FÉ, O MALUCO BELEZA
Conheci o Fé-em-deus no jornal Folha do Acre pela metade dos anos 80. Era o meu primeiro emprego como repórter e nada melhor do que ter como professor, o mestre Fé, sempre sorridente e bem humorado com os amigos e os inimigos também. Não havia tempo ruim para o veterano jornalista criador da Associação dos Jornalistas do Acre (Aja). Tive o privilégio de trabalhar com o Fé em outras oportunidades, mas naquela época era especial, e o time de repórteres do Folha era show de bola.
Como nossa amizade ultrapassava duas décadas, sempre que nos encontrávamos era motivo de festa que acabava no boteco mais próximo enxugando geladas. Ele contava empolgado suas novas idéias e sonhos para uma vida melhor. Não tinha medo do trabalho e adorava encarar novos desafios. E, se o desafio fosse para escrever, ele pulava de cabeça, seja qual fosse o trabalho. Gostava de Raul Seixas e se achava uma metamorfose ambulante, um maluco beleza, mudando, criando e recriando peças de vida.
Depois que o Folha do Acre foi explodido nos encontramos no jornal O Aquiry, dos jornalistas Elzo Rodrigues e Hugo Conde (os dois já falecidos). À época, o Estado era administrado pela governadora Iolanda Lima, inimiga dos jornalistas que trabalhavam no Folha. A ordem dela foi direta: se no Aquiry tivesse alguém do Folha suspenderia os repasses mensais de publicidade. O resultado para nós foi o olho da rua.
Não demorou muito tempo voltamos a nos encontrar na TV Acre, afiliada da Rede Globo de Televisão e no jornal O Rio Branco. Na TV fui o responsável pela primeira e única greve deflagrada naquela emissora. Nós trabalhávamos no quadro jornalístico Amazônia em Revista. Quando fui demitido o Fé foi conversar com o Emílio Assmar e também foi colocado na rua na mesma hora. Depois de quase uma semana de paralisação, todos os funcionários foram readmitidos, menos eu, por determinação do chefe maior da Rede Amazônica de Televisão, Philipe Daou.
O tempo passou. Em 1990 nos encontramos novamente para colocar a TV União no Ar. Desvirginamos a TV Bandeirantes no Acre com um jornal ao vivo no final de tarde. O Fé era o editor-chefe. Após quase um ano fazendo editoria de política, o Fé foi embora e eu assumir a editoria. Foi nessa época que passamos mais tempo juntos e fizemos boas reportagens também. Um dia ele chegou com um Fiat 147 que comprara e que se transformou na alegria da família. Um detalhe: de tão velho não tinha a tampa do combustível, além de goteiras no teto do ferro-velho. Mas era a sua alegria para buscar os “neguinhos” dele na escola, e ir para casa ao volante do possante.
Quando soube da notícia de sua morte sentir uma tristeza muito grande no peito. O Fé não tinha manias de grandeza, de superioridade, era uma pessoa simples, de um coração enorme que sempre ajudava alguém com necessidade. Só em conversar com ele, escutando suas peripécias, olhando sua atuação como grande ator da vida, o camarada melhorava de suas dores, fossem elas quais fossem. Era um grande menino brincalhão que nunca se importou com bobagens ou pouca miséria. Se divertia com as próprias dificuldades que passava.
São muitas as histórias do grande Fé. Todos os amigos sabem pelos uma delas. Eu, por exemplo, sei de uma coleção de excelente humor. Vai uma. Certa vez o Fé chega à redação resmungando feito “bode na chuva”, dizendo que seus óculos estava voando. Ele havia comprado uma semana antes. Era daqueles redondinho estilo Ghandi. Sem entender perguntei como isso era possível. Ele respondeu: ao chegar em casa ontem, o Pedro (filho mais novo) quebrou meus óculos e fez cerol para passar em linha de pepeta (pipa), por isso estava voando.
Fé foi um exemplo de humildade, honestidade e caráter. Foi ao encontro de Deus, onde estão outros bambas do jornalismo acreano como Estevão Bimbi, Campos Pereira, Elzo Rodrigues, Everaldo Maia, Hugo Conde, Maia Coelho, Zé Leite, Dadinho, Luis dos Santos, Afonso Marcílio e tantos outros. Como a vida é uma passagem, resta a dizer até logo.
Como nossa amizade ultrapassava duas décadas, sempre que nos encontrávamos era motivo de festa que acabava no boteco mais próximo enxugando geladas. Ele contava empolgado suas novas idéias e sonhos para uma vida melhor. Não tinha medo do trabalho e adorava encarar novos desafios. E, se o desafio fosse para escrever, ele pulava de cabeça, seja qual fosse o trabalho. Gostava de Raul Seixas e se achava uma metamorfose ambulante, um maluco beleza, mudando, criando e recriando peças de vida.
Depois que o Folha do Acre foi explodido nos encontramos no jornal O Aquiry, dos jornalistas Elzo Rodrigues e Hugo Conde (os dois já falecidos). À época, o Estado era administrado pela governadora Iolanda Lima, inimiga dos jornalistas que trabalhavam no Folha. A ordem dela foi direta: se no Aquiry tivesse alguém do Folha suspenderia os repasses mensais de publicidade. O resultado para nós foi o olho da rua.
Não demorou muito tempo voltamos a nos encontrar na TV Acre, afiliada da Rede Globo de Televisão e no jornal O Rio Branco. Na TV fui o responsável pela primeira e única greve deflagrada naquela emissora. Nós trabalhávamos no quadro jornalístico Amazônia em Revista. Quando fui demitido o Fé foi conversar com o Emílio Assmar e também foi colocado na rua na mesma hora. Depois de quase uma semana de paralisação, todos os funcionários foram readmitidos, menos eu, por determinação do chefe maior da Rede Amazônica de Televisão, Philipe Daou.
O tempo passou. Em 1990 nos encontramos novamente para colocar a TV União no Ar. Desvirginamos a TV Bandeirantes no Acre com um jornal ao vivo no final de tarde. O Fé era o editor-chefe. Após quase um ano fazendo editoria de política, o Fé foi embora e eu assumir a editoria. Foi nessa época que passamos mais tempo juntos e fizemos boas reportagens também. Um dia ele chegou com um Fiat 147 que comprara e que se transformou na alegria da família. Um detalhe: de tão velho não tinha a tampa do combustível, além de goteiras no teto do ferro-velho. Mas era a sua alegria para buscar os “neguinhos” dele na escola, e ir para casa ao volante do possante.
Quando soube da notícia de sua morte sentir uma tristeza muito grande no peito. O Fé não tinha manias de grandeza, de superioridade, era uma pessoa simples, de um coração enorme que sempre ajudava alguém com necessidade. Só em conversar com ele, escutando suas peripécias, olhando sua atuação como grande ator da vida, o camarada melhorava de suas dores, fossem elas quais fossem. Era um grande menino brincalhão que nunca se importou com bobagens ou pouca miséria. Se divertia com as próprias dificuldades que passava.
São muitas as histórias do grande Fé. Todos os amigos sabem pelos uma delas. Eu, por exemplo, sei de uma coleção de excelente humor. Vai uma. Certa vez o Fé chega à redação resmungando feito “bode na chuva”, dizendo que seus óculos estava voando. Ele havia comprado uma semana antes. Era daqueles redondinho estilo Ghandi. Sem entender perguntei como isso era possível. Ele respondeu: ao chegar em casa ontem, o Pedro (filho mais novo) quebrou meus óculos e fez cerol para passar em linha de pepeta (pipa), por isso estava voando.
Fé foi um exemplo de humildade, honestidade e caráter. Foi ao encontro de Deus, onde estão outros bambas do jornalismo acreano como Estevão Bimbi, Campos Pereira, Elzo Rodrigues, Everaldo Maia, Hugo Conde, Maia Coelho, Zé Leite, Dadinho, Luis dos Santos, Afonso Marcílio e tantos outros. Como a vida é uma passagem, resta a dizer até logo.
Marcadores: Acre, Fé, Jornalismo
4 Comments:
Pitter, lembra dos carrinhos em madeira que enviamos para uma exposição ´de brinquedos aí em Brasília ??? O pessoal gostou tanto e não devolveram os carrinhos do Fé. Aí o Fé não queria dinheiro, queria sim seus brinquedos de volta. Nem sei como terminou só sei que os carrinhos não voltaram.
Abraços,
Luis Celso
Querida princesa Fania,
obrigado e fico feliz pelo teu apoio. se achar conveniente, por favor, indique os sites, onde saem a publicação, todos os domingos:
www.rettip.blogspot.com
www.agenciaamazonia.com.br
www.folhadoacre.com
como vai a vida em abidjan? espero que tudo bem e que esses caras daí tenham diminuído a sede em vc. rsrsrs!
estou saindo pra síria,
bjs e bom fim de semana,
chagas
O quê será do jornalismo acreano sem o nosso querido irmão Fé em Deus? Certamente, um grande vazio e dor. Como era salutar encontrá-lo e trocar um dedo de prosa com esse iluminado, que a essa hora deve estar lá em cima divertindo São Pedro, reencontando seus velhos parceiros e rindo de nós.
Muitas saudades, querido amigo, saudades...
Chagas Freitas - Beirute
Olá Pitter.
Meu nome é Henry, e trabalhei no Aquiry com meu pai, Hugo Conde.
Bom saber que estás bem e com saúde.
Se lhe for conveniente, entre em contato comigo.
meu e-mail é otrabalhador@hotmail.com
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