzinhos, hotéis, um clube por onde passaram muitas pesonalidades (Marlon Brando, Sophia Loren, David Rochefeller, Brigitte Bardot, o nosso ex-presidente José Sarney). Até, eu deixei a minha foto. Mas, se um dia ela se juntará às dos outros ilustres visitantes, serão outros 500! Nessa paisagem com belas árvores chega-se até o porto de onde os fenícios se lançavam de corpo, alma e espírito aventureiro por mundos nunca dantes navegados para se tornarem os maiores conquistadores da história dos mares.
No Líbano, o diálogo entre as montanhas é permanente. Portanto, vive-se subindo e descendo, descendo e subindo, como as ondas do mar e as escalas da vida. As montanhas de cedro, em Bicharre, são fascinantes já que a pouca distância do litoral, alcança-se grandes altitudes e nesse pequeno espaço geográfico pode-se ter a neve e, ao mesmo tempo, contemplar o azul do mediterrâneo, com banhistas à praia.
Bsharre é a terra natal de Gibran Khalil Gibran, onde foi erguido um museu em sua homenagem. Aqui, também, não se foge à regra: “santo de casa não obra milagre”. Gibran teve que emigrar, primeiro para a França e depois para os Estados Unidos, onde alcançou a fama com a publicação de sua mais famosa obra “O Profeta”, em 1923. Ele, também, foi um pintor competente e tudo isso pode-se ver no museu, onde, repousam os seus restos mortais.
Vistaremos outra montanha, mais alta e distante de Beirute, no vale do Bekaakafra, terra de São Charbel, o santo mais venerado do Líbano e a quem se atribuem muitos milagres. Como eu já fui frequentador de sua igreja em Abidjan, capital da Costa do Marfim, tão logo aqui cheguei percebí que, na zona cristã, há fotos desse santo por todos os lados. Aliás, nos lugares onde vivem os cristãos existem muitas capelinhas, nas esquinas e as pessoas quando passam, inclusive dirigindo automóveis, fazem o sinal da cruz.
Foi um gentil convite de um irmão libanês-brasileiro que ganhei nessa minha feliz estada Beirute, o Jean Zaarur que com sua mulher Geraldine e seu bebê Eli me proporcionaram momentos inesquecíveis.
Numa manhã de domingo, juntamente, com minhas queridas amigas Isabel e Cristina, partirmos em direção à minha nova aventura. A viagem foi muita bonita, uma paisagem deslumbrante, mas quando só olhava para baixo: santo Deus, só calafrios! Lembra a famosa estrada na Bolívia.
Como numa dessas felizes coincidências da vida, a propriedade da família dos Zaarurs fica à entrada da gruta, onde são Charbel, passou as primeiras décadas de sua vida meditando.
Por ser filhos de pastores, ela fora incumbido de tomar conta de umas vaquinhas e cabras no pé da montanha. Foi lá que ele descobriu sua vocação religiosa. Visitei, também, no vilarejo, a igreja de seu batismo e a que ele trabalhou como religioso. No Líbano existem outros lugares a ele dedicados e tive a sorte de a todos visitar, sempre na companhia desses meus queridos amigos de viagens religiosas.
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