PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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sexta-feira, outubro 27, 2006

ACREANA TEM GÊMEOS DE COR DE PELE DIFERENTE

A foto de um casal de gêmeos publicada na capa dos principais jornais do mundo, na quinta-feira (26), não me chamou atenção como um caso raro na ciência. No Brasil, o fato de gêmeos nascerem com cores diferentes de pele, não é tão estranho assim como os cientistas declararam de ser uma chance em um milhão. No Acre, especificamente em Brasiléia, fronteira com a Bolívia, uma brasileira pariu gêmeos, um branco e outro negro. A mãe e as crianças não foram parar em capa de jornal e nem ficaram famosas, como o caso da inglesa que a imprensa deu tanto destaque.

Tenho certeza que o caso do Acre é mais importante do que o inglês. Vou explicar por que: a morena britânica Kerry Richardson, que pariu dia 23 de julho dois garotos de cor de pele diferente, é descendente de nigerianos, enquanto que os meninos nascidos em Brasiléia, os pais são brancos. Leonardo e Cristhian (foto) nasceram de sete meses. Um tem cara de europeu e o outro parece um “curumim” de pele escura.

Especialistas brasileiros revelam que o caso pode ser explicado através de uma ovulação dupla. Na maioria das vezes, quando os gêmeos são idênticos, o mesmo embrião se divide ao meio e dá origem a outros dois, exatamente iguais entre si. Não é o caso da britânica que teria ovulado duas vezes no mesmo mês. Isto é, dois óvulos foram fecundados por diferentes espermatozóides.

A ciência aponta que em 2/3 das gestações gemelares, os gêmeos são bivitelinos, portanto não são idênticos; em 1/3 são univitelinos, portanto idênticos. Os gêmeos não-idênticos são formados pela fecundação de dois óvulos por dois espermatozóides. Na verdade, podem ou não ter o mesmo sexo e equivalem a duas gestações que se desenvolvem ao mesmo tempo e no mesmo ambiente.

Já os univitelinos ou idênticos formam-se quando um único óvulo, fecundado por um só espermatozóide, sofre posteriormente uma divisão. Logo, gêmeos idênticos têm necessariamente mesma carga genética e mesmo sexo.

O que faz diferença nas gestações gemelares é o número de placentas. Quando são duas placentas, uma para cada feto, a gestação é menos complicada, mas será mais complicada se houver apenas uma placenta para os dois fetos. Gêmeos não-idênticos obrigatoriamente têm duas placentas. Entretanto, somente de 10% a 15% dos gêmeos idênticos têm placentas separadas.

E o caso da acreana de Brasiléia? Médicos que acompanharam seu pré-natal afirmam que os gêmeos dividiram a mesma placenta, ou seja, foram fecundados por um óvulo e um espermatozóide apenas. O nascimento dos meninos acreanos, em 2002, não gerou nenhum acontecimento inédito por parte da classe médica brasileira. Pelo sim, pelo não, vale o registro dos gêmeos de cor de pele diferente porque um deles é meu afilhado.

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