PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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quinta-feira, maio 29, 2008

AUSÊNCIA

Vinícius de Moraes

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

terça-feira, maio 27, 2008

UNASUL a Utopia

Do blog do acreucho

O Presidente Lula da Silva e outros alucinados da América do Sul criaram a UNASUL, União de Nações Sul-Americanas, segundo o visionário mor, Luiz, seria igual e teria a mesma “força” da União Européia.

As “potências” que compõe a UNASUL são Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, tendo como observadores o México e o Panamá. O Chaves não vai gostar do nome da Venezuela estar em ultimo lugar.

Luiz pirou de vez e quer criar uma moeda única, como o Euro na União Européia. Qual seria o nome dessa moeda? Realsul, Surreal, Realvene (em homenagem ao Chaves), Rebovene, Doeusul, Lulavez, Suramelu, Pesoreal? São tantas as hipóteses que a gente fica meio perdido. O concurso está aberto para escolher o nome da nova moeda para a UNASUL.

Que estabilidade financeira tem a América do Sul, pra tentar impor uma moeda própria? Temos aqui no Brasil, apenas uma indicação de segurança para investimentos e não temos investidores, temos um bando de aproveitadores que lucra às nossas custas, sugando os nossos recursos. Somos reféns da empresas Multinacionais que à todo momento chantageiam o governo ou subornam altos funcionários.

Nelson Jobim quer criar um Conselho de Segurança da UNASUL, certamente com a idéia de distribuir “Justiça” na América do Sul.

O Jobim enlouqueceu. Que conselho de segurança? No Brasil e nos outros países, segurança é uma palavra que não existe no dicionário, todos, inclusive o Brasil, não conseguem nem fazer a sua própria segurança interna, políticos corruptos, quadrilhas de delinqüentes, crime organizado e desorganizado, guerrilheiros e terroristas, assolam todas as nações da América do Sul.

As atribuições dos países do bloco de “potências” do 3º Mundo seriam:

Brasil: Curso de incompetência administrativa em saúde e educação e Curso Superior em Corrupção Ativa e Passiva.

Venezuela: Curso de Como odiar e ser odiado por seus vizinhos, Curso Intensivo de como perder referendos, Curso de Fanfarronice para Presidentes sem experiência.

Bolívia: Aprenda a não produzir nada e a ser o primeiro em instigar seus habitantes a lutas internas.

Argentina: Maradona dará curso intensivo de como “não” se joga futebol e como fazer para ser um “péssimo” atleta e exemplo para os jovens (até Romário foi melhor que Maradona), Curso aprenda arrogância em dez lições com os argentinos.

Paraguai: Curso de aprendizagem em exportar produtos falsificados.

Equador: Seu presidente é mais arrogante e soberbo que o Lula, aprenda com ele.

Os outros, sinceramente, nem dá pra comentar.

Realmente, neste país de meu Deus, se gasta dinheiro com cada coisa!

Imaginem o Lula ao invés de procurar levar o Brasil ao nível das grandes potências mundiais, resolveu criar uma União de potências nanicas, composto por republiquetas de terceiro mundo, com sistemas de governo controversos e autoritários. Onde se encontra de tudo produtores de drogas, produtores e exportadores de nada e dirigentes de conduta altamente duvidosa, os quais absolutamente não se entendem, por causa do degrau cultural existente entre eles.

As matérias primas existentes por aqui, são vendidas “in natura”, para outras nações produzirem os produtos manufaturados e novamente venderem a nós, com lucros estratosféricos para eles.

Todos os governos estão atolados em corrupções e falcatruas.

Sugiro que falemos a mesma língua, o Portanhol. Não, teria que ser o Português, porque o Lula não gosta de aprender idiomas estrangeiros.

Certamente, uma empreitada dessas, pode até sair do papel, pois, já foi feito o anúncio, mas na prática, dificilmente poderá surtir algum efeito.

As grandes potências estrangeiras, que têm interesse na América do Sul, vão boicotar de todas as maneiras.

Este tipo de associação só poderá ter sucesso, se os objetivos forem convergentes, o que não acontece na América do Sul, onde há os mais diversos tipos de governantes, culturas e interesses.

É fruto apenas da mente megalomaníaca de Lula´s e Chaves´s, Evo´s e outros.

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sexta-feira, maio 23, 2008

UNIVERSIDADE DO MERCOSUL

A implantação da Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila) poderá receber o apoio de todos os Parlamentos dos países que compõem o Mercosul. A sugestão foi feita pelo senador paraguaio Modesto Guggiari, durante a primeira reunião realizada no Brasil da Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Esporte do Parlamento do Mercosul.

Durante a reunião, presidida pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), a proposta de criação da nova universidade - estabelecida em projeto de lei do Poder Executivo em tramitação na Câmara dos Deputados - foi apresentada pelo professor Célio Cunha, membro da comissão de implantação da Unila.

Segundo Cunha, a nova universidade começará a funcionar no segundo semestre de 2009 e deverá contar com 500 professores e 10 mil alunos, metade dos quais serão brasileiros. O conteúdo será ministrado em português e espanhol e o ensino não será "compartimentado", como observou o professor, mas interdisciplinar. Deverão receber ênfase especial cadeiras ligadas ao processo de integração regional. E o projeto arquitetônico deverá receber a assinatura de Oscar Niemeyer.

Após ouvir a exposição, o deputado uruguaio Doreen Ibarra admitiu que ainda não tinha ouvido falar da criação da universidade, mas declarou sua "solidariedade absoluta" com a proposta. Da mesma forma, o estabelecimento da Unila, que ficará em Foz do Iguaçu, foi classificado pela senadora argentina Sonia Escudero como uma "iniciativa extraordinária", principalmente pelo fato de a universidade se situar na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai e "no coração da maior reserva de água potável no planeta", observou.

A cada semana, desde 2005, crianças brasileiras e argentinas que vivem em cidades como Uruguaiana (RS) e Paso de los Libres têm uma experiência diferente: no lugar dos professores de suas próprias escolas, são os professores do país vizinho que estão na sala de aula.

As escolas envolvidas estão nas chamadas "cidades gêmeas", bem próximas umas das outras e situadas na área de fronteira. O programa começou com alunos da primeira série e agora já alcança as de até quarta série do ensino fundamental. O programa foi criado a partir de um acordo firmado com a Argentina, durante a gestão no Ministério da Educação do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), e deverá ser estendido em breve a países como Paraguai, Uruguai e Bolívia.

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terça-feira, maio 20, 2008

O CUPUAÇU É NOSSO

O cupuaçu agora é uma fruta legitimamente brasileira. Segundo reportagem da Agência Brasil, a determinação está prevista na lei número 11.675, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (20). A patente do cupuaçu era questionada pelo Brasil no exterior.

A árvore do cupuaçu, o cupuazeiro, é nativa da Região Amazônica, em particular do nordeste do Maranhão.

Um dos principais produtos dessa fruta é o chocolate de cupuaçu, que já pode ser encontrado em diversas capitais do país e começa a ser exportado para vários países.

Em 2004, uma campanha acreana mobilizou o país contra o uso indevido do nome da fruta.

Em março deste ano, a Comissão de Constituição de Justiça e de Cidadania (CCJ), aprovou em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 2639/03, do Senado, que classifica o cupuaçu como fruta nacional. O objetivo é evitar seu uso indevido por outros países.

O projeto é resultado da campanha acreana "O Cupuaçu é Nosso", que resgatou ao patrimônio brasileiro a marca cupuaçu patenteada por multinacionais. Em 2004, o Brasil retomou o domínio popular do fruto depois que o Escritório de Patentes do Japão cancelou o registro da marca feito pelas empresas japonesas Asahi Foods e Cupuaçu Internacional. Foi necessária uma representação do governo brasileiro na Organização Mundial de Comércio (OMC) para garantir ao país o direito de uso do nome do cupuaçu.

A campanha, idealizada pela ong AmazonLink, mobilizou o país na luta contra a biopirataria e obteve sucesso em várias frentes.

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sexta-feira, maio 16, 2008

“PERCO A CABEÇA, MAS NÃO PERCO O JUÍZO”

Isaac Melo
Do http://almaacreana.blog.terra.com.br

Nossa mente pequena às vezes não permite ver além do nosso próprio nariz. Sempre olhei meio receoso e com um pé atrás em relação à Marina Silva. Foi preciso os outros abrirem nossos olhos. A voz que o Brasil vergonhosamente não quis escutar o mundo o revelou. E não se trata de exagero. Talvez ninguém acreditasse que uma mulher com uma história de vida como a dela, seringueira, saída lá das barrancas do Acre, fosse se tornar uma das mulheres mais respeitadas deste país e uma das mais renomadas do mundo na atualidade.

O fato do pedido de afastamento da então ministra Marina Silva, não deve ser interpretada apenas como uma grande perda a nível político estatal. E daí podemos chegar algumas conclusões. Em primeiro lugar significa antes de tudo, que o Brasil está doente e muito doente e, reluta em não querer tomar o remédio apropriado. Sua doença chama-se Complexo de Superioridade Econômica, isto é, querer se tornar um país de primeiro mundo, um país do futuro, quando ainda não saiu do atraso das desigualdades sociais. Sua política do biocombustível é o seu maior sintoma e, se tornou a bandeira de um governo que já entrou no poder doente.

A política do biocombustível é exclusivista e elitista, a única coisa que visa para os pobres é a exploração de sua mão-de-obra barata para o corte da cana e, se brincar nem isso, pois aos poucos estão sendo substituídos pelas grandes e sofisticadas máquinas de colheitadeiras. Progresso para quem? Para os mesmos de sempre.

Hoje este governo não é mais esperança de ninguém (se é que foi algum dia) a ser não (talvez) da grande massa de pobres ludibriados, que são letargiados pelos programas assistencialistas, que enchem a barriga (o que é bom), mas não dá nenhuma perspectiva de uma vida melhor onde eles possam ter o seu próprio emprego e conseguir seu próprio pão, sem precisar mendigar aos governos. A isso eles chamam de progresso; a isso eles chamam de crescimento econômico do país. É verdade, estamos crescendo tanto para cima quanto para baixo. Se esquecem, no entanto que o progresso a todo custo tem um custo, um custo muito alto para o Brasil.

Em segundo lugar, a saída da ministra Marina Silva significa que estamos muito mal na política ambiental. Não é preciso ser especialista, basta querer enxergar para constatar essa realidade. Estamos arrendando o Brasil para grandes latifundiários e a agricultura de grande porte. Cercaram o Brasil. E o infeliz dos sem-terras quando invadem essas propriedades, são tachados pela mídia (maldita as Globos da vida, Fátimas e Bonners..) como vagabundos desordeiros que atrapalham o “desenvolvimento” do país. Sem dúvida logo mais não será mais preciso se preocupar com a Amazônia, pois esta já não existirá mais. Terá sido tragada pelas monoculturas, principalmente a de soja, ou pelo pasto para os bois dos “patrões” do Brasil. Infelizmente neste país Meio Ambiente é sinônimo de progresso e de lucro, quando deveria ser questão vital de sobrevivência de todos os seres vivos e principalmente de amor à própria espécie humana, que dá a cada dia um passo a mais, rumo ao cadafalso, onde a humanidade já precipita com a corda no pescoço. Infelizmente aqui os bois valem mais que gente. Para os bois: ração importada; para os pobres: as sobras das mesas dos “coronéis” do capitalismo enfastiados. Creio que não é preciso nem falar de desmatamento, de queimadas, de transgênicos, de aquecimento global, de extinção de espécies animais e vegetais, etc., pois estas até os imbecis já não duvidam e não discutem.

O que é triste é saber que somos tão ricos em biodiversidade e tão pobres de mente. Não aprendemos a cuidar daquilo que pertence e que diz respeito diretamente a nossa própria vida e de toda a humanidade. O problema do Brasil é o grande número de mentes pequenas, de mentes medíocres e, falta de visão de conjunto, de relações. Estamos ainda naquela fase do homem erectus, só vemos nosso próprio umbigo, focamos apenas num individualismo exacerbado, onde o mercado diz quem vai comer bem ou quem vai virar lata de lixo em busca de pão.

Pode-se perceber ainda nesse ato de renúncia da ex-ministra Marina Silva, um sinal de que o governo não suporta mais o próprio governo. E para este, seria mais honroso se desse o rosto à cusparada, a preferir se esconder numa máscara que já não se ajusta mais ao seu tamanho. Não se trata de endeusar a Marina Silva e se aproveitar desse momento para enaltecer exacerbadamente a um e colocar o outro como escória do Brasil. Trata-se de perceber como cuidamos mal de gente, como cuidamos mal do meio ambiente, como cuidamos mal de nós mesmos. E fico pensando seriamente se o político brasileiro sabe o que é política e se alguma vez já se questionou pelo bom senso, pelo direito e pela justiça.

Finalizo rememorando as palavras da própria Marina que costumava ressaltar “perco a cabeça, mas não perco o juízo”. Pagou caro por isso. No entanto, mostrou que na política uma cabeça deve ser regida pelo juízo, isto é, a inteligência e o bom senso e não com bases em projeções e estatísticas. Pois é preferível morrer como covarde, do que de fato o ser. É preferível sair como derrotado, quando se entende por vitória uma luta na qual o combatido é a própria consciência...

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AFINAL, QUEM É O PINÓQUIO?

Chico Araújo
Da http://www.agenciaamazonia.com.br/

Como se diz no adágio popular, a mentira tem pernas curtas. O episódio da demissão da Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente é a confirmação da assertiva.

A demissão chegou à imprensa na terça-feira e Carlos Minc, então secretário de Meio Ambiente do Rio, já estava confirmado para o cargo. Com o aval de Lula e com as benções do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Na quinta-feira, Minc afirmou ter sido ‘intimado’ por Lula e Cabral a aceitar o cargo de ministro.

“O presidente falou comigo três vezes e o governador Sérgio Cabral quatro vezes e me colocaram como uma intimação. Realmente o meu interesse não era esse, eu tenho um mandato parlamentar, sou secretário do Rio, gosto do Rio, e tenho um compromisso [com o Estado]”, disse Minc em entrevista à rádio BandNews FM, em Paris.

Mesmo assim, os aliados do ex-governador Jorge Viana não fizeram cerimônia. Passaram a vender aos quatro cantos a idéia de que ele [Jorge Viana] havia sido convidado por Lula para o lugar de Marina. A dedução era muito simples. O irmão dele, o senador Tião Viana, conversara com Lula na terça. E, de madrugada, Jorge pegaria o avião no Acre e viria para Brasília, onde, teria um encontro com o presidente. De fato, a reunião com Lula aconteceu. Mas Jorge, mais uma vez, não virou ministro, e saiu com a explicação abaixo:

“Cheguei a um consenso com o presidente Lula ontem de manhã que meu nome deveria estar fora das questões por circunstâncias locais, daqui a pouco tem eleição”, disse Viana. “Foi uma conversa de amigo”, acrescentou, em tom lacônico, ao deixar o Planalto. Se fosse só ‘uma conversa de amigos’ Jorge precisava pegar um avião de madrugada no Acre e se mandar para Brasília?. Isso é que ter saudade de um amigo!

À noite no Jornal da Globo, o próprio Lula põe fim às bravatas criadas em torno do ‘quase ministro’ Jorge Viana. “Não conversei com o Jorge Viana. O Jorge Viana veio aqui para outro assunto”.

O fato estava esclarecido e o correto, então, seria encerrá-lo já que Carlos Minc era o ministro. Mas não foi isso o que aconteceu. Jorge Viana manteve sua versão. Disse à Folha que para evitar um confronto com Marina preferiu ficar no Conselho de Administração da Helibras — fabricante de helicópteros. Mas que confronto seria esse?

Mais uma vez, Jorge falou do encontro com Lula. Disse que para evitar desconforto para ele [Jorge Viana] e para Lula, os dois haviam decidido não falar sobre ‘o convite’. Só que, pelo visto, o ex-governador esqueceu-se de combinar isso com o presidente. À noite, no Jornal da Globo, Lula foi taxativo: “Não conversei com Jorge Viana”.

Nem mesmo com o desmentido de Lula em rede nacional, Jorge não desistiu de vender a idéia de que ‘recusou o convite’ para substituir Marina. Alegou, segundo a Folha, que a ‘recusa’ seria porque pretende sair candidato a senador em 2010 e tempo que teria para ficar no ministério seria muito curto. Pela lei, se fosse ministro, Jorge teria que largar o cargo até abril de 2010 para ser candidato nas eleições de outubro.

Esses são os fatos. E, diante deles, cabe a seguinte indagação:
Afinal, quem é o Pinóquio nessa história? Lula ou Jorge Viana?

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quarta-feira, maio 14, 2008

Carta de demissão da ministra Marina Silva

Caro presidente Lula:

Venho, por meio desta, comunicar minha decisão em caráter pessoal e irrevogável, de deixar a honrosa função de Ministra de Estado do Meio Ambiente, a mim confiada por Vossa Excelência desde janeiro de 2003. Esta difícil decisão, Sr. Presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal.

Quero agradecer a oportunidade de ter feito parte de sua equipe. Nesse período de quase cindo anos e meio esforcei-me para concretizar sua recomendação inicial de fazer da política ambiental uma política de governo quebrando o tradicional isolamento da área.

Agradeço também o apoio decisivo, por meio de atitudes corajosas e emblemáticas, a exemplo de quando, em 2003, Vossa Excelência chamou a si a responsabilidade sobre as ações de combate ao desmatamento na Amazônia, ao criar o grupo de trabalho composto por 13 ministérios e coordenado pela Casa Civil. Esse espaço de transversalidade de governo, vital para a existência de uma verdadeira política ambiental, deu início à série de ações que apontou o rumo da mudança que o País exigia de nós, ou seja, fazer da conservação ambiental o eixo de uma agenda de desenvolvimento cuja implementação é hoje o maior desafio global.

Fizemos muito: a criação de quase 24 milhões de hectares de novas áreas de conservação federais, a definição de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade em todos os nosso biomas, a aprovação do Plano Nacional de Recursos Hídricos, do novo Programa Nacional de Florestas, do Plano de Ação Nacional de Combates à Desertificação e temos em curso o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

Reestruturamos o Ministério do Meio Ambiente com a criação da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro; com a melhoria salarial e realização de concursos públicos que deram estabilidade e qualidade à equipe; com a completa reestruturação de equipes de licenciamento e o aperfeiçoamento técnico e gerencial do processo. Abrimos debate amplo sobre as políticas socioambientais por meio da revitalização e criação de espaços de controle social e das conferências nacionais de Meio Ambiente, efetivando a participação social na elaboração e implementação dos programas que executamos.

Em negociações junto ao Congresso Nacional ou sem decretos, estabelecemos ou encaminhamos marcos regulatórios importantes, a exemplo da Lei de Gestai de Florestas Públicas, da criação da área sob limitação administrativa provisória, da regulamentação do art 23 da Constituição, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, da Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. Contribuímos decisivamente para a aprovação da Lei da Mata Atlântica.

Em dezembro último, com a edição do Decreto que cria instrumentos poderosos para o combate ao desmatamento ilegal e com a Resolução do Conselho Monetário Nacional, que vincula o crédito agropecuário à comprovação da regularidade ambiental e fundiária, alcançamos um patamar histórico na luta para garantir à Amazônia exploração equilibrada e sustentável. É esse nosso maior desafio. O que se fizer na Amazônia Serpa, ouso dizer, o padrão de convivência futura da humanidade com os recursos naturais, a diversidade cultural e o desejo de crescimento. Sua importância extrapola os cuidados merecidos pela região em si, e revela potencial de gerar alternativas de resposta inovadora ao desafio de integrar as dimensões social, econômica e ambiental de desenvolvimento.

Hoje, as medidas adotadas tornam claro e irreversível o caminho de fazer política socioambiental e da economia uma única agenda, capaz de posicionar o Brasil de maneira consistente para operar as mudanças profundas que, cada vez mais, apontam o desenvolvimento sustentável como opção inexorável de todas as nações.

Durante essa trajetória, Vossa Excelência é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade. Ao mesmo tempo, de outros setores tivemos parceria e solidariedade. Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoa. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para a agenda ambiental.

Tenho o sentimento de estar fechando um ciclo cujos resultados foram significativos, apesar das dificuldades. Entendo que a melhor maneira de continuar contribuindo com a sociedade brasileira e o governo é buscando, no Congresso Nacional, o apoio político fundamental para a consolidação de tudo o que conseguimos construir e para a continuidade da implementação política ambiental.

Nosso trabalho à frente do MMA incorporou conquistas de gestões anteriores e procurou dar continuidade àquelas políticas que apontavam para a opção do desenvolvimento sustentável. Certamente, os próximos dirigentes farão o mesmo com a contribuição deixada por esta gestão. Deixo seu governo com a consciência tranqüila e certa de, nesses anos de profícuo relacionamento, termos feito algo de relevante para o Brasil.

Que Deus continue abençoando e guardando nosso caminhos.

Marina Silva.

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quarta-feira, maio 07, 2008

MEDO DA MORTE

Quando era criança tinha muito medo da morte. Vivia assustado o tempo todo. Não era o medo de morrer, isso nem sabia o que era. Meu pavor aumentava quando ia para a escola. Morava no final da Rua 6 de Agosto, exatamente às margens do Igarapé Judia. Da minha casa para a escola Maria Angélica de Castro andava uns três quilômetros, era um tanto longe para uma criança ir a pé. Mas não havia outro jeito.

O pavor que comentei acima começava por volta das seis horas da manhã. Ao chegar às primeiras casas da rua entrava no ar o programa Mundo Cão, levado ao ar pelo radialista Estevão Bimbi, através da Rádio Difusora Acreana. O programa era líder de horário absoluto. As casas, por onde passava, estavam todas de janelas abertas e seus moradores ouvindo o Mundo Cão, programa policial onde o locutor fazia questão de gritar quando havia assassinatos, estupros e outras coisas do gênero.

Era de lascar. Mas, o que mais me atormentava mesmo, era quando Estevão Bimbi tocava As Profecias de Frei Damião. Ai meu amigo era tortura para ninguém botar defeito. Naquele tempo, início dos anos 70, o misticismo ainda era muito grande e tudo que se falava sobre profecia era verdade, verdadeira. Todo o dia era a mesma coisa. Eu com minhas canelas finas apressava o passo para chegar mais rápido na escola. Mas que nada, quanto mais andava mais o medo crescia.

Além das várias profecias de Frei Damião dando conta das tragédias que iriam acontecer, surgiu um boato de que o mundo iria se acabar no ano 2000 e que ninguém escaparia. Isso para mim era um fim antecipado. Sabia exatamente a idade que iria bater a biela. Achava uma injustiça morrer aos 35 anos. Como era difícil viver nessa situação. Só depois de uns 10 anos fiquei sabendo que essa história não seria real. Que alívio.

Estevão Bimbi tinha um vozeirão e iniciava o programa dele com essas palavras: VOCÊ QUE TEM NERVOS FRACOS OU PROBLEMAS NO CORAÇÃO, DESLIGUE AGORA SEU RÁDIO, ESTÁ COMEÇANDO O MUNDO CÃO. Confesso que sofri, confesso que chorei com tanto terrorismo na minha cabeça. Hoje não tenho mais medo da morte, nem do fim do mundo.

Ainda sobre Frei Damião e o fim do mundo, diziam que teria dito que a casa que não tivesse três pedras de carvão embaixo do pote da cozinha estava condenada. E tome gente a arrebentar piso e cavar em busca destas pedrinhas.

Alguém lembra das cruzes de palhas de coqueiro que as pessoas levavam para serem abençoadas pelo padre na missa no Domingo de Ramos? Pois é. Dizem que depois de abençoadas as cruzes deveriam ser coladas na porta da frente da casa. Desta maneira ficariam livres de todo os males.

Pois é, infelizmente Frei Damião morreu e Estevão Bimbi também. Eu, vivíssimo, para contar a história.

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LEMBRANÇAS

Busco na imaginação lembranças de minha infância sofrida. Encontro, claro, milhares delas. Mas somente com fotografias elas voltam à realidade como se fosse agora, nesse momento. Um filme volta na cabeça da gente e tudo que foi congelado naquela instante, não importa em que tempo, está à sua frente novinho em folha. Pessoas conhecidas e lugares desbravados estarão sempre impressos num papel chamado fotografia. São esses momentos eternizados num pedaço de papel que nos alegra o coração e a alma.

Nunca devemos esquecer o passado, sobretudo para lembrar as coisas boas e evitar cometer as mesmas ou idênticas falhas. Não podemos esquecer de todos aqueles que conosco se cruzaram e que, talvez, não tivessem merecido da nossa parte a melhor atenção.

E como nas fotografias aparecem alguns que já partiram, é importante recordá-los e, sobretudo, aprender que temos de tirar o maior proveito e alegria da oportunidade que nos foi dada de viver e conviver com tantos e tão bons amigos.

A foto acima representa um conjunto de recordações de muitos amigos. Alguns se foram desse mundo terreno. Nos deixaram lembranças quando partiram para o andar de cima sem avisar. O retrato foi feito no início da década de 80, durante uma das reuniões de consolidação da Teologia da Libertação, pregada pela Igreja Católica. Nesse congelamento do tempo estão várias personalidades. Entre elas, eu, lutando pela criação do Partido dos Trabalhadores.

Não faz muito tempo vi essa foto estampada numa reportagem especial no jornal Página 20, falando sobre os 20 anos de fundação do PT. Até gostaria de ter uma cópia desse material. Como uma foto vale mais do que mil palavras, eis uma imagem rara da criação do PT em Plácido de Castro. Nela aparecem religiosos, agricultores, educadores, lideranças sindicais entre outros. Se olhar com atenção, com certeza, irá reconhecer alguém.

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terça-feira, maio 06, 2008

PRESENÇA

Marcos Afonso*

A embarcação rude
Rasga o líquido barrento
De águas calmas e tranqüilas.
Os olhos atentos contrastam
Com os lábios rijos e expostos.
No ar, o gorjear de um pássaro
Faz voltar rapidamente
O crânio selvagem do cabloco
E a selva começa a cantar.
Amanhece
E no meio de tantos ruídos
Rapidamente a tez ignota do ser
Eleva-se em sinal de alegria.
Ao longe, bem ao longe,
Um grito agudo, triste e esfomeado,
Parece saber que lentamente
Vem a presença do pai.

*Marcos Afonso, filósofo, poeta, jornalista e amigo de longas datas, lançou recentemente, seu blog Varal de Idéias, que tem como princípio ético preservar e promover a vida.

A foto que ilustra o post feita por mim durante uma campanha eleitoral em Rio Branco. Marcos Afonso, com seu jeito simples de ser, fazia campanha de bicicleta.

Marcos Afonso foi uma das pessoas que acreditou em mim num momento muito difícil da minha vida. Em um certo período, época do movimento estudantil no início da década de 80, me levou para morar com ele na casa de sua mãe. A regra era a seguinte: quem chegasse primeiro em casa dormia numa pequena cama no quarto dele, o segundo a chegar da rua o destino era o sofá da sala. Geralmente fazíamos de tudo para chegar por último.

Marcos Afonso foi e, continua sendo, uma das pessoas que mais respeito e admiro desde quando me entendo por gente. Depois conto mais sobre o tumultuado movimento estudantil, ditadura militar e, claro, um sentimento chamado amizade.

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O HOMEM APAIXONADO

Alan Rick Miranda *

Como é tolo o homem apaixonado...
Perde-se em devaneios e encantamentos...
É manipulável... Frágil... Desleixado.
Traem-lhe as idéias e o discernimento!

De uma tristeza sua face se invade
Seu olhar é perdido e sem destino
No peito, se lhe bate uma saudade...
Chora com um pranto de menino...

Como é tolo o homem apaixonado!
Que se encanta por coisinhas tão pequenas
Gotas de chuva no telhado...
Rosas, margaridas, alfazemas...

E por estar assim... ensimesmado...
Busca o amparo de um sorriso
Um abraço... um afago, por mais vago...
Trazem-lhe o consolo tão preciso.

O homem apaixonado não é nada
E é tudo e tanto ao mesmo tempo...
Tem seu leito nas alcovas ou calçadas...
Seja grande ou pequeno o seu tormento.

E por mais que lhe confortem os amigos
Seu desejo é como brasa incandescente
E essa agrura só aflige a quem sofrer
Da mesma dor que o apaixonado sente.

Alan Rick Miranda, poeta, cronista e jornalista acreano.

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segunda-feira, maio 05, 2008

PIRENÓPOLIS: A CIDADE IMPERIAL

Pirenópolis é uma pequena e agradável cidade histórica, fundada em 1727 pelos Bandeirantes. Fica a 150 km de Brasília e a 130 km de Goiânia. Suas atrações são os edifícios históricos de arquitetura colonial, as inúmeras belas cachoeiras e as festas populares tradicionais.

Entre os edifícios coloniais destacam-se a Igreja da Matriz Nossa Senhora do Rosário, a mais antiga do estado de Goiás, construída entre 1728 e 1732.

As cachoeiras, em número de mais de vinte, localizam-se num raio de 15 km da cidade. O ingresso é cobrado, sendo geralmente na faixa de 5 a 15 reais por pessoa. Consideramos imperdíveis duas cachoeiras: a do Lázaro e a de Santa Maria (também conhecida como Cachoeira do Inferno), ambas localizadas numa mesma propriedade particular, a Reserva Ecológica Vargem Grande.

Dentre as festas populares, destaca-se a Festa do Divino Espírito Santo, que acontece 45 dias após a Semana Santa. A festa, com suas cavalhadas, é considerada uma das maiores atrações folclóricas da América do Sul. Há também a Romaria à Serra dos Pireneus, na 1ª semana de julho.

Outros edifícios históricos, além da Igreja Matriz, incluem a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, de 1750; a Igreja e Museu Nossa Senhora do Carmo; o Teatro Pirenópolis, de 1899; a Casa da Rua Direita, de 1852; e a Fazenda Babilônia, com um belo casarão colonial.

Pirenópolis é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.

O Santuário Vaga Fogo, a 6 km da cidade, é um local que abriga grande variedade de pássaros e animais silvestres. Vale a pena ser visitado.

A cidade já se chamou Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte. "Meia Ponte" porque metade de sua ponte (sobre o Rio das Almas) foi levada por uma enchente. Passou a se chamar Pirenópolis em 1890, por estar entre duas grandes elevações que formam a Serra dos Pireneus. Aliás, outro ponto turístico é justamente o pico central dos Pireneus, com 1.385 metros de altura, e que fica a apenas 18 quilômetros.

A cidade é apelidada de "Piri", e muitas vezes é chamada erroneamente de "Pirinópolis".

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