JORNALISMO E O MUNDO CÃO
Quando conheci pela primeira vez uma redação de jornal confesso que fiquei extasiado com tantas máquinas de escrever, réguas, calculadoras e muito papel em todos os cantos. As informações de outros estados e do mundo chegavam pela máquina de telex que fazia um barulhinho infernal vomitando fitas de papel furadas. Fax na redação era coisa do futuro, telefone celular e internet eram equipamentos que nunca tínhamos imaginado. Senti que aquilo que observava seria o meu mundo para o resto da vida.
Foi paixão à primeira vista. Estávamos no ano de 1985, saindo do período de chumbo e tortura dos militares. Eu, como centenas de outros jovens, saindo da escola militar. Havia sido obrigado a servir o Exército, porque somente dessa forma poderia ser um legítimo cidadão brasileiro. Não existe situação mais retrógrada num país onde se é obrigado a fazer alguma coisa para ter seus direitos adquiridos.
Nessa época, a vida de jornalista no Acre não valia um vintém. Mas não esqueço que era nessa época que trabalhávamos com paixão e tesão pela arte de escrever, de contar as histórias do cotidiano em página de jornal. Foi durante todo o restante da década de 80 que muitos jornalistas mudaram de profissão para preservar a vida. Vivíamos num estado cruel. Não era nenhuma novidade saber de notícias de que algum jornalista havia sido espancado pela polícia ou estar atrás das grades como criminoso de grande periculosidade. Em algumas vezes, com arma na cabeça, jornalistas eram obrigados a comer as matérias que escreveram sobre alguma pessoa importante que teve seus interesses ilegais revelados no jornal.
As redações eram invadidas. Repórteres fugiam para não morrer. Era um mundo cão. Ainda no período de 80, no Acre havia um tipo de batismo para ser jornalista respeitado. Esse batismo consistia em ser espancado, preso e processado por seus algozes. Este que vos escreve, por exemplo, conseguiu uma coleção de apenas seis processos e algumas cicatrizes pelo rosto. Mas, como havia decidido que a redação de jornal seria meu templo, nunca, em momento algum, pensei em desistir dessa profissão-perigo.
Os tempos mudaram. Hoje o maior inimigo da liberdade de imprensa é o próprio Estado. É o governo que dita regras, que censura e que manda e desmanda na linha editorial dos veículos de comunicação do Acre. Com dinheiro nosso, do contribuinte, que o governo gasta uma fortuna para que a população não veja a verdadeira face de um estado pobre e miserável.
É o governo que persegue jornalista, ameaça e tortura sob o jugo do poder. Se antes tínhamos a coragem e a liberdade, mesmo colocando a vida em risco, de escrever reportagens para o bem comum da sociedade, hoje vivemos sob a égide do medo do desemprego. A regra desse governo é clara: “se não estás comigo, estás contra migo”. É a tal regra da palmatória.
Com pouco mais de 20 anos de profissão continuo inflexível com os mesmos propósitos que delineei quando coloquei os pés pela primeira vez numa redação. Minha luta não é contra governos corruptos e seus corruptores. Meu objetivo de vida é pelo bem-comum da sociedade, e nesse contexto, não tenho dúvidas de que viver terá valido mais do que um vintém.
Foi paixão à primeira vista. Estávamos no ano de 1985, saindo do período de chumbo e tortura dos militares. Eu, como centenas de outros jovens, saindo da escola militar. Havia sido obrigado a servir o Exército, porque somente dessa forma poderia ser um legítimo cidadão brasileiro. Não existe situação mais retrógrada num país onde se é obrigado a fazer alguma coisa para ter seus direitos adquiridos.
Nessa época, a vida de jornalista no Acre não valia um vintém. Mas não esqueço que era nessa época que trabalhávamos com paixão e tesão pela arte de escrever, de contar as histórias do cotidiano em página de jornal. Foi durante todo o restante da década de 80 que muitos jornalistas mudaram de profissão para preservar a vida. Vivíamos num estado cruel. Não era nenhuma novidade saber de notícias de que algum jornalista havia sido espancado pela polícia ou estar atrás das grades como criminoso de grande periculosidade. Em algumas vezes, com arma na cabeça, jornalistas eram obrigados a comer as matérias que escreveram sobre alguma pessoa importante que teve seus interesses ilegais revelados no jornal.
As redações eram invadidas. Repórteres fugiam para não morrer. Era um mundo cão. Ainda no período de 80, no Acre havia um tipo de batismo para ser jornalista respeitado. Esse batismo consistia em ser espancado, preso e processado por seus algozes. Este que vos escreve, por exemplo, conseguiu uma coleção de apenas seis processos e algumas cicatrizes pelo rosto. Mas, como havia decidido que a redação de jornal seria meu templo, nunca, em momento algum, pensei em desistir dessa profissão-perigo.
Os tempos mudaram. Hoje o maior inimigo da liberdade de imprensa é o próprio Estado. É o governo que dita regras, que censura e que manda e desmanda na linha editorial dos veículos de comunicação do Acre. Com dinheiro nosso, do contribuinte, que o governo gasta uma fortuna para que a população não veja a verdadeira face de um estado pobre e miserável.
É o governo que persegue jornalista, ameaça e tortura sob o jugo do poder. Se antes tínhamos a coragem e a liberdade, mesmo colocando a vida em risco, de escrever reportagens para o bem comum da sociedade, hoje vivemos sob a égide do medo do desemprego. A regra desse governo é clara: “se não estás comigo, estás contra migo”. É a tal regra da palmatória.
Com pouco mais de 20 anos de profissão continuo inflexível com os mesmos propósitos que delineei quando coloquei os pés pela primeira vez numa redação. Minha luta não é contra governos corruptos e seus corruptores. Meu objetivo de vida é pelo bem-comum da sociedade, e nesse contexto, não tenho dúvidas de que viver terá valido mais do que um vintém.
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