CARTAS DO ORIENTE (3)
Chagas Freitas
O Líbano é de uma importância singular no contexto da história dos povos. Quando estudamos ou estudávamos História, líamos a respeito dos três portos mais importantes dos fenícios, Byblos, Sidon e Tiro (respectivamente, em árabe, Jbeil, Saida e Sour), de onde os gênios inventores da navegação, iniciaram as suas conquistas marítimas e comerciais. Pois é, todos eles estão e sempre estiveram no Líbano. O território que os liga nunca foi dividido, apesar das inúmeras ocupações pelas quais passou a Terra do Cedro. Para tentar entender melhor o Líbano, alguns tópicos devem ser mencionados.
O Líbano tem 18 comunidades religiosas, que não se misturam. Tem 40 jornais diários, 42 universidades, mais de 100 bancos – por favor, não confundam, bancos e não simplesmente agências bancárias, 70% dos seus estudantes estão em universidades particulares, possui a maior população cristã dentre os países muçulmanos, as palavras Libano e Cedro aparecem 75 vezes no antigo testamento, Beirute foi destruída e reconstruída 9 vezes (por isso é considerada a fênix, entre as cidades).
Além do mais, 16 nações ocuparam o país. Byblos é considerada uma das cidades mais antigas do mundo, isto é, habitada de forma continuada, a outra é Damasco. É o único país da região que não possui deserto, é banhado por 15 rios, todos com nascente nas montanhas; é o único país não dirigido de forma ditatorial no mundo árabe; Jesus fez o seu primeiro milagre (a transformação da água em vinho), a primeira escola jurídica do mundo foi construída no centro de Beirute etc.
Diante desses fatos, aqui tudo funciona numa dinâmica peculiar. Um dos primeiros impactos para o visitante é o trânsito. Pelo que já vi, creio que até o mais versátil motorista no caótico trânsito indiano, teria muitas dificuldades de adaptação nas ruas, principalmente, em Beirute. É uma loucura. Mas, funciona. Tem pouquíssimos acidentes e no dia em que colocarem sinaleiros nos cruzamentos, certamente, ninguém se entenderá, aí, sim, a coisa vai pegar.
O país, e, principalmente, Beirute, sua capital, em nada difere do dia-a-dia das grandes cidades. O comércio oferece tudo o que se pode comprar em Paris, Nova Iorque, Londres, Roma etc. No tocante à moda, todas as grandes marcas são ostentivamente representadas. Tem hotéis excelentes. A frota de carro é moderna e não raro depara-se até com ferraris circulando nas apertadas ruas do centro da cidade.
Após a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, o Líbano vem se recuperando e apresentando forte crescimento econômico e isso não passa despercebido. Nos últimos dias importantes missões européias visitaram o país, dentre elas, o chanceler inglês e no momento, o primeiro-ministro francês e vários ministros de estado se encontram em Beirute.
Com toda essa badalação, muita gente se faz presente no antigo berço dos fenícios. Aliás, os libaneses asseguram que não são árabes e sim, fenícios. E o nosso Brasil não poderia ficar fora nesse contexto. Creio, inclusive, que nós, os tupiniquins, levamos vantagens sobre os demais. Primeiro nunca ocupamos país nenhum, muito pelo contrário, somos o país que os libaneses adotaram como sua segunda pátria. No Vale do Bekaa existem cidades onde mais de 90% dos seus habitantes falam português. Muitas lojas são pintadas em verde e amarelo e dizem que em época de copa do mundo, muitas bandeiras brasileiras tomam conta dos tetos residenciais. Nessa região, falou português, vem logo alguém puxar um “lero”.
E dessa forma a presença brasileira é muito significativa. Os nossos astros se apresentam com grande freqüência por essas bandas. Gilberto Gil e Tânia Maria já fizeram shows em Baalbeck, a mais importante ruína romana e onde outros astros internacionais, como Elton John, já se apresentaram.
Esta semana está tendo um festival gastronômico brasileiro "Sabores do Brasil", no luxuoso hotel Pheonicia. A abertura na noite de terça-feira foi coroada com a presença maciça da sociedade libanesa, com direito a caipirinha e até sobremesa com mousse de cupuaçu. E para coroar, não podia deixar de ter a nossa boa música, com muito samba no pé, bossa nova, e até frevo, comandados pelo músico brasileiro Marcelo Godoy (www.myspace.com/marcelogodoy). É muito legal, confiram!
Mas, somos um povo enjoado, como dizemos lá no Norte, o Brasil ainda se fará representar, nos dias 28,29 e 30, com a Cia. de Dança Orpheline, no Teatro Tayouneh, em Beirute. Haja fôlego!
O Líbano é de uma importância singular no contexto da história dos povos. Quando estudamos ou estudávamos História, líamos a respeito dos três portos mais importantes dos fenícios, Byblos, Sidon e Tiro (respectivamente, em árabe, Jbeil, Saida e Sour), de onde os gênios inventores da navegação, iniciaram as suas conquistas marítimas e comerciais. Pois é, todos eles estão e sempre estiveram no Líbano. O território que os liga nunca foi dividido, apesar das inúmeras ocupações pelas quais passou a Terra do Cedro. Para tentar entender melhor o Líbano, alguns tópicos devem ser mencionados.
O Líbano tem 18 comunidades religiosas, que não se misturam. Tem 40 jornais diários, 42 universidades, mais de 100 bancos – por favor, não confundam, bancos e não simplesmente agências bancárias, 70% dos seus estudantes estão em universidades particulares, possui a maior população cristã dentre os países muçulmanos, as palavras Libano e Cedro aparecem 75 vezes no antigo testamento, Beirute foi destruída e reconstruída 9 vezes (por isso é considerada a fênix, entre as cidades).
Além do mais, 16 nações ocuparam o país. Byblos é considerada uma das cidades mais antigas do mundo, isto é, habitada de forma continuada, a outra é Damasco. É o único país da região que não possui deserto, é banhado por 15 rios, todos com nascente nas montanhas; é o único país não dirigido de forma ditatorial no mundo árabe; Jesus fez o seu primeiro milagre (a transformação da água em vinho), a primeira escola jurídica do mundo foi construída no centro de Beirute etc.
Diante desses fatos, aqui tudo funciona numa dinâmica peculiar. Um dos primeiros impactos para o visitante é o trânsito. Pelo que já vi, creio que até o mais versátil motorista no caótico trânsito indiano, teria muitas dificuldades de adaptação nas ruas, principalmente, em Beirute. É uma loucura. Mas, funciona. Tem pouquíssimos acidentes e no dia em que colocarem sinaleiros nos cruzamentos, certamente, ninguém se entenderá, aí, sim, a coisa vai pegar.
O país, e, principalmente, Beirute, sua capital, em nada difere do dia-a-dia das grandes cidades. O comércio oferece tudo o que se pode comprar em Paris, Nova Iorque, Londres, Roma etc. No tocante à moda, todas as grandes marcas são ostentivamente representadas. Tem hotéis excelentes. A frota de carro é moderna e não raro depara-se até com ferraris circulando nas apertadas ruas do centro da cidade.
Após a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, o Líbano vem se recuperando e apresentando forte crescimento econômico e isso não passa despercebido. Nos últimos dias importantes missões européias visitaram o país, dentre elas, o chanceler inglês e no momento, o primeiro-ministro francês e vários ministros de estado se encontram em Beirute.
Com toda essa badalação, muita gente se faz presente no antigo berço dos fenícios. Aliás, os libaneses asseguram que não são árabes e sim, fenícios. E o nosso Brasil não poderia ficar fora nesse contexto. Creio, inclusive, que nós, os tupiniquins, levamos vantagens sobre os demais. Primeiro nunca ocupamos país nenhum, muito pelo contrário, somos o país que os libaneses adotaram como sua segunda pátria. No Vale do Bekaa existem cidades onde mais de 90% dos seus habitantes falam português. Muitas lojas são pintadas em verde e amarelo e dizem que em época de copa do mundo, muitas bandeiras brasileiras tomam conta dos tetos residenciais. Nessa região, falou português, vem logo alguém puxar um “lero”.
E dessa forma a presença brasileira é muito significativa. Os nossos astros se apresentam com grande freqüência por essas bandas. Gilberto Gil e Tânia Maria já fizeram shows em Baalbeck, a mais importante ruína romana e onde outros astros internacionais, como Elton John, já se apresentaram.
Esta semana está tendo um festival gastronômico brasileiro "Sabores do Brasil", no luxuoso hotel Pheonicia. A abertura na noite de terça-feira foi coroada com a presença maciça da sociedade libanesa, com direito a caipirinha e até sobremesa com mousse de cupuaçu. E para coroar, não podia deixar de ter a nossa boa música, com muito samba no pé, bossa nova, e até frevo, comandados pelo músico brasileiro Marcelo Godoy (www.myspace.com/marcelogodoy). É muito legal, confiram!
Mas, somos um povo enjoado, como dizemos lá no Norte, o Brasil ainda se fará representar, nos dias 28,29 e 30, com a Cia. de Dança Orpheline, no Teatro Tayouneh, em Beirute. Haja fôlego!
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